Férias: após um confinamento devastador para a economia, a prioridade de cada país é retomar o consumo interno, com os gastos em turismo no alvo (Foto/AFP)
AFP
Publicado em 12 de junho de 2020 às 20h14.
Ainda afetados pela pandemia, os cidadãos europeus, passarão majoritariamente as férias de verão (hemisfério norte) em seus países, o que permitirá estimular as economias nacionais estagnadas.
A partir de 15 de junho, 75% dos Estados-membros da União Europeia (UE) suspenderão as restrições de circulação dentro do bloco. Com o objetivo de reativar o turismo o mais rápido possível, a Itália se antecipou e abriu as fronteiras aos visitantes europeus em 3 de junho.
Na França, apenas 20% das reservas para o verão registradas nas agências de viagens são para o exterior, contra 66% habitualmente. E o número de reservas nacionais na plataforma Airbnb aumentou 40% na comparação com o ano passado.
"Tudo tem dois lados: se os países pudessem, fechariam suas fronteiras para reter os habitantes e as abririam para atrair turistas estrangeiros", disse à AFP Jean-Pierre Mas, que representa as agências de viagens francesas.
Após um confinamento devastador para a economia, a prioridade de cada país é retomar o consumo interno, com os gastos em turismo no alvo. Uma tendência que coincide com as intenções de muitos europeus, com pouca vontade de atravessar as fronteiras.
O governo francês defende o turismo nacional e lançará a campanha #CetétéjevisitelaFrance (Neste verão vou visitar a França), para ressaltar a diversidade do país.
A vizinha Alemanha também fez algo parecido com a campanha "Descubra a Alemanha", organizada por 16 estados regionais.
Na Espanha, o primeiro-ministro Pedro Sánchez fez um apelo a favor da retomada do turismo nacional. Mas, para um país onde o turismo representa 12% do PIB, é impossível imaginar uma temporada sem visitantes estrangeiros, o que gerou a campanha "A Espanha espera por vocês".
"O verão grego é mais que o mar e o sol... é uma maneira de pensar", afirma a Grécia em uma campanha aos turistas estrangeiros. O país reduziu de 24% a 13% o IVA nos transportes (avião, trem, barco) e nos pacotes turísticos.
o governo grego não esqueceu, no entanto, sua população: o país vai dobrar o número de pessoas beneficiadas pelo turismo social e prevê reduzir os preço das passagens de barco para estimular viagens às ilhas.
A Itália também busca o turista estrangeiro, mas não esquece seus cidadãos, graças ao "bônus de férias", com limite máximo de 500 euros (567 dólares) para as famílias. Mais de 70% dos italianos passam as férias de verão na península.
A Eslovênia também distribuirá cheques de férias de 200 euros (226 dólares) para gastos locais em alojamento, ou em restaurantes.
Viena adotará uma iniciativa similar: a capital austríaca enviará um vale de entre 25 e 50 euros (entre US$ 28 e US$ 56) para 950.000 famílias.
"Visitem os bares, ajudem nossa gastronomia a superar a crise", pediu o diretor da Câmara de Comércio de Viena, Walter Ruck.
Apesar do aumento do consumo doméstico, o cenário não compensará a perda de dezenas de milhões de diárias.
"Há um aumento na demanda nacional, mas estamos longe de compensar a falta de visitantes estrangeiros", adverte o presidente da federação espanhola de agências de viagens Fetave, César Gutiérrez Calvo.
A Holanda afirma que terá entre 12 e 15 milhões de turistas estrangeiros a menos em 2020. Na França, os visitantes internacionais representam 135 milhões de diárias, e na Alemanha, quase 90 milhões.