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Charlize Theron: "Beleza pode ser arma para se machucar"

Atriz apresenta em "Branca de Neve e o Caçador" o lado mais vulnerável da aterrorizante madrasta

Charlize: "Esta história foi escrita no século XVIII e ainda hoje ressoa para muitas mulheres essa tirania da beleza'' (Divulgação)

Charlize: "Esta história foi escrita no século XVIII e ainda hoje ressoa para muitas mulheres essa tirania da beleza'' (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2012 às 21h40.

Madri - Poucas atrizes podem falar com tanta autoridade sobre beleza como Charlize Theron, que nesta quinta-feira apresentou em Madri seu novo filme, "Branca de Neve e o Caçador", e advertiu que "a beleza pode ser uma arma para se machucar".

Nesta nova abordagem do célebre conto dos irmãos Grimm, que destaca os tons mais obscuros da história e aponta para a moda da fantasia épica e medieval, Charlize desenvolve a complexidade de sua personagem, a madrasta Ravenna, tomada pela inveja e obcecada pela juventude eterna.

"Esta história foi escrita no século XVIII e ainda hoje ressoa para muitas mulheres essa tirania da beleza. É algo que, em particular nas mulheres, deve parar. Ravenna é uma vítima de toda essa pressão. Ela fere a si mesma praticamente a cada dia", explica a atriz e modelo em entrevista à Agênca Efe.

Charlize, que se rebelou contra sua própria beleza em "Monster - Desejo Assassino" e foi premiada com um Oscar, apresenta neste filme o lado mais vulnerável dessa aterrorizante madrasta, que enfrenta a indestrutível pureza da Branca de Neve, interpretada por Kristen Stewart.

"Branca de Neve e o Caçador" nasce com a intenção de ser uma trilogia e procura surpreender criando chamarizes dos elementos mais reconhecíveis da história dos irmãos Grimm, como o espelho, a maçã e esse caçador (vivido por Chris Hemsworth) que, ordenado a conseguir o coração da protagonista, terá um envolvimento emocional inesperado.


"O que gosto nesta história é a personagem da Branca de Neve, que vive em sua própria pele e escreve seu próprio destino sem se submeter a nenhuma escravidão", ressalta Charlize. Para ela, apesar da solenidade estática de sua personagem em muitas das cenas do filme, nada tem a ver com seu trabalho como modelo, apesar de o diretor, Rupert Sanders, ter trabalhado com publicidade anteriormente.

Nessa rivalidade feminina e no desejo de vingança de sua personagem, que acabarão se transformando em uma guerra entre reinados, Charlize encontra também uma reflexão sobre como as relações pessoais acabam sendo o motor que rege a história dos povos.

"A inveja e a vingança são comportamentos humanos e atributos dos quais nunca pudemos nos desfazer desde os tempos antigos. Toda a mitologia está sempre baseada na vingança. Olho por olho. Mas essa parte do homem não deveria ser a que nos domina", afirma.

"Acho que fazer essas qualidades humanas mais visuais através do cinema, especialmente no que se refere às mulheres, é a maneira de nos colocarmos no lugar do outro e tomarmos as melhores decisões a respeito", acrescenta.

A história com o tempero da animação de Walt Disney e transformada em uma comédia infantil em "Espelho, Espelho Meu" agora passa a ter uma vocação adulta que, contudo, não deixa de ser um filme para todos os públicos, enfatiza Charlize.

"Sou uma mãe principiante e não quero dizer a ninguém como educar seus filhos", lembra a atriz, que, no entanto, reconhece: "Eu não fui educada em um mundo de fantasia e estou muito agradecida por isso. É o que agora tento transmitir a meu filho. Acredito que não podemos apreciar a luz se não entendemos a escuridão".

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