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Bíblia hebraica mais antiga do mundo é vendida por R$ 187,8 milhões

O Codex Sassoon data do final do século 9 ou início do século 10 e pertencia à família Safra

Os manuscritos hebraicos mais antigos conhecidos são os Manuscritos do Mar Morto, que datam do terceiro século a.C. até o primeiro século d.C. (AFP/AFP Photo)

Os manuscritos hebraicos mais antigos conhecidos são os Manuscritos do Mar Morto, que datam do terceiro século a.C. até o primeiro século d.C. (AFP/AFP Photo)

Agência o Globo
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Publicado em 17 de maio de 2023 às 20h33.

Uma Bíblia hebraica com mais de 1.000 anos foi vendida por um recorde de US$ 38,1 milhões (R$ 187,8 milhões) nesta quarta-feira em Nova York, tornando-se o manuscrito mais valioso já vendido em leilão. O Codex Sassoon, que data do final do século 9 ou início do século 10, é a Bíblia hebraica mais antiga e completa descoberta, disse a Sotheby's em um comunicado.

O livro mudou de mãos ao longo dos séculos e chegou a ficar perdido por quase 600 anos. O documento pertencia ao investidor e colecionador Jacqui Safra, sobrinho do bilionário Joseph Safra, e foi à leilão na Sotheby's de Manhattan. Os donos esperavam vender a peça por até US$ 50 milhões, o equivalente a R$ 261 milhões.

Coleções particulares

Antes de desaparecer, a última localização conhecida desta rara versão da Bíblia era uma sinagoga no nordeste da Síria, destruída entre os séculos 13 e 14. Encontrado em 1929, o livro esteve em coleções particulares desde então.

O Codex Sassoon, como é conhecido, foi anunciado pela Sotheby's como o exemplo mais antigo de um códice quase completo contendo todos os 24 livros da Bíblia Hebraica. Faltam cerca de cinco folhas, incluindo os 10 primeiros capítulos do Gênesis.

"Quando Sharon veio até nós, ela disse: 'Acabei de ver a mais antiga Bíblia hebraica completa', e fiquei esperando que ela dissesse 'em mãos particulares' ou 'nos últimos 50 anos'", disse, Richard Austin, chefe global da Sotheby's de livros e manuscritos. "Mas foi isso, ponto final".

Detalhes da Bíblia

O livro mede cerca de 30 x 35 centímetros e pesa cerca de 11 quilos. Tem uma encadernação nada atraente de couro marrom do início do século XX e traz gravado na lombada o número 1053 — seu número de catálogo na coleção de David Solomon Sassoon, o colecionador e estudioso britânico que o comprou em 1929. O atual proprietário é o financista e colecionador suíço Jacqui Safra.

O Codex Sassoon conta várias histórias - não apenas aquelas contadas em suas páginas, mas também a história da própria Bíblia hebraica e como seu texto foi corrigido e transmitido na forma que conhecemos hoje.

Os manuscritos hebraicos mais antigos conhecidos são os Manuscritos do Mar Morto, que datam do terceiro século a.C. até o primeiro século d.C. A partir daí vem um período descrito pelos estudiosos como de quase 700 anos de silêncio, com apenas alguns fragmentos de texto sobreviventes.

Durante esse período, a Bíblia hebraica teria sido preservada e transmitida oralmente. Embora os cristãos tenham começado a usar o códice (a forma do livro que conhecemos hoje) já no segundo século, os códices completos da Bíblia hebraica não aparecem até o século IX.

"Você tem sete séculos de nada", diz Sharon Liberman Mintz, consultora de história judaica da Sotheby´s. “E então você tem todo esse texto oficial, padronizado e preciso da Bíblia hebraica”. Idêntico, disse ela, ao lido e estudado em todo o mundo hoje.

O texto preservado nessas Bíblias é conhecido como texto massorético, em homenagem aos massoretas, escribas estudiosos que viveram na Palestina e na Babilônia entre os séculos VI e IX e desenvolveram sistemas de anotação para garantir que o texto fosse lido e transmitido corretamente.

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