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América Latina retorna com força ao Festival de Cannes

A AL aspira à Palma de Ouro com "Post Tenebras Lux", de Carlos Reygadas, que competirá com outros 21 filmes, entre eles "Na Estrada", de Walter Salles

"Na Estrada", do brasileiro Walter Salles, é uma das estreias mais aguardadas de Cannes (Valery Hache / AFP)

"Na Estrada", do brasileiro Walter Salles, é uma das estreias mais aguardadas de Cannes (Valery Hache / AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2012 às 16h20.

Quase ausente na edição passada, a América Latina retorna com força ao 65º Festival de Cannes (16-27 de maio), com filmes em todas as sessões desta vitrine do cinema mundial, que também deu um lugar de honra ao Brasil.

A América Latina aspira à Palma de Ouro com "Post Tenebras Lux", do mexicano Carlos Reygadas, que competirá com outros 21 filmes, entre eles "Na Estrada", do brasileiro Walter Salles, que é uma das estreias mais aguardadas de Cannes.

Reygadas, que causou impacto em edições passadas com "Japão", "Batalha no Céu" e "Luz Silenciosa", não é o único mexicano na disputa oficial. Também estará presente o jovem realizador Michel Franco com "Después de Lucía".

Esse filme surpreendente será apresentado na seleção oficial Um Certo Olhar, que propõe também filmes de Colômbia, Argentina e Cuba.

"A América Latina, que sempre foi uma grande terra de cinema, caracteriza-se hoje por uma jovem criação formidável", destaca Thierry Frémaux, o responsável pela seleção oficial do maior festival do cinema mundial.

A presença latina é arrasadora na Quinzena dos Realizadores, uma sessão paralela que tem como meta "descobrir filmes de jovens autores e saudar as obras de diretores reconhecidos", onde sete dos 19 filmes selecionados são falados em espanhol.

Na Semana da Crítica, dois dos sete filmes em competição são latinos: "Los Salvajes", um filme sombrio do argentino Alejandro Fadel, e "Aquí y allá", do espanhol Antonio Méndez Esparza, sobre um imigrante mexicano que retorna a seu país.

Em entrevista à AFP, os responsáveis das diferentes sessões do Festival, que viram mais de 1 mil filmes antes de anunciar sua seleção, não escondem terem ficado surpreendidos com a qualidade e riqueza do cinema que está sendo feito na região.

"Ficamos impactados com o dinamismo, a qualidade e diversidade do cinema latino-americano", resumiu Edouard Waintrop, responsável pela Quinzena dos Realizadores.

Destacou em particular a ascensão da Colômbia, que estará presente em Cannes com "La Playa", de Juan Andrés Arango (Um Certo Olhar) e com "La Sirga", de William Vega (Quinzena dos Realizadores).

O historiador de cinema Charles Tesson, responsável pela Semana da Crítica, atribui essa forte presença latina em Cannes às políticas de apoio ao cinema impulsionadas em alguns países, assim como a criação de escolas que estão estimulando o surgimento de jovens cineastas.

"A Colômbia está impulsionando políticas de apoio ao cinema, que respeitam o mercado, mas ajudam a produção de primeiras obras", explicou Tesson em entrevista na sede parisiense dessa sessão dedicada à descoberta de novos talentos.

"Chama a atenção que inclusive pequenos países como Equador apliquem políticas de apoio ao cinema, com bons resultados", afirmou.

Para William Vega, o realizador de "La Sirga", a renovada força do cinema latino explica-se pela vontade da nova geração de cineastas de contar sua realidade "da sua maneira".

"Queremos contar nossas próprias histórias, de uma forma nova", explicou Vega em Paris, onde supervisionou a pós-produção de seu filme coproduzido por Colômbia, México e França.

O resultado, afirmou Waintrop, são filmes originais, e "que fazem rir, chorar, ou as duas coisas".

Confessou que havia rido com "3" do uruguaio Pablo Stoll Ward e com "La Noche de Enfrente", obra póstuma do chileno-francês Raúl Ruiz, e que "Infância Clandestina", do argentino Benjamín Ávila, sobre o drama dos filhos de guerrilheiros durante a ditadura argentina, o fez chorar.

Da Argentina está presente "Elefante Blanco", de Pablo Trapero, com Ricardo Darín ("O Segredo de Seus Olhos"), que será apresentado em Um Certo Olhar.

Essa seleção oficial inclui também "7 días en la Habana", que retrata essa cidade vista por sete diretores diferentes: Benicio del Toro, o espanhol Julio Medem, os argentinos Pablo Trapero e Gaspar Noé, o cubano Juan Carlos Tabío e o palestino Elía Suleiman.

O Chile está presente na Quinzena dos Realizadores com "No", de Pablo Larraín, sobre o plebiscito sobre Augusto Pinochet. Nessa seleção está também o documentário "Fogo" da joven mexicana Yulene Olaizola, e "Sueño y silencio", do espanhol Jaime Rosales.

Para encerrar uma edição particularmente favorável à América Latina, o sorrizo da atriz franco-argentina Berenice Bejo, estrela de "O Artista", iluminará a gala de inauguração e encerramento deste Festival, cujo convidado de honra é o cinema do Brasil.

O último filme de Nelson Pereira dos Santos, "A Música Segundo Tom Jobim", será apresentado em uma sessão especial, em meio a uma homenagem ao país.

Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo, presidirá o júri da Câmera d’Or, prêmio reservado às obras-primas presentes nas diferentes sessões do Festival.

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