Cinema montado dentro de uma tenda, no centro de Mumbai (Indranil Mukherjee/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2013 às 13h44.
Mumbai - A indústria indiana do cinema festeja nesta sexta-feira seu centenário com a exibição nos cinemas de dois filmes homenageando sua origem humilde, na era do cinema mudo, e a influência de Bollywood sobre a sociedade atual.
Concebido por diretores renomados, "Bombay Talkies" reúne quatro curtas-metragens inspirados pelo amor que este vasto país de 1,2 bilhão de habitantes dedica ao cinema e pelo impacto dos filmes hoje em dia.
"Geralmente, nós celebramos aniversários, e isso é o que fazemos hoje. O cinema indiano completa cem anos e prestamos homenagem a ele", declarou Zoya Akhtar, que dirigiu o filme ao lado de Karan Johar, Anurag Kashyap e Dibakar Banerjee.
A exibição inclui uma breve aparição do astro do cinema, considerado na Índia como um semideus: Amitabh Bachchan. Quanto à música tema, faz referência as célebres estrelas Aamir Khan, Shah Rukh Khan, Priyanka Chopra e Kareena Kapoor.
O filme será exibido na Croisette, no Festival de Cannes (11 a 22 de maio), onde a Índia será homenageada nesta 66º edição.
"Os quatro curtas-metragens evocam a paixão pelo cinema e incluem elementos tais como teatro, dança, entretenimento. Todos estes ingredientes fazem parte de nossos filmes e nossa cultura", ressalta a co-produtora Ashi Dua.
O lançamento de "Bombay Talkies" coincide com o centenário do nascimento de Bollywood, em 3 de maio de 1913.
Nesta época, o cinema era mudo. Seu pai, Dhundiraj Govind Phalke, adaptou "O Mahabharata", um épico sânscrito da mitologia Hindu.
Seu filme "Raja Harishchandra" foi um grande sucesso, mesmo se os personagens femininos foram interpretados por homens - o cinema era uma profissão quase proibida para as mulheres.
Ele marca, sobretudo, o início da indústria cinematográfica mais dinâmica do mundo, que no ano passado produziu nada menos que 1.500 filmes em várias línguas faladas na Índia, apesar do hindi dominar.
Enquanto "Bombay Talkies" explora a vida de hoje, o segundo filme a ser exibido nesta sexta-feira, "Man Celluloid", presta uma homenagem ao fundador do Arquivo Nacional Cinematográfico, P.K. Nair.
O documentário, até então exibido apenas em festivais, retrata a dedicação de Nair para com a preservação de filmes que remonta à era do cinema mudo. Graças a este homem de 80 anos, nove filmes mudos de um total de 1.700 produzidos na Índia foram preservados.
"Cerca de 70% dos filmes produzidos antes de 1950 foram perdidos, incluindo algumas joias como o primeiro filme falado", explica P.K. Nair à AFP, referindo-se ao filme de 1931 "Alam Ara" (Luz do Mundo).
A tecnologia digital deve ajudar a conservar as joias do cinema para as gerações futuras, espera. "Há cerca de 12 mil filmes à espera de digitalização", segundo ele.
Na sexta-feira, o presidente da União Indiana, Pranab Mukherjee, vai participar ao lado de vários artistas e diretores do National Film Awards em Nova Deli, uma cerimônia de encerramento de um festival de seis dias celebrando a brilhante história do cinema indiano.
Bollywood nunca esteve tão bem: a indústria cinematográfica deve arrecadar 3,6 bilhões de dólares daqui a cinco anos, contra 2 bilhões hoje, segundo a KPMG.