Esportivo da BMW chega à velocidade máxima de 290 km/h. (Eduardo Frazão/Exame)
Gabriel Aguiar
Publicado em 17 de junho de 2021 às 08h30.
Última atualização em 17 de junho de 2021 às 10h15.
É provável que o BMW M3 chame sua atenção pela grade (bem) grande. Ou talvez pela cor verde-limão – que, curiosamente, foi batizada mundialmente como São Paulo Yellow – do carro que CASUAL testou. E há muito mais que isso: motor biturbo com 510 cv de potência; freios de carbono-cerâmica; detalhes de fibra de carbono; e assistente para drift. Quanto custa? Exatos 849.950 reais.
Para começar, tenho uma má notícia para quem já está de olho no esportivo, porque o primeiro lote de 60 unidades já está esgotado. Então, agora, o jeito será encomendar. Mas, pelo menos, existe um ponto positivo nisso tudo, porque os compradores poderão personalizar cada unidade como bem entenderem. Estão disponíveis sete cores para a carroceria e quatro opções de revestimentos.
Durante o dia que tivemos acesso à novidade, ficou claro que o M3 – trazido nas versões Competition e Competition Track – não está preocupado com discrição. E é bem provável que essa também não seja a intenção dos futuros donos. Nem mesmo o parentesco com o “mundano” Série 3 foi capaz de ofuscar o brilho do modelo, que, de acordo com o fabricante, recebeu 80% de peças novas.
Do lado de fora, a principal diferença está na dianteira, que foi completamente redesenhada em relação ao irmão conservador (com novos faróis, tomadas de ar e para-choque). Só que os olhares mais atentos também devem perceber que os para-lamas estão mais largos para garantir espaço às rodas largas e aos pneus semi slick, enquanto, na traseira, existem quatro saídas para escapamento.
Como a redução de peso é palavra de ordem para modelos criados para as pistas, o novo BMW M3 tem teto de fibra de carbono. E, para quem levar a opção topo de linha Competition Track, como a das fotos, o pacote de equipamentos inclui também capa dos retrovisores, difusor de ar e bancos para competição feitos com o material. No fim das contas, a dieta da versão mais cara baixa 20,2 kg.
E nem precisa entrar no carro para ter o primeiro impacto: a chave mais parece um smartphone e dá até para controlar funções à distância por meio de uma tela sensível ao toque. Já sentado no banco, o corpo é abraçado pelo conjunto que permite a instalação de cintos de segurança de seis pontos para quem vai à frente – bem ao estilo Stock Car – e há ajustes elétricos até para o apoio lateral.
Basta tocar um botão no console para despertar o coração de seis cilindros 3.0, que ganhou 10 cv a mais que antes e tem 66,3 kgm de torque. E existem dois níveis de ruído do escapamento: alto e ensurdecedor. Mas há dois botões vermelhos no volante que chamam ainda mais atenção, justamente por remeter às pistas, já que permitem acessar duas personalidades totalmente diferentes do M3.
Mais que toda a preocupação com detalhes que os olhos veem, os engenheiros alemães se dedicaram a resolver “o bastidor” para garantir uma condução impecável. Por isso que o conjunto mecânico ganhou novos pontos de apoio, barras estabilizadoras de rigidez variável, suspensão traseira com reforços e até defletores de ar em lugares escondidos para evitar as brigas contra a aerodinâmica.
E o resultado é impressionante: basta pisar fundo no pedal do acelerador para grudar as costas contra o banco – e, ao mesmo tempo, incorporar o Ayrton Senna. Não é que, de uma hora para outra, o motorista aspirante a piloto ganha habilidade sobrenaturais. Mas, como todos os recursos trabalham em perfeita harmonia, é difícil provocar reações inesperadas que acabem em susto (ou até pior).
Claro que toda a brutalidade está ali, apenas contida por uma série de babás eletrônicas que atuam com toda discrição para evitar problemas maiores. Quer mais? Basta acessar a central multimídia e, como se fosse um código no videogame, as funções são liberadas. Só para o controle de tração, há dez ajustes. E, se o intuito é diversão, dá para ativar o modo de derrapagem que avalia manobras.
Por outro lado, para quem estiver cansado depois de uma tarde no track day, o BMW M3 permite ativar o sistema de condução semiautônomo com piloto automático adaptativo, frenagem automática e até o volante ajuda a fazer curvas por conta própria (mas não dispensa as mãos por muito tempo, tá?). E, para exibir nas redes sociais as proezas na pista, toda telemetria é compartilhável via app.
Claro que existem outros detalhes que, diante de todas maravilhas feitas, quase passam despercebidas. Quer um exemplo? Esse é o mesmo câmbio automático de oito marchas do M8 Gran Coupé, com trocas de marchas em apenas 200 milissegundos. E existem radiadores específicos para manter a temperatura de praticamente tudo. Isso é importante, sim, mas garanto: você nem se dará conta.