Literatura: campanha de poesia foi lançada em meio à pandemia do novo coronavírus (patpitchaya/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 13 de abril de 2020 às 19h33.
Lançada na internet no último dia 4 pela prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Educação, a campanha #PoesiaParaEsperançar acumula mais de 200 postagens de professores e alunos da rede pública de ensino do município, além de pais e responsáveis.
A ideia surgiu a partir do canal no You tube da professora Denise Cruz, da Gerência de Educação da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) da cidade, que emprestou a ideia para a secretaria lançar a campanha #PoesiasParaEsperançar, que reúne poesia e literatura nas redes sociais.
A perspectiva do professor Hugo Nepomuceno, coordenador de Educação da 6ª CRE e que está à frente da iniciativa, é que as postagens não fiquem restritas às páginas da 6ª CRE.
“A gente incentiva que os profissionais, alunos e mães publiquem (as poesias) nas suas próprias páginas também. Isso acaba multiplicando de uma tal forma que nos últimos levantamentos que nós fizemos, no feriado (da Semana Santa), já havíamos ultrapassado 200 postagens. Hoje, na nossa página, já reunimos cerca de 20 publicações”, disse Nepomuceno hoje (13) à Agência Brasil.
A ação está aberta à comunidade municipal escolar como um todo, envolvendo professores, agentes de apoio, professores-adjuntos de educação infantil, agentes de educação infantil, estudantes, mães. Mais de 650 mil estudantes estão matriculados na rede municipal de ensino. “Tivemos uma gari que trabalha em uma escola nossa em Costa Barros recitando uma poesia”, revelou o coordenador.
Hugo Nepomuceno informou que, a princípio, a rede estadual de ensino está fora da iniciativa, embora haja muitos profissionais da rede municipal que acumulam matrículas. “Então, a gente acaba tendo essa participação, mas ela não é institucional. Ou seja, ela não é uma iniciativa do estado do Rio”, explicou.
As postagens incluem poesias de escritores famosos, como Carlos Drummond de Andrade, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, mas também passagens da Bíblia e até mesmo textos autorais. As propostas são livres, observou a prefeitura carioca.
A campanha #PoesiaParaEsperançar tem perspectiva de continuar aberta até acabar o período de suspensão das aulas por conta da pandemia de coronavírus. Segundo destacou o professor Nepomuceno, não basta atuar somente na direção do conteúdo a que o aluno vai ter acesso.
“Mas a gente tem que cuidar também da nossa mente. A gente tem que cuidar da nossa esperança, como está a nossa cabeça nesse período de isolamento”. Daí, se pensou em fortalecer a comunidade escolar que está fora do espaço físico da escola.
“Na medida em que a gente grava essas poesias e compartilha isso com os colegas, com os alunos e os pais, e cria esse movimento, a gente está pensando e compartilhando coisas positivas e meio que se distanciando de notícias que vão trazendo amargura, tristeza, esperança”.
O professor deixou claro que a perspectiva não é de gerar alienação. “Nós precisamos entender o que está acontecendo no Brasil, na nossa cidade e no mundo. Porém, não é ficando o dia inteiro recebendo contaminação de notícias que a pessoa vai estar mais preparada para enfrentar os desafios”. A enxurrada de notícias negativas acaba provocando problemas, depressão e ansiedade, manifestou.
A ideia do movimento foi conseguir ocupar parte do dia das pessoas com poesia, proferindo coisas boas para o outro. Com isso, a comunidade escolar se mantém em contato e de uma maneira positiva.
O projeto que visa disseminar cultura e educação já contou com a colaboração de poetisas e poetas, como Roseana Murray, autora de livros de poesia e contos para crianças, jovens e adultos, e está estimulando a participação de outros autores com notoriedade, para somar “e trazer um pouco de alegria para a nossa comunidade escolar”, disse professor.
Para participar do projeto, basta publicar um vídeo nas redes sociais recitando sua poesia favorita com a 'hashtag' #PoesiasParaEsperancar. Automaticamente, o buscador da rede social escolhida indexará a gravação junto aos outros conteúdos semelhantes.
Hugo Nepomuceno informou que outra iniciativa lançada pela 6ª CRE quando as aulas foram suspensas, a #CompartilheUmaAula, foi um sucesso. Ali, vários professores e colaboradores davam micro-aulas de três minutos de duração, no máximo, para que as crianças, jovens ou adultos, por meio do celular, conseguissem ter acesso a um conteúdo de qualidade de forma rápida e acessível. “A gente montou essa rede colaborativa e foi um sucesso. Tivemos mais de 600 aulas postadas na nossa página e lançamos uma plataforma, organizando os links, para que os alunos tivessem esse conteúdo”.