Casual

Ciclismo urbano ganha roupas à altura das bikes sofisticadas

Trajados para pedalar, adeptos do pedal que não ligam para excentricidades, mas fazem questão de qualidade e performance

Ciclista veste peças da brasileira IQcykel. (IQcykel/Divulgação)

Ciclista veste peças da brasileira IQcykel. (IQcykel/Divulgação)

JS

Julia Storch

Publicado em 13 de maio de 2021 às 15h52.

Última atualização em 13 de maio de 2021 às 18h41.

A cidade de São Paulo teve um aumento de 66% nas vendas de bicicleta em 2020 em relação a 2019, de acordo com a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike). O número é 16 pontos percentuais acima da média nacional, de 50%. De acordo com especialistas e ciclistas, a alta das vendas está relacionada à pandemia de coronavírus e o perfil dos novos consumidores de bicicleta pode ser dividido em três tipos: aqueles que passaram a usá-la como meio de transporte, para evitar a aglomeração no transporte público; os que começaram a pedalar como forma de praticar atividade física, já que as academias ficam fechadas em algumas fases da pandemia; e outros que passaram a usar a bicicleta como forma de lazer.

 Quer aprender a investir melhor? Inscreva-se no curso Manual do Investidor da EXAME Academy.

Em paralelo, a última década viu explodir a produção de bikes de luxo, com exemplares fabricados por marcas de segmentos diversos como os da moda e da relojoaria. A francesa Hermès lançou um modelo artesanal de US$ 11 mil, enquanto a manufatura suíça de relógios Hublot pôs no mercado uma edição limitada de 30 bicicletas a US$ 19 mil cada. A joia desse movimento é, sem dúvida, a bike coberta por 600 cristais Swarovski e banhada de ouro 24k no valor de US$ 110 mil.

Adeptos do pedal que não ligam para excentricidades, mas fazem questão de qualidade e performance, chegam a desembolsar dezenas de milhares de reais por modelos de marcas especializadas como Trek, Cannondale ou Scott. Febre entre executivos e empreendedores brasileiros, o ciclismo possuía, no entanto, uma lacuna a ser preenchida no quesito vestuário. Para estar paramentado em sintonia com a sofisticada bicicleta, era preciso recorrer às raras opções nacionais ou a roupas importadas, difíceis de encontrar e caras por aqui. É aí que entra a IQcykel, idealizada por Igor Quintella, designer e dono da Ride IQ, marca carioca de roupas de ciclismo, e pelo empresário Sandro Lucas, fundador da 4cykel, etiqueta capixaba de roupas do mesmo segmento.

Atentos ao gap do mercado, os sócios lançaram a nova etiqueta com a intenção de unir moda e performance, com a sofisticação de um produto premium, design arrojado e matérias-primas de alto padrão. A história saltou aos olhos do empreendedor de moda e tecnologia Felipe Siqueira, cofundador da Oficina Reserva – marca de roupas masculinas que hoje faz parte do Grupo Arezzo – e também um apaixonado pelo esporte.

"Quando chegou a minha primeira jersey da IQcykel, fiquei chocado, parecia um unboxing de um produto gringo. A embalagem era bem pensada e a peça high tech, com QR Code impresso na roupa que linkava para o Strava – app de monitoramento e conexão social dos adeptos do ciclismo. Eu não tinha ideia do tamanho desse segmento de mercado, mas fiquei curioso e fui pesquisar. O que percebi foram pessoas saindo do Brasil para comprar roupas de qualidade na Europa ou ciclistas em bicicletas caríssimas e super malvestidos. Nada disso fazia sentido para mim e resolvi me juntar a esses dois caras que sabem demais desse nicho – ou melhor: dessa comunidade de apaixonados”, conta Siqueira, que vendeu recentemente a sua parte na Oficina Reserva e anda investindo em novos e promissores negócios.

A IQcykel lançou há um mês a sua loja online com peças que vão de uma jersey (R$ 439) – camiseta com tecido ultraconfortável – até um bretele (R$ 619) – bermuda com alças que, na versão feminina, possui um zíper na parte de trás para facilitar o "xixi" no meio da atividade. A perspicaz ideia não surgiu à toa. Hoje, as mulheres representam 40% de todas as compras. "Queremos incentivar cada vez mais as mulheres a entrarem para o esporte desenvolvendo produtos pensados exclusivamente para elas e por elas" diz Quintella. Além das peças de coleção existem as clássicas, que nunca saem de moda, com cores mais básicas.

Outro filão de vendas da IQcykel são as roupas personalizadas, que hoje representam 20% da receita. São grupos esportivos, assessorias, empresas ou mesmo amigos que pedalam juntos e que querem vestir um uniforme "chique". Eles mandam a sua marca e a IQcykel desenvolve um design exclusivo para as peças. "O objetivo é fortalecer cada vez mais esse senso de comunidade e de bem estar que o ciclismo nos oferece. Por isso criamos uma marca para ciclistas de alta, média ou nenhuma performance", explica Lucas. Com a IQcykel, a ordem é pedalar, sempre, mas bem vestido, por favor!

Quer saber sobre o futuro das empresas de moda? Assine a EXAME

 

Acompanhe tudo sobre:BicicletasCiclismoIndústria de roupasModa

Mais de Casual

A Grand Seiko, marca japonesa de relógios de luxo, chega ao Brasil

Velocidade, luxo e lazer: os iates do Boat Show SP que chegam às águas brasileiras

Para além do tic-tacs: Bvlgari apresenta relógios relacionados à música

Um relógio de colecionador: a história do Submariner da Rolex