O interior da catedral de Tlaxcala, no México. (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 28 de julho de 2021 às 09h36.
O convento e catedral de Nossa Senhora da Assunção, em Tlaxcala, marco da evangelização e laboratório da sociedade colonial que deu origem ao atual México, foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco ontem (27).
O complexo, construído por missionários franciscanos e indígenas em 1526, foi o primeiro de seu tipo na nascente Nova Espanha, anos antes da conquista do império Inca na América do Sul.
A sua inscrição na lista do Patrimônio Mundial foi anunciada pela Unesco no âmbito da 44ª reunião da comissão encarregada de analisar as candidaturas a esta prestigiada lista que se realiza virtualmente a partir de Fuzhou (China).
A arquitetura do sítio de Tlaxcala, que sintetiza uma série de influências estilísticas e técnicas testadas pela primeira vez, atesta "uma troca considerável de valores humanos" e o torna um elemento "representativo" de um período-chave da história do México e América Hispânica, dois critérios exigidos pela Unesco.
“O México é uma potência cultural, um lugar que se distingue pela diversidade de seu patrimônio vivo, seu patrimônio imaterial, construído e biológico. É um orgulho para o México que mais um bem esteja inscrito nesta lista”, disse da catedral Alejandra Frausto, secretária da Cultura.
Sua construção representa "um dos grandes momentos da história universal porque transforma totalmente a visão de mundo concebida até então”, disse José de la Rosa, diretor do Instituto Nacional de Antropologia e História de Tlaxcala.
Pioneiro da arte e da arquitetura hispano-americana, o monumento é um dos 15 edifícios que missionários franciscanos, dominicanos e agostinianos construíram há cinco séculos na encosta do vulcão Popocatépetl e que foi um pilar da colonização dos territórios da Nova Espanha.
Quatorze deles estão na lista do patrimônio da Unesco desde 1994, então a inclusão da catedral de Tlaxcala repara uma antiga omissão.
A Nossa Senhora da Assunção “serviu de ensaio espiritual, político, arquitetônico e estético, para iniciar a expansão evangelizadora e construtiva” da nascente Nova Espanha, destacou a Secretaria de Cultura.
Muitos mosteiros construídos posteriormente são versões aperfeiçoadas do de Tlaxcala e foram o eixo para reorganizar a paisagem, administrar recursos e introduzir novos elementos socioculturais que se fundiram com os existentes em um novo modelo social.
Seu sincretismo e originalidade refletiam-se em elementos como a torre anexa, ou seja, separada do templo, e seu átrio aberto em contraste com os cercados e protegidos dos demais templos da época.
Também se destaca pelo seu forro em caixotões de madeira, que lembra fortemente o estilo mudéjar, prova do longo domínio muçulmano que marcou a história da Espanha e também se refletiu no México.
O projeto arquitetônico, a sua decoração, o claustro e os quartos, assim como um registro pictórico que ainda sobrevive, demonstram a sabedoria dos indígenas que participaram na sua construção e nas suas soluções estéticas.
Os especialistas citados pela Secretaria destacam ainda o seu “alto grau de autenticidade” no design, materiais e elementos decorativos, além do fato do templo manter as suas funções originais.
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