Time do Barcelona: A iniciativa, que existe desde o ano passado em alguns municípios da Catalunha, começou sua internacionalização pelo Rio de Janeiro (Getty Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2012 às 19h10.
Rio de Janeiro - Cerca de 400 crianças, de 8 a 14 anos, moradoras do Complexo do Alemão, conjunto de favelas na Zona Norte do Rio de Janeiro, têm agora a oportunidade de se beneficiarem das escolinhas de futebol e cidadania, fundadas pelo Barcelona.
Se trata do Projeto FutbolNet, que tem uma metodologia pedagógica e esportiva desenvolvida pela Fundação Barcelona, que aproveita a paixão dos meninos pelo futebol e sua admiração pelo clube catalão para agregar valores e princípios de cidadania.
O projeto foi lançado nesta quinta-feira na Vila Olímpica do Alemão pela Fundação Barcelona, a Fundação Mapfre, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Prefeitura do Rio, em um ato que contou com a presença da infanta Elena - primogênita do rei Juan Carlos da Espanha - diretora de Projetos Culturais e Sociais da Fundação Mapfre.
A iniciativa, que existe desde o ano passado em alguns municípios da Catalunha, começou sua internacionalização pelo Rio de Janeiro, e deve crescer em breve. ''Nossa intenção é levar esta experiência até outros países'', afirmou Juan Carlos de la Hoz, representante do BID no Brasil.
O evento contou com dezenas de crianças vestindo os uniformes oferecidos pelo projeto. Os pequenos se mostraram ansiosos para tirar fotos com Belletti, ex-jogador do Barcelona e da seleção brasileira.
A experiência funcionará inicialmente na Vila Olímpica do Alemão, instalação poliesportiva construída pela Prefeitura em um dos acessos da favela da Grota, mas será estendido em outros bairros do Complexo do Alemão.
Ao contrário do futebol convencional, o FutbolNet tem três tempos: no primeiro as crianças conversam na quadra sobre alguns valores como companheirismo, solidariedade e fair play; na segunda etapa, disputam uma partida sem árbitros e nem técnicos, e no terceiro tempo, ocorre uma avaliação do trabalho feito.
O vencedor não é o que mais faz gols, mas sim o que perde menos pontos por atitudes anti-desportivas, como não incluir meninas em sua equipe, discutir no campo, ou não assumir as faltas cometidas.
Além do treinamento dos guias e treinadores, o projeto, com um custo inicial de US$ 1,5 milhão, oferece os uniformes, a infraestrutura e um acompanhamento permanente.
''A metodologia surgiu na Colômbia, onde foi aplicada em projetos contra as drogas, e também na Alemanha, na Fundação Barcelona. Adaptamos com novas regras e a consolidamos com manuais específicos'', disse à Agência Efe uma fonte da fundação vinculada ao clube catalão.
A mesma fonte reconheceu que as crianças são atraídas inicialmente pela marca Barcelona, mas não se decepcionam quando conhecem o projeto e a possibilidade de conhecer ex-jogadores da equipe, ou inclusive de viajar à sede do clube catalão.
''Aprendemos muitas coisas e conhecemos melhor os meninos que vivem na comunidade. Mas também é uma chance de aproveitar jogando futebol'', disse Hugo Leonardo, estudante de 11 anos que sonha em ser meia do Barcelona.
A Fundação insiste em esclarecer que a escola não existe para descobrir talentos. ''Nossa intenção é transmitir valores. A intenção não é desenvolver o melhor jogador, mas sim o melhor cidadão'', afirmou o diretor-geral da Fundação, Josep Cortada.
''O objetivo do projeto é fazer com que estas crianças possam fazer parte de uma geração diferente a outras da mesma comunidade que não tiveram nenhuma oportunidade'', afirmou o diretor de Ação Social da Fundação Mapfre, Fernando Garrido.
Para o secretário de esportes da Prefeitura do Rio de Janeiro, Romário Galvão, essa é uma oportunidade para as crianças que viveram durante muitos anos ''sem o direito de sonhar''. EFE