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“Brasileiro é mais tolerante com mentira”, diz especialista

Autor de livro sobre psicologia da mentira diz que o hábito de mentir é inerente ao ser humano e que a cultura brasileira mostra uma aceitação maior para o deslize

Todos os seres humanos têm alma de Pinóquio, segundo o autor do livro "Não Minta Pra Mim! Psicologia da Mentira e Linguagem Corporal" (Jon Ng / Stock Xchng)

Todos os seres humanos têm alma de Pinóquio, segundo o autor do livro "Não Minta Pra Mim! Psicologia da Mentira e Linguagem Corporal" (Jon Ng / Stock Xchng)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2013 às 10h55.

São Paulo – Todo ser humano mente. Quem defende essa generalização é Paulo Sérgio de Camargo, grafólogo e especialista em linguagem não verbal que lançou recentemente o livro “Não Minta pra Mim! Psicologia da mentira e linguagem corporal”. Suas ideias têm base em vários estudos sobre comportamento humano e no cotidiano, que o levaram a perceber que a mentira é algo inerente à espécie e que, no Brasil, esse deslize costuma ser mais aceito do que em outros países.

“Nós nascemos, crescemos e morremos mentirosos. Com seis meses de vida, a criança já percebe o mecanismo em que, quando chora, a mãe pega e ajuda. Começa aí o choro de manha”, afirma. E tal "aprendizado" se aperfeiçoa com o tempo, segundo ele.

Isso porque, apesar de sempre ouvirem os pais dizendo que mentir é feio, os filhos recebem em sua criação instruções contraditórias, como a de elogiar a roupa ou a comida feita por alguém apenas por educação. Com o tempo, percebe-se que enganar o outro pode ter vantagens, seja para evitar um castigo ao quebrar um brinquedo, seja para não fazer outra pessoa sofrer.

Para evitar o descobrimento da incômoda verdade, as pessoas aperfeiçoam o hábito de dizer coisas falsas com o tempo. Mesmo assim, para a maioria, essa prática é algo difícil e nada prazeroso. Por isso, é possível identificar sinais de nervosismo muito comuns nessas situações.

Segundo Camargo, há mais de 30 sinais que servem de pista para identificar falas enganosas, desde os mais simples, como gaguejar, até o mais difíceis de perceber, como o surgimento de uma minúscula ruga na testa por um brevíssimo intervalo de tempo.

“Não existe um sinal do corpo humano que indica a falsidade, mas há sinais que mostram ansiedade e estresse. Por exemplo, a pessoa mente e começa a piscar mais rápido. Um dos indícios mais interessantes é quando se diz sim com a boca e a cabeça diz não”, diz.

No Brasil

Em seu livro, o especialista traz uma abordagem abrangente do assunto, dá exemplos e transpõe suas ideias para a realidade brasileira, algo difícil de ser encontrado em obras sobre o tema, já que a maioria é traduzida para o português. Essa análise do contexto nacional levou o grafólogo a perceber que a cultura do país costuma ser mais tolerante do que de outras nacionalidades.

“Estudei a mentira de outros países e, vendo o nosso dia-a-dia, percebo que o brasileiro é muito tolerante com ela e a esquece muito facilmente. Para nós, uma mentirinha não faz mal”, diz. Ele usa o exemplo do caso extraconjugal do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e da ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky . Na época, o então líder do país negou seu envolvimento com ela diante de todo o país.

Essa declaração provocou o quase impeachment de Clinton, que foi acusado de perjúrio e de obstruir a justiça. “Enquanto outros povos dão valor extremo para a mentira, o brasileiro segue em frente, a memória é curta”, afirma.

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