Paul Kantner em show do Jefferson Airplane, em 2007: (REUTERS/Robert Galbraith)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2016 às 14h54.
Paul Kantner, guitarrista e cofundador da banda pioneira de rock da era psicodélica dos anos 1960 Jefferson Airplane, faleceu na quinta-feira aos 74 anos em San Francisco.
Kantner morreu por falência múltipla dos órgãos, depois de sofrer um ataque cardíaco, noticiou o jornal San Francisco Chronicle, citando a representante e amiga do músico, Cynthia Bowman.
Com sucessos como "Somebody to Love" e "White Rabbit", os Jefferson Airplane escreveram músicas que se tornaram hinos para o movimento hippie e para o memorável "Verão do amor". Nele, milhares de jovens tomaram São Francisco, em 1967.
Esses ícones da contracultura americana foram escolhidos para liderar o Festival de Woodstock, em 1969.
Nos anos 1980, Kantner viajou para a Nicarágua para conhecer de perto o processo da revolução sandinista e deste périplo ficaram como testemunho um livro e um álbum no qual cantou poemas do guerrilheiro guatemalteco Otto René Castillo.
A Academia de Gravação (Recording Academy), que deveria premiar a trajetória de Jefferson Airplane no Grammy deste ano, divulgou uma nota, lamentando sua morte.
"A comunidade musical perdeu um verdadeiro ícone", manifestou a Academia, que definiu Kantner como "um gigante do rock/folk e um participante integral da etapa de rock dos 1960".
A Jefferson Airplane foi uma das primeiras bandas a se apresentar no Fillmore Club de Bill Graham, um dos epicentros da música hippie que também viu o nascimento de Grateful Dead, Janis Joplin e The Doors.
Como ícones da contracultura, os Jefferson Airplane foram destaque em dois dos festivais emblemáticos da época, o primeiro deles de Monterrey (Califórnia em 1967), onde a participação da banda de transformou em um álbum ao vivo. Dois anos mais tarde se apresentaram em Woodstock, onde começaram seu show na noite de sábado e terminaram às oito da manhã de domingo.
"Exploração maravilhosa"
Nascido em San Francisco, Kanter teve ao longo de sua vida as mais variadas influências em uma cidade cuja filosofia, como ele mesmo gostava de dizer, era quebrar todas as regras.
Em 1969 escreveu o hino "We Can Be Together" depois de ouvir um lema do nascente movimento das Panteras Negras. "Somos obscenos, não temos lei, odiosos, perigosos, sujos, violentos e jovens, mas devemos permanecer juntos", finaliza a música.
Em uma entrevista desta época à revista Rolling Stone, Kanter não negou que sua música fosse caracterizada como violenta.
"Violenta nos termos de transformar violentamente o que está acontecendo", disse.
Kanter defendia abertamente o consumo de drogas, e particularmente a permissão do uso livre do LSD. Também apoiava a legalização da maconha, enquanto classificava o álcool como o maior perigo.
Sempre descreveu suas viagens com LSD como "o tempo mais formativo da minha vida" e em uma declaração feita no ano passado ao Sarasota Herald-Tribune disse que esta droga psicodélica "me deu o que eu sempre esperei que a religião me desse".
Durante algum tempo Kantner se relacionou com a cantora do Jefferson Airplane Grace Slick, com quem teve uma filha. Seu nascimento inspirou a canção "A Child Is Coming".
Mas depois negou-se a seguir Slick nos anos oitenta na banda Jefferson Starship, cujo emergente som pop leve deu lugar a vários sucessos, mas também foi criticado por sua tendência comercial.