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Cannes estende o tapete vermelho para Nicole Kidman

Metamorfoseada em princesa de Hollywood, que virou princesa de verdade, Nicole faz montée des marches de Grace: A Princesa de Mônaco

Nicole Kidman (Getty Images)

Nicole Kidman (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2014 às 05h43.

Na primeira vez que foi ao Festival de Cannes, Nicole Kidman era somente a mulher de Tom Cruise. Até onde o repórter se lembra, ninguém se dignou a fazer-lhe perguntas na coletiva após a exibição de Um Sonho Distante, de Ron Howard. Foi o próprio mediador, Henri Behar, quem lhe perguntou como era estar casada e contracenar com o maior astro de Hollywood - o que Cruise era no começo dos anos 1990. O tempo e o casamento passaram, Cruise entrou para a Cientologia, ganhou a antipatia da imprensa, Nicole firmou-se como atriz. Em Cannes, é uma estrela de primeira grandeza - desde Dogville, de Lars Von Trier.

O festival estende para ela seu tapete vermelho. Metamorfoseada em princesa de Hollywood, que virou princesa de verdade - ao se casar com Rainier, de Mônaco -, Nicole faz nesta quarta-feira, 14, a montée des marches de Grace: A Princesa de Mônaco, na abertura do 67.º Festival de Cannes. Na recente entrevista que deu para o jornal O Estado de São Paulo, Gilles Jacob falou de tudo. De como imprimiu sua marca ao maior festival do mundo, daquilo que inovou - Caméra d’Or, Cinéfondation, etc. - e, claro, de seus preferidos.

Críticos já andaram escrevendo que a última seleção de Gilles Jacob como diretor-geral de Cannes (mesmo que a seleção seja assinada por seu delfim - Tierry Frémaux) promete mais do mesmo. Muitos abonados - até os novos diretores, como Xavier Dolan - já são veteranos na Croisette. David Cronenberg, Ken Loach, que também anuncia que Jimmy’s Hall será seu último filme, os irmãos Dardenne, Olivier Assayas, Nuri Bilge Ceylan, Mike Leigh, Naomi Kawase, Jean-Luc Godard, Atom Egoyan, Bertrand Bonello. Só atira a primeira pedra quem desistir de ser cinéfilo.

Um fato é certo - a escolha de Grace não terá sido acidental, somente para proporcionar pompa e circunstância à abertura solene. Durante os 12 dias que transformarão Cannes - até dia 25 - em capital mundial do cinema, Mônaco, ali perto, estará sediando o Grand Prix de Fórmula Um. Glamour, glamour, glamour - e algo mais. Assim como em 2001 promoveu um seminário visionário para discutir as novas tecnologias que já mudaram tudo - o suporte, a produção e a exibição -, Gilles Jacob despede-se com uma tomada de posição. Nesse novo mundo digital em que os filmes vão direto para o YouTube, a simples exibição de Grace desencadeia um debate - em defesa do direito de autor.

O filme está no centro de uma acirrada disputa. Olivier Dahan, que já biografou Edith Piaf, fez o filme que quis, mas não agradou aos produtores, os irmãos Weinstein, que querem remontá-lo. A França reconhece o direito de montagem do diretor. Cannes talvez seja o único foro para que o mundo veja Grace/Nicole como Dahan a idealizou. Os Weinstein ameaçam não lançar o filme se forem pressionados a aceitar o corte do diretor. É um bom começo, e logo virá a disputa pela Palma de Ouro. A seleção oficial inclui os filmes da competição e os da mostra Un Certain Regard. E existem as demais seções - Quinzena dos Realizadores, Semana da Crítica, Cannes Classics. E o mercado.

Jane Campion, única mulher a vencer a Palma - por O Piano, em 1995 -, vai presidir o júri. Nicole Garcia presidirá outro, o da Caméra d’Or, e o argentino Pablo Trapero, o da seção Un Certain Regard. Abbas Kiarostami estará à frente do júri da Cinéfondation. O Brasil não participa da competição nem das mostras paralelas, exceto por curtas como Sem Coração, de Nara Normande e Tião, na Quinzena. Walter Salles vai coordenar a Fábrica dos Cinemas do Mundo, programação que ajudará jovens cineastas a concretizar seus projetos. Sophia Loren será a convidada de honra de Cannes Classics e vai ministrar uma master class. Algumas pérolas que foram restauradas para este ano - Paris Texas, de Wim Wenders; Por Um Punhado de Dólares, de Sergio Leone; O Último Metrô, de François Truffaut; e O Medo, de Roberto Rossellini.

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