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Chamei o helicóptero com um app e vim trabalhar voando

O serviço oferecido pela parceria entre Voom e Cabify pode ser vantajoso (ou gerar um atraso mais caro) dependendo do percurso e do horário

 (Ana Laura Prado/Site Exame)

(Ana Laura Prado/Site Exame)

Ana Laura Prado

Ana Laura Prado

Publicado em 27 de outubro de 2017 às 11h28.

Última atualização em 30 de outubro de 2017 às 13h43.

São Paulo – Quem enfrenta o trânsito de São Paulo com certeza já desejou poder sair voando por cima dos carros. Na última quarta-feira, testei um serviço que oferece isso – e sem que você precise ter seu próprio helicóptero ou heliponto.

A CabiFly é, basicamente, a união entre dois serviços diferentes: com um carro Cabify, você pode ir até um heliponto; de lá, pega um helicóptero da Voom para ir a alguns pontos da cidade, incluindo os aeroportos de Congonhas e Guarulhos.

A experiência começou com um exercício de paciência: apesar de morar próxima à Avenida Paulista, foram 11 minutos para que o aplicativo da Cabify localizasse um carro e outros 14 para que ele chegasse até mim – algo que pode atrapalhar os planos de quem espera encontrar um motorista disponível em cada esquina.

Quem não quiser ser pego de surpresa – e inclusive correr o risco de perder o voo – pode optar por reservar um carro com antecedência para o horário desejado. Nesse caso, porém, há uma taxa mínima de 25 reais para a corrida.

Já no carro, as tradicionais balinhas e água foram oferecidas por um solícito, mas discreto, motorista. Aceitei uma garrafa e bebi alguns goles durante os 25 minutos de trajeto até o hotel Blue Tree Premium Faria Lima, onde fica um dos seis helipontos utilizados pela Voom.

Cheguei apenas cinco minutos antes do voo, marcado para às 10h. Apresentei meu documento na recepção e fui direto ao 26º andar do prédio, de onde sairia meu transporte. Quem chega antes, porém, pode aproveitar uma sala vip, com comodidades como Wi-Fi, banheiros, sofás e cafezinho. Há áreas como essa em todos os seis locais de heliponto.

O embarque

Helicóptero da CabiFly

“Todos aqui falam português?”, pergunta o piloto assim que embarcamos (eu e a equipe de assessoria de imprensa da companhia), por volta das 10h05. A curiosa pergunta faz jus ao perfil executivo e empresarial do público mais atendido pelo serviço – uma tendência que é confirmada por Rogério Guimarães, Diretor de Novos Negócios da Cabify Brasil.

Ao respondermos que sim, o piloto passa a explicar sobre as saídas de emergência da aeronave – se você ainda não sabe, vai descobrir que basta puxar uma alavanca vermelha para que as duas portas laterais se soltem.

Com os fones, ouvimos a fala um do outro e também as vozes de comando da torre do aeroporto. Ora em inglês, ora em português (e ora em códigos que nós, leigos, não entendemos), a torre e o piloto trocam algumas informações antes que a decolagem seja autorizada.

Qual é a sensação?

Se você, assim como eu, nunca andou de helicóptero, a sensação é a seguinte: uma vez no ar, parece com a de estar em um teleférico ou em uma cabine de roda gigante. O movimento quase não é sentido e, com exceção de algumas leves inclinações para o lado, a maior sensação de movimento é dada pela paisagem que vai andando abaixo de nós.

Durante o voo, os edifícios e as avenidas parecem passar devagar. O tempo de viagem, porém, mostra o contrário: foram cerca de quatro minutos para percorrermos um caminho que, de carro, e naquele horário, levaria cerca de 25.

Chegamos ao aeroporto!

No aeroporto de Congonhas, passamos pela pista e pousamos próximo a um galpão. Logo ao lado, uma área vip oferecia “mimos” assim como os do prédio em que fui recebida – nesse caso, porém, a área pertence à Latam e é oferecida aos clientes Voom e CabiFly.

De lá, uma van nos levou ao saguão do aeroporto – um trajeto que durou cerca de sete minutos e que incluiu uma parada em que funcionários revistaram o veículo, nós e até mesmo o motorista com detectores de metal.

Já no saguão, a exclusividade do serviço dá lugar ao típico movimento de viajantes apressados. Sem planos de viagem, peguei uma corrida de 26 minutos (e 25 reais) até o edifício onde fica a Editora Abril, localizado no bairro de Pinheiros. Nesse caso, o motorista estava perto e foi achado rapidamente – mas demorou quase 15 minutos para passar pelo trânsito que cerca a área de desembarque do aeroporto.

Considerando o trajeto Avenida Paulista-Pinheiros, é meio óbvio pensar que uma parada em Congonhas apenas atrasa (e encarece) a viagem. A experiência toda, porém, rendeu algumas conclusões sobre o serviço.

Gostei?

A CabiFly cumpre o que propõe: levar o passageiro de carro até o heliponto e, de lá, oferecer um transporte rápido e sem trânsito. O custo-benefício, porém, pode variar muito.

No meu caso, mesmo se a intenção fosse ficar no aeroporto de Congonhas, o serviço não seria vantajoso. Apesar de o voo ter durado quatro minutos, gastei outros 25 para chegar até o heliponto e mais de 15 com outros fatores (como o pequeno atraso do voo, o aguardo para decolar e o percurso interno da pista até o saguão). Isso tudo sem considerar o longo tempo de espera pelo carro.

Resumindo: como cliente, teria pagado 206 reais (sendo R$ 188 do voo e R$ 18 do carro) por um percurso de 44 minutos. Uma corrida entre o endereço inicial e o aeroporto custaria 30 reais pela própria Cabify e, segundo o Google Maps, levaria no máximo 40 minutos com o trânsito do horário (que, devo considerar, estava relativamente tranquilo).

Em outros percursos e horários, por outro lado, pode haver maiores vantagens – principalmente se você já estiver próximo a algum dos helipontos.

Para ir da Faria Lima até Cumbica em um horário de pico, por exemplo, um voo de 15 minutos parece infinitamente mais atrativo do que um trânsito de até duas horas. Nesse caso, porém, o preço do voo também aumenta para 297 reais – o que, segundo destaca a empresa, ainda está bem abaixo dos preços encontrados em outros serviços de táxi aéreo, que podem passar de R$ 1 mil.

Vale a pena?

Posso dizer que a decisão final, portanto, deve depender de três fatores: a distância até o local de embarque, a intensidade do trânsito no horário e, claro, a disposição para investir um bom dinheiro a mais.

Juntando esses pontos à necessidade de chegar rapidamente ao local, a opção por pegar um helicóptero pode, sim, ser vantajosa. Para ser mais, faltam apenas mais opções de helipontos – o que, segundo Guimarães, já está sendo planejado.

A ideia de unir o serviço aéreo ao transporte terrestre também é interessante. Considerando a experiência completa, porém, penso que poderia haver mais estímulos para que os usuários de fato prefiram usar a Cabify para chegar ao local do voo.

Apesar da parceria, os dois serviços funcionam de forma separada: ao clicar na opção “CabiFly”, o usuário é direcionado ao site da Voom para fazer a reserva do voo. Depois, tem a opção de voltar ao aplicativo para reservar ou pedir um carro até o local de decolagem (e/ou um carro a partir do local de pouso).

Fora a integração, não há qualquer diferencial de preço no voo ou isenção na taxa de corrida que impeça que, diante de uma espera de 20 minutos por um carro, por exemplo, o passageiro opte por pedir um Uber ou táxi até o local. 

Segundo Uma Subramanian, CEO da Voom, as duas empresas estão trabalhando parar oferecer mais benefícios para os usuários da CabiFly – que podem esperar por novidades já nas próximas semanas.

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