Filho de judeus asquenazes, Einstein fugiu da Alemanha para os EUA aos 54 anos, quando Hitler chegou ao poder (Keystone/Stringer/Thinkstock)
AFP
Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 12h22.
Última atualização em 5 de dezembro de 2018 às 12h22.
Uma carta manuscrita de Albert Einstein, na qual o físico questiona a existência de Deus, foi vendida em Nova York na noite de terça-feira (4) por US$ 2,89 milhões em um leilão organizado pela Christie's.
É um novo recorde para uma carta do vencedor do Prêmio Nobel de Física de 1921. O preço também é consideravelmente superior ao estimado para o documento, entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão.
Em março de 2002, uma carta dirigida em 1939 a Franklin D. Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, alertando sobre projetos atômicos alemães, havia sido comprada por US$ 2,1 milhões.
Na carta vendida na terça-feira, datada de 1954 e escrita em alemão para o filósofo judeu alemão Eric Gutkind, ele refuta quaisquer crenças religiosas.
"A palavra Deus não é nada para mim, mas a expressão e o produto da fraqueza humana, a Bíblia é uma coleção de lendas veneráveis, mas ainda muito primitivas", escreve o físico alemão um ano antes de sua morte, em abril de 1955.
"Nenhuma interpretação, por mais sutil que seja, pode (para mim) mudar isso", acrescenta na carta de uma página e meia o físico que alcançou a fama com sua teoria da relatividade.
Anteriormente, a carta foi oferecida em leilão em 2008 e comprada por um colecionador privado por US$ 404 mil, segundo a Christie's.
Filho de judeus asquenazes, Einstein fugiu da Alemanha para os Estados Unidos aos 54 anos, quando Adolf Hitler chegou ao poder.
Em sua carta, ele assegura que o judaísmo não é superior a outras religiões e que os judeus não são o povo escolhido.
"Para mim, a religião judaica é como todas as outras religiões, uma encarnação da superstição primitiva", escreve Einstein.
"E o povo judeu, ao qual eu pertenço com muito gosto, e em cuja mentalidade me sinto profundamente ancorado, até para mim não tem nenhum tipo de dignidade diferente de outros povos", afirma.
"Na minha experiência, eles não são de fato melhores do que outros grupos humanos", completa.