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As dicas de Spike Lee para Edward Norton filmar em Nova York

"A preparação é a chave em Nova York. Você tem que se mover rápido"

Edward Norton: trabalhando em Nova York, agora como diretor (Getty Imagens/Getty Images)

Edward Norton: trabalhando em Nova York, agora como diretor (Getty Imagens/Getty Images)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 30 de outubro de 2019 às 07h00.

Última atualização em 30 de outubro de 2019 às 07h00.

Edward Norton mudou-se para Nova York em 1991, logo após se formar na faculdade. ”Eu não tinha certeza do que queria fazer, mas a maior parte do meu interesse, além de escalar montanhas, estava aqui”, disse o ator no final de setembro, sentado no Knickerbocker Bar & Grill, um restaurante do Greenwich Village.

Ainda não tendo “admitido para si mesmo” que queria continuar atuando ao chegar a Nova York, Norton - que cresceu em Maryland - começou a trabalhar para seu avô, James Rouse, “um planejador urbano progressista, desenvolvedor e especialista muito famoso sobre revitalização das cidades. “Ele trabalhou no desenvolvimento de moradias populares, encarregado de entrevistar moradores de moradias públicas e de aprender sobre as circunstâncias de suas vidas. “[Meu avô] dizia coisas como: ‘Para servir as pessoas, é preciso amar as pessoas”, contou Norton.

Norton vive em Manhattan desde então. Três vezes indicado ao Oscar, Norton dirigiu, escreveu e estrelou o filme Brooklyn – Sem Pai Nem Mãe, que estreia em novembro. Cerca de 28 anos depois de trabalhar para o avô, ele continua incansavelmente apaixonado pela cidade. O filme, adaptado do romance de Jonathan Lethem, de 1999, explora a maneira como os bairros da cidade foram transformados na década de 1950, quando as autoridades pretendiam eliminar moradias para comunidades de baixa renda e priorizar a construção de estradas e pontes, beneficiando a elite.

Era importante para Norton reunir um elenco de atores de Nova York - incluindo Alec Baldwin, Cherry Jones, Bobby Cannavale, Bruce Willis e Willem Dafoe - que ele conheceu ao longo de suas três décadas como residente da Big Apple. “É como uma companhia de repertório de verdadeiros atores de Nova York. Acho que precisava disso, porque precisava de pessoas que precisariam menos de mim como diretor, porque é um filme denso e cheio de palavras”, disse. “Eu precisava de pessoas que sabem sair do palco e fazer a coisa toda.”

Norton, que trabalhou em cerca de uma dúzia de filmes gravados em Nova York, disse estar ”familiarizado o suficiente com a dinâmica” que se sentiu preparado para a tarefa um tanto estressante. “A preparação é a chave em Nova York. Você tem que se mover rápido em Nova York. É uma das coisas que eu realmente aprendi com Spike Lee [que dirigiu Norton em A 25ª Hora] mais do que qualquer outra pessoa. Ele é um estilista confiante e definitivo e sabe o que vai fazer. Ele conhece sua cidade, ele sabe como se mover dentro dela.”

Não importa quanto se prepare, porém, uma produção como esta ainda é uma tarefa árdua. ”Existe a famosa frase de Mark Twain: ‘Estou feliz por ter feito isso, em parte porque valeu a pena, mas principalmente porque nunca mais precisarei fazer isso de novo’”, brincou Norton. “Foi difícil. O maravilhoso é que é como caçar um tesouro sendo adulto. Você decide isso sozinho e diz [por exemplo]: ‘Agora, onde podemos encontrar uma grande piscina antiga na cidade?’ E eis que essa piscina [acaba sendo] uma piscina pública no Harlem.”

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