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Batman luta por justiça social no Rio de Janeiro

'Cavaleiro das Trevas' participa de manifestações de rua

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2014 às 08h19.

Recentemente, um dos maiores heróis dos quadrinhos tem sido visto com frequência no Rio de Janeiro. Mas, ao contrário do 'Cavaleiro das Trevas' de Gotham City, na cidade ensolarada a luta do Batman brasileiro não é contra os bandidos na calada da noite, e sim, ao lado do povo, por justiça social.

Desde os protestos realizados no Rio durante a Copa das Confederações, no ano passado, Batman surge em meio aos manifestantes, atraindo as atenções de todos.

Suas aparições são recebidas, geralmente, com aplausos entusiasmados da multidão. E, assim, o Batman carioca se tornou uma celebridade. Quando chega, todos vão rapidamente saudá-lo. Como nas histórias em quadrinhos e nos filmes, ele é visto como o defensor da justiça.

Quando a versão brasileira do super-herói surge à noite nos Arcos da Lapa ou apertando a mão de um indígena durante um protesto, parece que o super-herói de Gotham realmente saiu das telas de cinema.

Na verdade, o Batman brasileiro está longe de levar a vida do magnata Bruce Wayne. Ele chama-se Eron Morais de Melo. É um protético de 32 anos e começou a se vestir de Batman depois de confeccionar a própria roupa, durante as grandes manifestações de junho de 2013. Eron decidiu ser o homem-morcego porque, para ele, Batman é um símbolo da luta contra a opressão.

Segundo Eron, no Brasil há uma ditadura disfarçada de democracia. E deixou claro à AFP que vai participar das manifestações até que a Constituição seja plenamente respeitada e os cidadãos tenham moradia, educação e saúde.

O Batman do Rio de Janeiro se transformou em uma figura acompanhada pela mídia e já recebeu vários convites para se filiar a partidos políticos. Mas ele se recusa a fazer parte de um sistema contra o qual luta.

Sua esposa se acostumou a vê-lo sair com a roupa especial. Eron chegou a ser detido pela polícia por ter desrespeitado uma lei proibindo manifestantes mascarados. Os heróis hollywoodianos estão muito presentes nas manifestações no Brasil e, durante a onda de protestos que arrastou para as ruas milhares de pessoas na primavera, muitos usavam as máscaras de 'Anonymous', do personagem histórico britânico Guy Fawkes, apresentado no filme inspirado no HQ "V de Vingança".

Também é comum encontrar Hulks, Super-homens e até Jack Sparrow, anti-herói do filme "Piratas do Caribe". Mas principalmente muitos 'Anonymnous' se misturam à multidão junto com outros mascarados do grupo anarquista 'Black Bloc', que entram em confronto com as forças de segurança, em atos que, quase sempre, terminam em depredações.

Desde que foi proibido o uso de disfarces, Batman vem usando, muitas vezes, uma cartolina que indica seu nome e o número de sua carteira de identidade, para provar que não usa sua máscara para se esconder das autoridades. Por algum tempo, ele deixou de ir às manifestações e as pessoas começaram a exibir cartazes perguntando: "Onde está o Batman?" Teria ficado o Rio sem o seu super-herói justiceiro?

Mas ele voltou e, recentemente, vem aparecendo também em outros eventos, como a 'Zombie Walk', um 'flash mob' planetário durante o qual as pessoas se fantasiam de zumbis. Naquele dia em Copacabana, ele apareceu com uma arma de brinquedo para "eliminar" os mortos-vivos.

No dia 9 de janeiro, lá estava Batman na Favela do Metrô, uma pequena comunidade situada entre o metrô e uma rocha perto do Maracanã. A favela deve ser totalmente eliminada antes da Copa do Mundo de 2014 para dar lugar a um centro comercial.

Em 2010, 637 famílias dessa comunidade foram removidas, mas outras pessoas se alojaram nas casas desocupadas. Esses novos ocupantes se recusam a sair e ergueram barricadas para impedir as autoridades de desalojá-los. E lá estava Batman para visitá-los e atrair a atenção da imprensa para o destino dessas pessoas.

Hoje, Batman é uma figura inevitável em todos os movimentos sociais no Rio e vai continuar assim durante a Copa. Sua presença parece levar algum conforto e estímulo a todos. Sem dúvida, dá aos manifestantes a esperança de que seu grito seja ouvido.

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