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Aluguéis de apartamentos caem em cidades mais ricas do mundo

Estudantes internacionais, que normalmente aumentam a demanda, estão presos em casa e locatários jovens veem menos razões para morar perto de tudo

Apartamentos residenciais em Londres. (Bloomberg/Bloomberg)

Apartamentos residenciais em Londres. (Bloomberg/Bloomberg)

DS

Daniel Salles

Publicado em 22 de outubro de 2020 às 09h28.

Nos grandes centros financeiros do mundo - como Nova York, Toronto, Londres e Sydney - os aluguéis de apartamentos mostram queda.

Estudantes internacionais que normalmente aumentam a demanda estão presos em casa, e locatários jovens - o grupo mais dinâmico no mercado imobiliário - veem menos razões para pagar um prêmio para viver no que, por enquanto, não é mais o centro de tudo.

“Você é louco se não estiver negociando um aluguel mais baixo agora”, disse Tim Lawless, chefe de pesquisa para Ásia-Pacífico para o provedor de dados CoreLogic.

Com o trabalho remoto disponível para muitos, de bancos a empresas de tecnologia, e fechamento de lojas e bares que tornavam a vida em uma cidade mais divertida, a equação sobre onde morar está mudando. E também o equilíbrio de poder entre proprietários e inquilinos.

 

Christine Chung, de 26 anos, aproveita a oportunidade. Ela acabou de negociar uma redução de 9% no aluguel da casa que divide com outras três pessoas no bairro da moda Enmore, em Sydney, a cerca de 10 quilômetros do centro da cidade. Não foi fácil - o corretor passou a maior parte das cinco semanas evitando suas ligações -, até que o proprietário concordou em reduzir o aluguel de 895 dólares australianos (US$ 638) por semana para 810 dólares australianos. Os aluguéis são normalmente cotados em termos semanais na Austrália.

“Vou exigir outra redução do aluguel no final do contrato”, disse Chung. “O mercado mudou.”

Já nos distritos arborizados fora das cidades, a história é diferente. Profissionais bem-sucedidos que apostam que nunca mais precisarão estar no escritório em tempo integral estão dispostos a trocar um trajeto mais longo por mais espaço e jardins maiores. Os preços estão subindo, apesar da perspectiva de recessão global.

NOVA YORK
No Condado de Westchester - uma região ao norte de Nova York com mais de 8 mil hectares de parques -, os preços de compra para residências unifamiliares subiram 16% na comparação anual.

 

Por outro lado, apartamentos em Manhattan mostram o menor preço desde 2013. As ofertas triplicaram em relação ao ano anterior, enquanto o aluguel médio despencou 11%, com quedas ainda maiores para estúdios.

SÃO FRANCISCO
Poucos lugares exemplificam melhor a tensão entre as cidades como imãs para jovens ambiciosos e os preços altíssimos do que São Francisco e a área da baía. Mesmo que a região tenha cunhado milionários, também gerou uma crise habitacional que obrigou alguns trabalhadores do Vale do Silício a morar em trailers alugados estacionados nas ruas da cidade.

Agora, com as empresas de tecnologia dizendo aos funcionários que podem trabalhar remotamente ao longo do próximo ano - e, em alguns casos, até permanentemente -, os aluguéis caem rapidamente.

O aluguel médio mensal de um estúdio em São Francisco caiu 31% em setembro em relação ao ano anterior, para US$ 2.285, em comparação com a queda de 0,5% do índice nacional, de acordo com dados divulgados pela Realtor.com.

LONDRES
Em Londres, a queda no número de estudantes internacionais e de executivos bem pagos no exterior que buscam residências temporárias na cidade após o Brexit reduz os aluguéis na faixa mais alta.

 

Nas áreas mais ricas da capital, os aluguéis caíram 8,1% no ano até setembro, a queda mais forte em mais de uma década, de acordo com a corretora Knight Frank.

Próximo capítulo?
O que acontecerá daqui para frente nas grandes cidades globais é uma questão em aberto.

Para que esse tipo de queda de preços se traduza em imóveis mais acessíveis - algo que políticos em todos os lugares não conseguiram alcançar - dependerá do que acontecer do lado dos salários.

“Você não pode esquecer da renda”, disse Chris Martin, pesquisador sênior do City Futures Research Centre, em Sydney. “A crise mudou o terreno da economia.”

Isso é particularmente verdadeiro para funcionários de varejo e hotelaria, cujos ganhos foram reduzidos praticamente da noite para o dia.

Com a colaboração de Oshrat Carmiel, Faris Mokhtar, Olivia Konotey-Ahulu, Ari Altstedter e Christine Maurus.

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