(Andras Jancsik/Getty Images)
Paty Moraes Nobre
Publicado em 27 de outubro de 2018 às 07h00.
Última atualização em 27 de outubro de 2018 às 07h00.
Se você é uma pessoa aventureira, que curte um bom churrasco e ainda não conhece a Bolívia, poderá encontrar a seguir muita inspiração para embarcar rumo ao Salar Uyuni nas próximas férias.
Maior e mais alto deserto de sal do mundo, com 10 mil km², o Salar Uyuni fica localizado a cerca de 4 mil metros acima do nível do mar, no sudoeste da Bolívia, ao lado da Cordilheira dos Andes. Estima-se que haja 10 bilhões de toneladas de sal na área, formada há 40 mil anos após o Lago Michin, gigantesco lago pré-histórico, secar.
Todo passeio pelo Salar Uyuni é feito em jipes 4x4, que garantem acesso aos diversos tipos de terreno. As acomodações são rústicas e, em geral, as refeições são bem simples. No entanto, as paisagens exóticas e os sabores inesperados fazem cada segundo valer a pena. É uma experiência de tirar o fôlego, não só por causa das altas altitudes.
O real vale quase o dobro do boliviano, moeda do país vizinho.
Além do câmbio convidativo, os preços são realmente baixos. Um tour completo de três dias pelo Salar Uyuni com passeios, guia exclusivo, acesso aos parques, hospedagem e refeições sai por 700 reais por pessoa, aproximadamente.
O ponto de partida é na cidade de Uyuni, de onde saem os jipes com turmas de seis turistas por carro. Passamos pelo Cemitério de Trens, abandonado por falta de recursos em meados do século XX. Os vagões da ferrovia “fantasma”, que foi responsável por escoar parte da produção de prata e cobre extraída da região, viraram atração turística e parada obrigatória na rota do Salar Uyuni.
De lá, a expedição segue para Colchani, um povoado dedicado a exploração de sal e artesanatos, que serve de porta de entrada para o grande salar.
A cor branca do chão, em contraste com o azul do céu, logo preenche todo o horizonte. A imensidão do salar toma conta da vista para qualquer lado que se olhe. Depois de uma hora rodando no meio do deserto, chegamos ao Hotel de Sal, onde fica o monumento do Rally Dakar. A fome toma conta e o guia apresenta o menu: lhama e quinoa.
Ali mesmo, no meio do deserto de sal, o guia monta uma espécie de piquenique e nos oferece carne de lhama, legumes cozidos e quinoa, alimentos típicos da região andina.
A carne de lhama é macia e saudável por apresentar alto teor de proteína com baixo teor de gordura, , segundo o Ministério do Desenvolvimento Rural da Bolívia. Experimentei, durante toda a viagem, cortes com osso, steak e até linguiças artesanais. Tudo estava uma delícia, saboroso e suculento.
Passamos pela Ilha do Peixe, onde os cactos gigantes, que chegam a 5 metros de altura, impressionam. O primeiro dia acaba com um exuberante pôr-do-sol na área alagada do salar, que reflete o céu no chão, tornando o espetáculo ainda mais inesquecível.
Do povoado de San Juan, onde dormimos após um banho morno e um jantar com o tradicional prato Pique Macho, com batatas, cebolas, carne e pimenta, a viagem segue por mais paisagens incríveis.
Paramos para observar o Vulcão Ollague – ainda ativo –, a Árvore da Pedra, lagoas de diversas colorações e, finalmente, a Laguna Colorada, onde flamingos rosa em contraste com os tons azuis e vermelhos da água tornam a aventura ainda mais encantadora.
Alguns pontos de parada bem no “meio do nada” podem ser uma boa opção para conhecer um pouco mais dos sabores locais. Em uma cabaninha despretenciosa, achei parrillada (churrascada) de lhama e cerveja de coca artesanal. Que descoberta incrível!
A folha de coca, produzida na Bolívia em abundância, é utilizada em chás e outros preparos pelos locais, que também a mastigam em um dos cantos da boca para ajudar a suportar as altitudes elevadas e o ar rarefeito.
Após passar pelos gêiseres do Fumaroles de Sol de Mañana, o dia termina em alojamentos rústicos, localizados ao lado de uma fonte natural para banhos de água termal. Um jantar quentinho de sopa e pães caseiros ajuda a dormir no frio de -2ºC.
O último dia é intenso, repleto de mais paisagens exuberantes, como a Laguna Verde, o Canyon Anaconda e o Vale das Pedras. Aos poucos, o salar vai ficando para trás, dando lugar a montanhas rochosas cortadas por rios, onde cresce uma vegetação verdinha e rica em nutrientes. Por isso, a área é chamada de Paraíso da Lhamas, que se agrupam atrás de água e alimento.
Dicas importantes: Opte por contratar guias turísticos ou agências com experiência comprovada. É comum encontrar carros atolados ou com pneus furados pelo caminho, além de grupos de turistas que viajam de maneira independente perdidos. Verifique as condições climáticas e leve roupas adequadas, além de protetor solar. Não esqueça de sacar dinheiro em espécie para fazer compras nos povoados, onde geralmente não há wi-fi disponível.
Hospedagem e passeios: Quechua Connection 4WD
Como chegar: Amaszonas Línea Aérea