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Chico Buarque estreia show do novo álbum em BH

Cantor chegou a cantar a versão em rap da música 'Cálice' na esteia de sua nova turnê

Chico Buarque: público cantou junto com o músico (Marcos Rosa/Contigo)

Chico Buarque: público cantou junto com o músico (Marcos Rosa/Contigo)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 12h34.

São Paulo - Criolo é mesmo o homem do ano. Depois de ter lançado um dos melhores álbuns de música brasileira ("Nó na Orelha") e ter feito o show-celebração mais comovente de 2011 no Sesc Vila Mariana, dominar a premiação do VMB e ser cortejado por Caetano Veloso, agora o cantor/compositor/rapper é honrado por Chico Buarque, que foi reverenciado pelo paulistano na versão atualizada de "Cálice" (Chico/Gilberto Gil). A retribuição de Buarque, cantando trecho da letra de Criolo em ritmo de rap na estreia da turnê do novo álbum, anteontem no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, foi o ponto alto de um show redondo com boas surpresas.

No entanto, não é primeira vez que Chico se aproxima do rap - já o tinha feito na embolada "Ode aos Ratos" em 2006 e num dueto com Eugénia Melo e Castro em "Olê Olá", em 2005, nunca lançado. Mesclando todas as dez canções do novo álbum, "Chico", com clássicos que há muito tempo não se canta, como "Baioque", "Desalento" (Chico/ Vinicius de Moraes), "Ana de Amsterdã" (dele e Ruy Guerra), "A Violeira" (Chico/ Tom Jobim), "Choro Bandido" (parceria com Edu Lobo) e "Bastidores", o roteiro é irretocável. Falando pouco, o que se vê em cena é um Chico mais estimulante, leve e solto do que o de seis anos atrás, quando lançou "Carioca".

Ao contrário do anterior, em que a plateia se inquietava com as novas canções, neste show os fãs entre eufóricos e discretos cantam junto todas as novidades, reconhecidas e aplaudidas aos primeiros acordes. Talvez seja o poder de propagação da internet, ou o interesse do público mineiro (mais atento e respeitoso do que as plateias de seus vizinhos do Sudeste), talvez seja a força oculta das próprias canções, como "Rubato" (parceria com Jorge Helder), "Tipo Baião" e o sensacional afro-lamento "Sinhá" (dele e João Bosco) que crescem ao vivo, em ambiente sonoro mais arejado do que na gravação do CD.

O eixo do show são as canções femininas situadas no abstrato "tempo da delicadeza", algumas consagradas por cantoras como Bethânia, Zizi, Fafá, Elba, Elizeth. Cantando lindezas e safadezas como "Terezinha", "Valsa Brasileira" (Chico/Edu Lobo), "Anos Dourados" (dele e Jobim), "Todo o Sentimento" (Chico/ Cristóvão Bastos), "O Meu Amor", "Sob Medida", além das várias personagens das novas canções (Aurora, Amora, Teodora, Nina, Glorinha, Anabela, Maristela, Soraia, Barbarella e as anônimas), Chico faz o mulherio se derreter mais do que o habitual. "Se Eu Soubesse", que ele canta com a atual namorada Thaís Gulin no CD, fez até uma delas sussurrar "uh, que ciúme". Enfim, é bala doce certeira daquele que é conhecido como o compositor que melhor "entende a alma feminina".

Outras canções de tempos recentes, como "De Volta ao Samba", "Futuros Amantes" (ambas de 1993) e "Injuriado" (1998), junto aos clássicos dos anos 1970 e 80, e já no bis uma lá dos primórdios, "Sonho de Um Carnaval" (1965), fundida com "A Felicidade" (Tom Jobim/Vinicius de Moraes), compõem um belo, conciso e alternativo painel de mais de 30 títulos entre joias raras do vasto cancioneiro buarquiano, rejuvenescido por novos caminhos harmônicos e vocais.

"Velho Francisco" (1987) abre o show como um recado de que ele se faz mais cativo pelo conteúdo do que pelo impacto. A cenografia de Hélio Eichbauer, a banda de velhos amigos - Luiz Claudio Ramos, Bia Paes Leme, Chico Batera, Jorge Helder, João Rebouças, Marcelo Bernardes e o mestre Wilson das Neves, ovacionado várias vezes -, o figurino todo preto de Cao Hamburger, a iluminação sóbria de Maneco Quinderé - tudo é disposto para seu conforto, a serviço da música. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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