Philipp Lahm corta um chute de Valbuena durante partida das quartas de final da Copa (Mat Dunham/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2014 às 19h07.
Rio - Joachim Löw passou boa parte da Copa do Mundo dizendo que Phillipp Lahm seria volante durante todo o torneio e que nada o faria mudar de ideia.
Bem, essa convicção toda não resistiu a uma decepcionante atuação da Alemanha na partida contra a Argélia, pelas oitavas de final.
O treinador achou que havia chegado a hora de ser flexível e escalou o capitão em sua posição natural, a lateral direita. E ele não se arrependeu, certamente.
Com Lahm na lateral, a Alemanha ganhou velocidade pelo lado direito e estabilidade no meio de campo - cortesia da dupla formada por Khedira e Schweinsteiger, que tanto brilhou na Copa de 2010.
Löw disse que a mudança foi feita pensando no forte meio de campo da França, que é formado por Matuidi, Cabaye e Pogba. "A França tem um meio de campo muito poderoso, então é difícil avançar contra eles pelo meio", explicou o treinador.
"Era mais fácil avançar pelos lados do campo, por isso decidi escalar Lahm na lateral. E deu certo. Foi uma decisão tomada por razões táticas."
A volta de Lahm às suas origens era uma exigência de muitos torcedores e jornalistas alemães.
As críticas à decisão de usar o capitão como volante, "invenção" de Pep Guardiola no Bayern de Munique, foram muitas e agora o país inteiro quer saber se o capitão será mantido na lateral na semifinal.
Löw não pretende acabar com essa dúvida tão cedo. "Ainda não sei como os jogadores estarão nos próximos dias, tenho de esperar para tomar uma decisão."
Outro objetivo alcançado por Löw ao devolver Lahm à lateral foi anular o veloz Griezmann, que joga pelo lado esquerdo do ataque francês. E nisso ajudou muito Thomas Müller, que, com a entrada de Klose no time, retomou a velha parceria com Lahm pela direita.
CALOR - Depois de um "refresco" em Porto Alegre, onde jogou contra a Argélia com temperatura baixa, a Alemanha voltou a ter o calor como um adversário nesta sexta-feira - na primeira fase, a equipe jogou em Salvador, Fortaleza e Recife.
O horário da partida (13 horas) teve uma influência enorme no andamento do clássico europeu, pois a temperatura esteve alta no Maracanã do começo ao fim da partida.
O treinador da Alemanha não se queixou do calor, até porque os franceses sofreram tanto quanto seus jogadores, mas ele atribuiu às condições climáticas o ritmo lento que foi a marca do jogo.
"Não é fácil para nós, europeus, jogar às 13 horas em um clima tão quente", comentou Löw. "É difícil manter a concentração, o controle... Depois de dois ou três piques o jogador já está cansado e, nessas condições, os erros aparecem com maior frequência."
Desde que chegou ao Brasil, há quase um mês, Löw tem dito que só pensa em ser campeão mundial. Assim mesmo, ele não pôde deixar de celebrar o fato de a Alemanha ter chegado à semifinal da Copa pela quarta vez consecutiva, feito inédito na história da competição. O treinador enxerga essa façanha como uma prova da capacidade da seleção de se renovar.
"O time vem mudando desde 2006", disse Löw. "E é bom que não tenhamos sempre os mesmos jogadores. Você não pode esperar de alguém que está em alto nível por oito ou dez anos que jogue assim sempre. Mas, no fim das contas, temos jogadores excelentes e é isso o que explica o sucesso da equipe."