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Care Club, referência a atletas de alto rendimento, quer ampliar o mercado

Rede de clínicas de saúde multidisciplinar com foco na medicina do esporte acelera plano de expansão e quer se tornar um one-stop-shop da atividade física, contou o CEO e fundador Gustavo Magliocca à EXAME

Gustavo Magliocca, médico do esporte, CEO e fundador da rede de clínicas esportivas Care Club (Care Club/Divulgação)

Gustavo Magliocca, médico do esporte, CEO e fundador da rede de clínicas esportivas Care Club (Care Club/Divulgação)

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Marcelo Sakate

Publicado em 23 de fevereiro de 2022 às 08h57.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2022 às 10h26.

Há uma tendência cada vez mais disseminada na prática do esporte e da atividade física. A preparação e o tratamento físico e médico antes dispensados a atletas de alto rendimento, muitos deles olímpicos, estão sendo incorporados na rotina de corredores, triatletas e praticantes de outras modalidades que são amadores na concepção, mas que buscam o que há de mais avançado na ciência e na medicina do esporte.

No Brasil, poucas instituições simbolizam de forma tão exemplar essa tendência como a Care Club. É um conceito de clínica de saúde multidisciplinar que reúne medicina do esporte e do exercício, ortopedia, nutrição, fisioterapia com reabilitação e reeducação funcional, treino físico, academia e spa, um one-stop-shop de quem pratica atividade física.

Fundada em 2010 pelo médico do esporte Gustavo Magliocca, ela se tornou uma rede de clínicas com onze unidades espalhadas em quatro cidades. E começa a executar um plano de expansão para chegar a mais localidades e ampliar o público que atende, o mercado endereçável.

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Segundo ele, a expansão tem acontecido mais em razão de uma demanda do público do que de um planejamento empresarial para ampliar as receitas. “O nosso público passou a mudar. A Care Club tinha um público especialmente do esporte, atletas amadores e profissionais”, disse Magliocca.

Atletas olímpicos como César Cielo, Bruno Fratus e Tiago Pereira, da natação, e Mayra Aguiar e Felipe Kitadai, do judô, entre outros, já passaram pela Care.

“E passamos a atender esportistas em geral, pessoas que fazem atividade física e que começam a usar o esporte como meio de saúde e bem-estar. Entendemos que era preciso ampliar não só o conceito como a estrutura física para ter condições de abraçar essas pessoas”, afirmou à EXAME.

“Conseguimos oferecer para um atleta amador o mesmo tratamento que dispensamos para um atleta olímpico”, disse o sócio fundador da rede de clínicas. "Mas com uma abordagem que torna acessível e adequado esse tratamento."

“Se eu falar em maratona, triatlo e prova com uma pessoa que está preocupada em bem-estar, ela vai me responder, ‘mas isso não é para mim’”, afirmou.

Magliocca trabalha com amplo conhecimento de causa. Integrou a primeira turma de residência de Medicina de Esporte da FMUSP, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e foi médico do time de natação do Brasil nas Olimpíadas de Londres, em 2012, e do Rio de Janeiro, em 2016, entre outras experiências na elite da medicina esportiva. E, desde 2013, comanda o departamento médico do Palmeiras.

Os próximos passos do plano de expansão da Care Club incluem a inauguração em breve de sua 12ª unidade, a nona na cidade de São Paulo. Será no bairro de Perdizes, na zona oeste da capital paulista.

E a rede está escalando também a prateleira de produtos, como um check up voltado para atletas amadores e praticantes de qualquer atividade física e um tratamento voltado para a saúde da mulher.

“O check up é a nossa porta de entrada para o público em geral, para que possamos recomendar o tratamento, apenas se houver necessidade e interesse do paciente, para os mais de cem serviços que prestamos”, disse Raphael Camargo, diretor de marketing da Care Club. “Fazemos a ponte com o cardiologista, o médico do esporte, do sono etc.”

“Nós acreditamos que a Care Club possa ser um pilar central de um ecossistema de saúde e do esporte”, disse Camargo.

A expectativa da Care Club é crescer acima de 50% em receita neste ano, com base em expansão orgânica e alavancada por meio da abertura das novas unidades.

O plano de crescimento mais estruturado começou a ser colocado em prática no segundo semestre do ano passado. Em setembro, a Care Club inaugurou sua sétima unidade, no bairro do Alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. No mesmo mês, um passo importante na expansão se deu com a união com a Club Fisio, levando o total para onze unidades no país.

A unidade do Alto de Pinheiros foi a quarta em São Paulo e se somou a três em outras cidades: em Piracicaba, no interior paulista, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. A primeira unidade fica próxima ao Parque Ibirapuera, na capital paulista.

Unidade de acompanhamento e preparação de atletas na Care Club do Ibirapuera, em São Paulo

Unidade de acompanhamento e preparação de atletas na Care Club do Ibirapuera, em São Paulo | Foto: Divulgação (Care Club)

Mas há mercado para muito mais, segundo Camargo. Para pelo menos mais dez unidades, de acordo com um estudo que leva em consideração variáveis de mercado como verticalização, valorização do bairro e demanda potencial de clientes. O principal impeditivo hoje é a limitação de mão de obra – no caso, profissionais que fazem o atendimento aos pacientes. São em média 80 colaboradores em cada unidade.

No plano de expansão em São Paulo estão regiões como a zona leste da cidade e localidades vizinhas como Alphaville.

Nesse processo, o fundador da Care Club disse que conta com sócios que possuem a experiência e a visão de mercado.

No grupo de sócios investidores estão nomes como André Sá, ex-BTG Pactual, e Marcelo Kayath, ex-Credit Suisse, por meio da QMS Capital. No Rio de Janeiro, outro sócio investidor é Julio Capua, ex-XP Investimentos.

“Pelo menos 90% dos sócios foram pacientes da Care Club em algum momento, seja para o tratamento de alguma lesão ou para buscar qualidade de vida. Isso significa que quase todos compartilham desse princípio que é fundamental para nós”, disse Magliocca.

Parcerias para ampliar o mercado

“Uma das principais avenidas de crescimento é se tornar a Care Club uma referência para quem consome informações sobre hábitos saudáveis e atividade física no Brasil”, disse Camargo. O planejamento inclui a produção de conteúdo em redes sociais, parte em parceria com profissionais que trabalham nas clínicas.

Dentro da estratégia para ampliar a base, a Care Club tem uma parceria com o Gympass e passou a acertar mais recentemente com assessorias esportivas, como a Run&Fun, que oferece treinamento para corrida de rua e triatlo -- já tinha com a MPR. Há também parcerias com alguns dos maiores clubes da cidade, como o Pinheiros e o Paulistano.

Segundo Magliocca, há serviços que demandam proximidade do profissional com o paciente, como treinamento para maratonas ou provas de triatlo e fisioterapia; e outros que funcionam sem uma presença constante, como o de nutricionistas.

É uma jornada que tem como auge no relacionamento o Club Member, um plano 360º em que o paciente recebe o atendimento completo para o bem-estar. Há diferentes níveis para o Club Member, e o tíquete médio está em torno de 570 reais ao mês, sem contar o preço de cada tratamento.

São mais de 400 clientes que são membros, o que representa mais de 20% dos cerca de 2.000 clientes que passam mensalmente pelas unidades da Care Club.

Outra prioridade é o desenvolvimento de uma plataforma digital que ofereça uma experiência mais interativa aos pacientes, em especial para os Club Members. Haverá a integração do corpo de profissionais da rede, de resultados de exames e de atividades realizadas pelo paciente, permitindo uma jornada conectada.

“Com a informação do treino, eu consigo passar uma orientação pós ou pré-atividade, casada com a suplementação”, exemplificou o médico.

Retomada pós-pandemia

O plano de expansão mais acelerado coroa uma volta por cima da Care Club depois dos efeitos causados pela pandemia, não só com as medidas de restrição à circulação como com o abandono temporário da prática de atividade física por muitas pessoas.

Na primeira onda da pandemia, as receitas chegaram a cair 80% em abril de 2020, e a recuperação das margens se deu apenas em agosto; em 2021, a queda foi da ordem de 50% no momento mais agudo da segunda onda, em março. Mas a retomada foi intensa, a ponto de a empresa ter registrado o melhor mês de sua história em agosto passado.

Foi uma marca importante que, segundo ele, chegou como consequência de um novo tipo de demanda por parte das pessoas – e do posicionamento da rede de clínicas que serve como fundamento do plano de expansão.

“Saúde não é ter os seus exames ‘zerados’, mas construir uma base saudável. É uma base com atividade física, alimentação, sono, hidratação e meditação”, disse.

Magliocca disse que o objetivo é levar para a população um conceito mais amplo de saudabilidade, muito além do que, segundo ele, se convencionou com a pandemia.

“Muitas pessoas passaram a associar o ‘ser saudável’ com o fato de não pegar covid ou não pegar outra doença. Mas é preciso pensar e fortalecer essa base”, afirmou. “Ninguém tem performance sem saúde. E ninguém tem saúde sem atividade física”, afirmou sobre o que diz ser um de seus mantras.

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