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Caça de Ronaldo pela Champions passa por vizinho Robin Hood

Após superar Real Madrid e Barcelona, o Atlético de Madrid busca se tornar a equipe com a folha de pagamento mais baixa desde 2004 a vencer a Liga dos Campeões

Arda Turan e Thibaut Courtois, do Atlético de Madrid, comemoram a vitória sobre o Chelsea pela semifinal da Liga dos Campeões da Europa, em Londres (Jamie McDonald/Getty Images/Getty Images)

Arda Turan e Thibaut Courtois, do Atlético de Madrid, comemoram a vitória sobre o Chelsea pela semifinal da Liga dos Campeões da Europa, em Londres (Jamie McDonald/Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2014 às 16h52.

Madri - O Atlético de Madrid está tentando aprontar para o establishment do futebol. Novamente.

Após superar o Real Madrid e o Barcelona -- os clubes de futebol mais ricos do mundo em vendas -- e levar o título da Liga Espanhola, o time busca se tornar a equipe com a folha de pagamento mais baixa desde 2004 a vencer a Liga dos Campeões, segundo cálculos da Bloomberg News.

O Atlético enfrenta o Real Madrid na final, amanhã, no Estádio da Luz, em Lisboa, às 20h45 pelo horário local (15h45 pelo horário de Brasília).

Em um momento em que um pequeno grupo de clubes financiados por fundos soberanos árabes e bilionários russos dominam o mercado internacional de negociação de jogadores, que movimenta US$ 3,7 bilhões, a temporada do Atlético mostra a plantéis com finanças mais modestas um caminho para prosperar no torneio de 32 times, segundo José Maria Gay, professor da Universidade de Barcelona que escreve sobre as finanças das equipes.

“Eles estão mostrando que você não tem que ser uma superpotência para ser bem-sucedido”, disse Gay. “Isso dá esperanças a todos os demais”.

O Atlético de Madrid é controlado por Miguel Angel Gil, que assumiu como CEO no lugar de seu falecido pai.

O clube não tem o prestígio ou os patrocinadores multinacionais do Real Madrid e enfrentou dificuldades para conseguir financiamento para competir durante os seis anos de crise econômica na Espanha.

Os rojiblancos tinham uma folha de pagamento de 55,8 milhões de euros (US$ 76 milhões) em junho passado, cerca de um quarto da do Real Madrid, segundo suas últimas prestações de contas.

O Porto, à época dirigido por José Mourinho, tinha uma folha de 39 milhões de euros quando ganhou a edição de 2004.

Em março, o meio-campista Tiago Cardoso, do Atlético, disse que algumas pessoas viam o time como “uma espécie de Robin Hood” que se opõe a oponentes mais poderosos, referindo-se ao fora da lei inglês que roubava dos ricos para dar aos pobres.

O Atlético perdeu uma final contra o Bayern Munich em 1974. E conseguiu um empate de 1-1 contra o Barcelona em 17 de maio para conquistar sua primeira Liga em 18 anos.

Sua força vem da união e da disciplina inculcada pelo treinador Diego Simeone, que jogou pelo clube quando este ganhou a Liga Espanhola pela última vez, em 1996, segundo José María Amorrortu, ex-treinador da equipe de jovens.

Vários jogadores, incluindo o atacante Diego Costa, podem sair rumo a equipes maiores depois dessa temporada, inclusive para o Chelsea, do bilionário russo Roman Abramovich, já que o Atlético tem dificuldades para pagar suas dívidas.

O clube tinha um fluxo de caixa de 5 por cento de sua dívida de 543 milhões de euros em junho passado, o que o deixa na pior situação entre as oito equipes que chegaram às quartas de finais da Liga dos Campeões, disse Gay.

Para Cristiano Ronaldo, o Real Madrid merece o troféu mais que o Atlético, pois chegou às semifinais em cada um dos três anos anteriores. Ronaldo ganhou o título em 2008 com o Manchester United e busca aumentar sua galeria.

‘Perto de ganhar’

“O Real Madrid merece a Liga dos Campeões pelo que temos feito nos últimos anos”, disse Ronaldo. “Chegamos perto de ganhar algumas vezes”.

O último título do Real na Liga dos Campeões veio em 2002, quando venceu o Bayer Leverkusen na final.

O clube formou suas equipes investindo mais de US$ 1 bilhão desde então. Ronaldo custou 80 milhões de libras em 2009 e Gareth Bale, um meia que cai pelos lados do campo (winger), chegou por uma quantia similar no ano passado.

O Real tem um histórico de 2-1-1 contra o Atlético na liga local e em jogos de taça nesta temporada.

Para Amorrortu, a questão amanhã é se os talentos caros do Real podem bater o Atlético, cuja equipe foi montada por menos que o valor de transferência de Cristiano Ronaldo ou Bale.

“Às vezes a união das peças é o que vale mais”, disse ele.

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