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Assassinatos de Charles Manson atraem turistas 50 anos depois

Aniversário de 50 anos do assassinato da atriz Sharon Tate e de outras 4 pessoas tem levados turistas à rua Cielo Drive, em Beverlly Hills

Charles Manson (Bettmann/Getty Images)

Charles Manson (Bettmann/Getty Images)

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AFP

Publicado em 12 de agosto de 2019 às 13h43.

Como um guia turístico especializado nas mortes mais proeminentes de Hollywood, Scott Michaels está ciente do fascínio dos americanos pelo lado obscuro do mundo dos astros e estrelas.

Mas nunca viu algo parecido ao furor provocado pelo 50º aniversário do assassinato da atriz Sharon Tate e outras quatro pessoas por Charles Manson.

"Não tem precedentes, de verdade. Nunca vi tanta fascinação", explicou à AFP em seu museu de Los Angeles. "Fiz tours adicionais, dois ou três por semana. O sucesso é uma loucura".

Michaels leva seus clientes a Cielo Drive, a rua arborizada e sinuosa em Beverly Hills onde a esposa do diretor Roman Polanski, Sharon Tate, foi esfaqueada até a morte quando estava grávida de oito meses e meio, em 9 de agosto de 1969.

No ano passado, um de seus clientes foi o diretor de cinema Quentin Tarantino, que buscava informações para seu novo filme, "Era uma vez... em Hollywood", cujo pano de fundo são os incidentes de Cielo Drive.

Os assassinatos aterrorizaram Hollywood e dominaram as manchetes do mundo todo.

Manson, retratado em seu julgamento como um jovem solitário, louco pelas drogas e com fascinantes poderes de persuasão, ordenou a seus devotos que realizassem assassinatos em bairros brancos ricos com o objetivo de desencadear uma guerra racial.

No filme, que intensificou o interesse por uma tragédia muitas vezes descrita como um momento crucial na história dos Estados Unidos — o fim da era da paz e do amor —, Margot Robbie encarna a inocente e despreocupada Tate.

"Sharon era bonita... Tornou-se um símbolo verdadeiro do bem absoluto, enquanto Manson era todo o contrário", diz Michaels, que foi creditado como assessor técnico no filme.

Estrelas de rock e monstros

Manson morreu em uma prisão da Califórnia em 2017, mas os detalhes horripilantes dos assassinatos que ordenou ainda continuam vivos.

Tate, que tinha 26 anos, suplicou pela vida do filho que carregava dentro da barriga enquanto os discípulos de Manson a esfaquearam até a morte. Quatro deles irromperam em sua casa à noite.

Polanski estava na Europa, mas outros quatro convidados que estavam em sua casa também foram assassinados.

Abigail Folger, uma herdeira do café, estava lendo tranquilamente um livro na cama quando os agressores irromperam e a mataram.

O museu "Dearly Departed", de Michaels, em Los Angeles oferece uma variedade de lembranças macabras e visitas guiadas sobre mortes que vão desde Janis Joplin até a "Dália Negra", mas os assassinatos de Manson são os que mais atraem a atenção do público.

"É meu caso favorito. Favorito soa horrível. Mas é, devo admiti-lo", diz Michaels, apontando que a história "inclui estrelas do rock, estrelas de cinema, glamour e monstros".

Peggy Miles, uma mulher de 56 anos que cresceu perto dos assassinatos e ainda está fascinada, fez o "Helter Skelter" tour.

Disse que para muitos americanos, os assassinatos transformaram a contracultura hippie de uma curiosidade marginal a algo perigoso ou malvado.

"Ver os hippies se tornou algo realmente terrível", explicou.

Muitos de seus vizinhos instalaram cercas ou compraram armas, e ela foi proibida de ir sozinha para a escola.

 "Mataram por ele"

O tour leva o nome do plano de Manson de começar uma guerra racial nos Estados Unidos. Ele o nomeou assim por uma canção dos Beatles.

No ônibus também está Lauren Kershner, de 28 anos, que ficou obcecada com o culto a Manson quando era adolescente e leu cinco vezes o livro de Vincent Bugliosi sobre o caso.

"Estou aqui pelo 50º aniversário", admitiu.

"Manson tinha tanto controle mental sobre as pessoas que conseguiu fazer com que matassem por ele. Isto me fascina", explicou a jovem.

Michaels diz que tal fascínio pelos detalhes é normal, tanto que até Tarantino entrou em contato com ele antes de filmar "Era uma vez... em Hollywood" para pedir ajuda com a pesquisa e as localizações.

O diretor fez perguntas intermináveis a Michaels, desde quem eram os ocupantes anteriores da casa em Cielo Drive até que livro Folger estava lendo quando foi assassinada.

"É um tema sobre o qual nunca cansei de ler ou de debater", explicou o guia. "Não o comemoro. Mas é a isso que me dedico".

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