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Artes marciais ajudam crianças a lidar com sentimentos

Academia americana não foca apenas no físico: a ideia é fazer com que os discípulos - todos meninos - entendam que emoções também são coisa de homem

The Cave of Adullam: academia quer também fazer com que os discípulos - todos meninos - entendam que emoções também são coisa de homem (Divulgação)

The Cave of Adullam: academia quer também fazer com que os discípulos - todos meninos - entendam que emoções também são coisa de homem (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2016 às 21h07.

Um menino, vestido em um kimono, tenta quebrar uma tabua com golpes. Ele tenta, tenta, tenta até que consegue - mas se machuca e se frustra tanto com as várias tentativas que começa a chorar.

O professor, um homem alto e forte, dispara a pergunta: "Por que você está chorando?". O resto da cena é surpreendente: em vez de humilhar o garoto com o clichê "homens não choram", o mestre diz: "É ok chorar. Nós choramos como homens. É disso que se trata essa aula".

Jason Wilson, mestre de artes marciais há 22 anos, é o professor da cena acima. Para ele, dizer que "meninos não choram" é besteira - todo mundo chora, afinal.

Para explorar isso, Wilson criou a academia de artes marciais The Cave of Adullam, em Detroit - uma das cidades com mais violência policial e de gangues dos EUA .

Diferente da maioria das escolas de luta, a Cave of Adullam não foca apenas no físico - nem incentiva seus alunos a participar de competições: a ideia é "ensinar, treinar e transformar esses meninos antes que o mundo o faça", diz Wilson, no vídeo de apresentação da academia.

A escola - que Wilson chama de Transformational Training Academy (Academia de Treinamento Transformacional), ensina as modalidades Aikijutsu, Jiujitsu, Kempo e Boxe e, ao mesmo tempo, os professores - o mestre Wilson e o instrutor Chris Norris - ajudam os garotos a encarar emoções como raiva, tristeza, saudade e inveja.

A ideia é mostrar para os meninos que é falsa a noção de masculinidade que os filmes, os quadrinhos e as séries de TV passam: aquele sujeitão agressivo, sem contato com as próprias emoções.

"Durão", no jargão das dublagens. "Ninguém permite que homens sejam emocionais. A cultura prega que nós usemos uma roupa de Super homem o tempo todo. Isso acaba machucando os próprios meninos", explica Wilson.

Outra frente de luta contra a "falsa masculinidade" é o fortalecimento dos laços entre pais e filhos: em algumas aulas, os pais podem participar, e exercícios em duplas são passados para aumentar a confiança e a comunicação entre os dois - um exemplo desse tipo de exercício são as flexões do pai com o filho nas costas, que funciona como uma metáfora da sustentação dos filhos.

O professor também procura dar um apoio aos muitos alunos cujos pais são ausentes - o que, segundo Wilson, muitas vezes desencadeia a agressividade nos meninos. "Estaremos aqui para eles. Queremos que eles saibam que aqui há alguém com quem eles podem contar".

"Minha tese de combate é amar sempre e só lutar se for necessário", diz Wilson. "É vital que eu ensine os meninos que a violência começa antes que os punhos sejam cerrados, e antes que as balas sejam disparadas. Qualquer um pode quebrar a mandíbula de alguém, mas queremos ensinar que esses meninos não precisam provar que são poderosos".

Assista (em inglês):

https://youtube.com/watch?v=Q4zTYG9ccYs

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