Artista palestina Abeer Jibril trabalha em suas pinturas de bailarina na Cidade de Gaza. (Mohammed Salem/Reuters)
Reuters
Publicado em 20 de setembro de 2021 às 12h18.
Última atualização em 20 de setembro de 2021 às 15h23.
As pinturas sombrias da artista palestina Abeer Jibril mostram bailarinas enroscadas em arame farpado, dançando sobre rochas ou encarando barricadas para espelhar o que ela chama de realidade de "bomba-relógio" das mulheres de Gaza.
Ela espera que seus retratos chamem atenção para os problemas sociais e políticos que as mulheres enfrentam em Gaza, lar de 2 milhões de pessoas devastado por guerras e restrições econômicas.
A artista disse que seu trabalho retrata as limitações às quais as mulheres estão sujeitas dentro da família e da comunidade de Gaza, um território tradicionalmente conservador governado pelo grupo islâmico Hamas desde 2007.
Inspirada pelo artista impressionista francês Edgar Degas, Jibril disse que uma bailarina retrata as mulheres como belas, livres, poderosas e atléticas.
"A razão para eu ter escolhido a bailarina é que a vejo como um ícone de beleza e poder. Portanto, eu a escolhi para se tornar a heroína de minhas obras", contou Jibril, de 35 anos, à Reuters em sua casa na Cidade de Gaza.
"Isto mostra o que a mulher sente, vive, enfrenta e como ela está acorrentada, mostra o que ela sente em Gaza ao público", disse ela sentada diante de várias de suas pinturas.
"Homens e mulheres estão acorrentados sob a ocupação", disse Jibril em referência a Israel, que assim como o Egito impõe restrições rígidas na fronteira com Gaza por motivos de segurança.
Ela disse que suas pinturas também explicitam como "as mulheres sofrem com o domínio dos homens e a incapacidade de opinar em assuntos que importam".