Inspire-se no chá da tarde para harmonizar chás e infusões (Eva-Katalin/Getty Images)
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Publicado em 12 de setembro de 2023 às 10h27.
Pires, xícaras, guardanapos, talheres e uma bailarina com sanduíches, bolos, tarteletes, macarons, pães, geleias. Poderia ser o balé dos utensílios domésticos, mas estamos falando de um tradicional chá da tarde inglês. Bailarina é o nome da simpática torre, geralmente com três andares, que acomoda as pequenas porções de doces e salgados durante o ritual. Escolher uma boa combinação pode não ser tarefa fácil. O importante é se entregar à dança de aromas e sabores mantendo o equilíbrio.
Da tradição milenar chinesa, de onde se originou, às mesas inglesas, o chá conquistou o mundo e continua com hora marcada na rotina de seus apreciadores. Ina Gracindo, em seu livro Viagem ao mundo chá (Editora Casa da Palavra), conta que a instituição “chá da tarde” foi criada, na Inglaterra, pela duquesa de Bedford durante a era vitoriana (período correspondente ao reinado da rainha Vitória de Hanover, entre os anos de 1837 e 1901). Imediatamente, se transformou em tradição. "O ritual do chá das 16h ou 17h ficou conhecido como low tea porque era servido no horário da tarde em que o sol atingia seu ponto mais baixo, e em referência à altura das pequenas e várias mesas da sala de estar onde era servido. Nas mesas, cabiam no máximo duas pessoas e por isso surgiu entres os vitorianos o apelido tête-à-tête."
Para além de um evento social, o chá da tarde é uma oportunidade de explorar as combinações de perfumes e gostos. A Camellia sinensis, a planta por trás do chá, apresenta duas variedades dominantes no mercado: a chinesa (Camellia sinensis sinensis) e a indiana (Camellia sinensis assamica). As folhas novas são macias e com maior valor nutricional. Com o envelhecimento da planta, suas características se transformam, ganhando outras classificações e aplicações na indústria do chá. Já o termo infusão faz referência ao nome de uma categoria de bebidas tiradas de plantas, flores, frutas etc., explica a pesquisadora especialista em chá, Yuri Hayashi, fundadora da Escola de Chá Embahú, localizada em São Bento do Sapucaí, no interior de São Paulo — que há mais de dez anos ensina e promove a cultura do chá.
A qualidade do processo e da matéria-prima é essencial para preservar os sabores e aromas de um chá. Mariana Antonachi, gerente de marca da Aurora Fine Brands, importadora e distribuidora dos chás ingleses Ahmad Tea no Brasil, explica que os melhores chás “da colheita à xícara passam por uma longa e complexa jornada”. Antonachi conta que “todos os blends de Ahmad Tea são selecionados e provados pelo menos sete vezes em cada etapa do processo. Essa jornada termina com os Tea Blenders criando os melhores blends". Os chás da marca são obtidos em regiões de todo o mundo, incluindo Índia, Sri Lanka, China e Quênia, onde o clima, o solo e a altitude proporcionam as condições ideais de cultivo.
O chá deve ser uma bebida bem equilibrada, ressaltando os sabores e aromas. “Se o sabor não ficou bom, algo deve ter sido feito errado”, pontua Yuri. É preciso ficar atento ao modo de preparação e tempo de infusão indicados nas embalagens. Depois, é só escolher o melhor acompanhado. Sendo uma bebida muito versátil, pode ser combinada com vários alimentos. A harmonização pode ser feita por meio de sabores similares, complementares ou opostos, esclarece a especialista.