Porsche 911 Turbo S: entrega no Brasil programada para setembro (Rodrigo Aguiar Ruiz/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 13 de agosto de 2020 às 07h00.
Não haveria local mais apropriado que um autódromo para colocar à prova a nova geração do esportivo Porsche 911 Turbo S, modelo de rua de uma das mais cultuadas marcas de carros, que, pelos seus números de desempenho, poderia muito bem ser denominado um superesportivo, sem perigo de se estar cometendo um exagero retórico. Afinal, trata-se de um fato: esse é o Porsche de rua mais rápido do mundo. Mais veloz que isso, só os modelos de competição.
Senão, vejamos: o carro, equipado com motor boxter traseiro 3.8 litros turbo (turbos, na verdade, no plural, porque são dois) e seis cilindros, é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 2,7s (0,2 segundo abaixo que o seu antecessor) e atingir 330 km/h. Melhor chamá-lo de bólido mesmo, não?!
O Porsche Turbo S é realmente uma evolução da espécie. Diria que mudou muito, para continuar sendo o mesmo — o mesmo carro que encanta quem acha que velocidade importa, sim!. A começar pelo motor citado acima, de geometria variável (traduzindo o mecanês: a geometria variável permite que o propulsor opere no máximo da potencialidade, numa faixa de regime mais ampla).
O esportivo, corrigindo, vá lá, o superesportivo está mais largo, traz novos recursos aerodinâmicos, a tração integral foi aperfeiçoada, o chassi foi rebaixado, até a dimensão dos pneus foi repensada. E, a cereja do bolo, o sistema de escapamento esportivo tem flaps ajustáveis, garantia de som diferenciado, nervoso, inquieto. O interior? Bem, basta dizer que o motorista se sente “vestido” pelo carro, em uma indumentária legitimamente esportiva, claro.
Enquanto deslisava pelo traçado de 4.309 metros de Interlagos — fazendo de tudo para não desrespeitar a história daquele palco do automobilismo mundial, por onde desfilaram dezenas, talvez centenas de pilotos vitoriosos, a começar por Ayrton Senna —, pensava comigo mesmo que existe lugar e hora para tudo. Ali, acelerando com tudo, fui vencendo meu medo e pisando fundo, muito fundo. Resultado: 220 km/h. Para mim, um colosso. Mas outros jornalistas fizeram 240 km/h, 250 km/h... paciência.
No cotidiano, a qualidade de vida e o meio ambiente pedem cada vez mais carros racionais, contidos, econômicos, compactos, menos exibidos até, capazes de cumprir com sensatez sua tarefa de levar e buscar pessoas e coisas para cima e para baixo, não causando no entorno ruídos — no sentido figurado e literal.
Terminado o expediente do dia, da semana, chegado o feriado prolongado, programadas as férias, poder dirigir uma máquina dos sonhos é uma terapia e tanto. E, se for em uma pista que permita o piloto se soltar sem pisar antes da hora nos freios, melhor ainda. Acelerar, domar as curvas, testar a própria coragem nas retas, tendo como companhia o — literalmente, aqui — ruído, melhor dizendo, a sinfonia de um belo motor.
O novo Porsche Turbo S deixa a gente assim, meio sensível, meio poético ao volante, a ponto de me fazer encontrar um paralelo daquele momento com os encantadores versos do mestre Carlos Drummond de Andrade: “Eu não devia te dizer, mas essa lua, mas esse conhaque, botam a gente comovido como o diabo”. É quase isso…
Porsche 911 Turbo S
Motor: 3.8 litros biturbo
Câmbio: automático, de oito velocidades
Potência: 650 cv
Torque: 800 Nm
Velocidade: 0 a 100 km/h: 7,7s
máxima: 330 km/h
Preço: a partir de 1.359.000 reais