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Amor nos Tempos do Cólera, de García Márquez, chega à China

A primeira versão autorizada em mandarim de "O Amor nos Tempos do Cólera" finalmente chegou ao país


	Gabriel Gárcia Márquez: em 1990, o Nobel de Literatura colombiano chamou os chineses de "piratas" ao descobrir que suas obras eram traduzidas sem autorização
 (Getty Images)

Gabriel Gárcia Márquez: em 1990, o Nobel de Literatura colombiano chamou os chineses de "piratas" ao descobrir que suas obras eram traduzidas sem autorização (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2014 às 20h31.

Pequim - A primeira versão autorizada em mandarim de "O Amor nos Tempos do Cólera", um dos mais famosos romances do escritor Gabriel García Márquez, chegou finalmente à China, um mercado em que durante anos circularam versões ilegais de muitas obras do Nobel de Literatura colombiano.

A professora de espanhol Yang Ling foi encarregada da tradução da obra, de 1985, publicada pela editora Thinkingdom e lançada nesta segunda-feira na estatal Academia Chinesa de Ciências Sociais, em Pequim.

"Com o livro, cada um pode reencontrar seu próprio sentimento do "primeiro amor" e García Márquez aparece como um homem real, de carne e osso, e sentimos profundamente o que ele sente", descreveu Yang à Agência Efe ao comentar a obra célebre, sua primeira tradução de um romance latino-americano.

A professora acrescentou que enquanto "Cem Anos de Solidão" pode ser definido como um livro escrito com "a caneta de Deus", em "O Amor...", "Márquez se revela como Jesus: com um lado humano e um lado divino".

"O que mais me impressionou foi o amor. É um tipo de amor diferente. Os chineses não falam tanto disso porque geralmente somos mais tímidos. García Márquez fala muito do amor. O amor que está em seu livro me comoveu muito. E acaba nos mostrando que é a coisa mais importante da vida e que sem ele não podemos viver", refletiu Yang.

Chen Zhongyi, pesquisador de Filologia Hispânica da Academia de Ciências Sociais da China e que traduziu "Gabo" nos anos 1980, elogiou a tradução lançada hoje e afirmou que "no plano de fundo há muito da história da sociedade (colombiana), mas o mais importante é a imaginação e o estilo de García Márquez".

Por sua vez, a diretora do Instituto Cervantes de Pequim (organismo que colabora com a editora do livro), Inmaculada González, opinou à Efe que a nova tradução é admirável porque durante muitos só se conheciam na China edições não reconhecidas nem por "Gabo" nem por seu agente.


"É um grande passo adiante e também representa um novo momento da situação editorial na China, que cada vez adquire mais direitos de autores estrangeiros e também certamente significa que cada vez serão traduzidos mais autores chineses", opinou González.

O primeiro-secretário da Embaixada da Colômbia na China, Luis Roa, encarregado de Assuntos Culturais, opinou por sua vez que a obra "é um grande presente cultural e literário que "Gabo" dá ao povo chinês e um grande legado literário da literatura colombiana que finalmente se torna oficial".

Em 1990, o Nobel de Literatura colombiano chamou os chineses de "piratas" ao descobrir que suas obras eram traduzidas sem autorização, e reza a lenda entre os hispanistas chineses que afirmou que "nem 150 anos após sua morte autorizaria".

Com o protocolo de 1991 do Convênio de Berna para a Proteção das Obras Literárias e Artísticas, editoras chinesas, primeiro estatais e depois privadas, tentaram adquirir os direitos da obra prima do realismo mágico latino-americano, mas consideraram muito alto o preço que Carmen Balcells, agente de "Gabo", havia estabelecido.

A tradução agora publicada, de Thinkingdom Media Group Ltd, é a terceira que a casa editorial apresenta de García Márquez após ter lançado em maio do ano passado a versão oficial de "Cem Anos de Solidão" e pouco depois o ensaio "No he venido a dar un discurso" (não publicado no Brasil).

"Anteriormente seus trabalhos não haviam sido publicados formalmente, por isso achamos que temos a responsabilidade de publicá-los para contribuir com a melhora da literatura que existe na China e para que os leitores chineses possam conhecer o trabalho de García Márquez", declarou à Efe Liu Cancan, representante da editora. 

*Matéria atualizada às 13h03

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