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Classe econômica básica é opção que passageiro não quer

É um truque de marketing: o objetivo é atrair o consumidor com uma tarifa baixíssima, mas categoria é tão indesejável que muita gente decide pagar mais

Passageiro irritado: companhias aéreas dos EUA criaram uma variedade de opções de bilhetes na classe econômica para aumentar margens (Kritchanut/Thinkstock)

Passageiro irritado: companhias aéreas dos EUA criaram uma variedade de opções de bilhetes na classe econômica para aumentar margens (Kritchanut/Thinkstock)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 20 de novembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 20 de novembro de 2018 às 07h00.

Na hora de comprar passagens aéreas nos EUA, a escolha entre classe econômica e executiva ficou no passado. No esforço incansável de aumentar margens de lucro ínfimas, as companhias aéreas se tornaram vendedoras sofisticadas, criando uma variedade de opções, especialmente na classe econômica. Os viajantes frugais têm à disposição uma passagem ainda mais enxuta. É a classe econômica básica.

Lançada há poucos anos, a passagem básica se consolidou no mercado americano. Na semana passada, a Alaska Air Group introduziu sua versão e a JetBlue Airways planeja uma proposta similar para meados do ano que vem. Entre as grandes do setor, somente a Southwest Airlines não aderiu.

Para quem ainda não encarou, é assim que a econômica básica se distingue: não é permitido troca ou devolução do dinheiro da passagem; algumas empresas permitem escolha de assento (cobrando uma taxa) uma semana ou mais antes da viagem; a maioria das companhias permite uso do bagageiro da cabine para guardar a mala de mão (a United Continental Holdings proíbe); algumas até permitem acúmulo de milhas (Alaska e Delta Air Lines). Mas no fim das contas, todo mundo vai saber quem pagou mais barato: não importa a empresa aérea, os passageiros da classe econômica básica entram no avião por último.

Segundo a presidente da JetBlue, Joanna Geraghty, as tarifas básicas existem porque muitos clientes decidem somente com base no preço. Eles “votaram com o bolso, mostrando que estão dispostos a abrir mão de parte da experiência para pagar o menor preço possível”, ela escreveu em um blog da JetBlue em setembro, alertando que a ausência dessa modalidade colocaria o sucesso da empresa “em risco”.

Mas em última instância, é truque de marketing. O objetivo é atrair o consumidor com uma tarifa baixíssima, mas que torna a classe econômica básica tão indesejável que muita gente decide pagar mais pela passagem tradicional, que é mais cara. A classe econômica básica também oferece impulso permanente à receita de companhias aéreas, que geralmente enfrentam problemas para reajustar tarifas.

Nos EUA, a Delta foi pioneira da classe econômica básica, implementada como defesa contra rivais como Spirit Airlines e Frontier, que têm como carro-chefe as passagens supereconômicas.

A ideia era oferecer preços parecidos em voos diretos em que concorriam, porém com menos benefícios, como a possibilidade de troca.

A classe econômica básica se encaixa em uma tendência do setor de segmentar a aeronave e oferecer benefícios diferentes. No mesmo avião, pode haver classe econômica tradicional, classe econômica com mais espaço para as pernas e classe econômica premium.

A modalidade está sendo oferecida em voos para a América Latina, Caribe e Europa, mas ainda não chegou aos voos mais longos, para América do Sul ou Ásia.

De acordo com Seth Kaplan, editor da publicação setorial Airline Weekly, as vantagens de custo da modalidade diminuem em voos longos e os passageiros consideram refeições e assentos reservados mais importantes à medida que o tempo de viagem aumenta. “Isso também ajuda a explicar porque voos longos de baixo custo não tiveram tanto sucesso quanto os voos curtos de baixo custo”, acrescentou ele.

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