Bill Kramer no Festival do Rio: entusiasmo com o cinema nacional depois do sucesso de Ainda Estou Aqui (Claudio Andrade/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 23 de novembro de 2025 às 13h34.
Rio de Janeiro (RJ)* - Bill Kramer pode ser um nome não muito conhecido no Brasil quando aparece desacompanhado de seu cargo. Mas, na função de CEO da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, é ele quem está à frente da maior premiação de cinema do mundo, o Oscar.
Em outubro, Kramer desembarcou no Brasil para participar do Festival do Rio, uma das maiores mostras de filmes do país. Entre palestras e filmes, veio entender o novo momento da indústria cinematográfica brasileira, que vive uma retomada de ascensão após a vitória de Ainda Estou Aqui na premiação, e a possível indicação de O Agente Secreto, vencedor dos prêmios de Melhor Ator (Wagner Moura) e Melhor Direção (Kleber Mendonça Filho) em Cannes.
Proibido de falar sobre o filme de Mendonça por uma regra interna da Academia, Kramer falou à EXAME Casual sobre o mercado de cinema do país.
Qual é sua visão e perspectiva sobre a indústria cinematográfica brasileira?
Eu noto um entusiasmo no cinema de vocês que é único e que parece que vai continuar. Senti isso com Ainda Estou Aqui no ano passado. Se vocês seguirem produzindo histórias autênticas, culturais e brasileiras, o resto da comunidade global responderá, tenho certeza. Há uma autenticidade na produção cinematográfica brasileira que o público adora ver.
Como você enxerga a ascensão do streaming hoje em dia?
As pessoas estão fazendo e assistindo a filmes mais do que nunca. O streaming teve muito a ver com isso: criou pontos de acesso para a exibição de filmes internacionais, independentes, de artistas emergentes... Mas ir ao cinema ainda é essencial. Essa é uma forma de arte feita para ser vista em um ambiente teatral, em silêncio, na telona.
Qual é sua percepção sobre a indústria de Hollywood agora, com tantas mudanças sobre como e onde gravar filmes?
Acho que Hollywood está se expandindo além dos Estados Unidos e se tornando uma indústria cada vez mais global, filmes estão sendo feitos em todo o mundo. Isso abre portais para aprender sobre diferentes culturas, criar empatia, criar um senso de comunidade global.
Como você vê o uso de inteligência artificial em filmes e como a Academia tem lidado com a tecnologia no Oscar?
A maioria dos nossos membros vê a IA como uma ferramenta para fazer filmes. Ao mesmo tempo, há preocupações sobre o uso ético dessa ferramenta. Acabamos de adicionar uma cláusula às nossas regras de premiação que diz que o uso de IA não ajuda nem prejudica a chance de um filme ser considerado para um Oscar, mas a autoria tem que ser humana. Isso é muito importante para a Academia.
*A jornalista viajou a convite do Festival do Rio