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Algas marinhas invadem Cancún e afastam turistas

O turismo é a espinha dorsal da economia da região. Em 2017, o setor de serviços respondeu por quase 90% do PIB do estado

Cancún: problema com algas causa cheio de ovo podre e tem afastado turistas (Jeffwang/Thinkstock)

Cancún: problema com algas causa cheio de ovo podre e tem afastado turistas (Jeffwang/Thinkstock)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 16 de julho de 2019 às 16h37.

Há muitos anos Cancún conta com uma fórmula simples - cerveja barata, sol brilhante e praias imaculadas do Caribe - para atrair milhões de turistas.

Mas, nos últimos meses, a última parte dessa equação foi manchada pela invasão de um tipo de alga. Milhares e milhares de toneladas se acumularam em Cancún e dezenas de praias próximas na península de Iucatã, como Tulum, Playa del Carmen e Holbox. Além de ser viscosa, a alga cheira a ovo podre, segundo o relato de muitas pessoas.

O fenômeno tem prejudicado o turismo em Cancún, outro golpe para a economia mexicana, já à beira da recessão. A taxa de ocupação de hotéis em Cancún caiu 3,4% nas três primeiras semanas de junho. Alguns lugares oferecem descontos de até 20% em quartos e transportam os hóspedes para praias não afetadas.

O tráfego aéreo para Cancún registrou aumento de apenas 1,2% em junho, o crescimento mais fraco para o mês desde 2011, e os investidores correm para vender ações do Grupo Aeroportuario del Sureste, operadora do aeroporto de Cancún. As ações da empresa acumulam queda superior a 10% desde o fim de janeiro.

O turismo é a espinha dorsal da economia da região. Em 2017, o setor de serviços respondeu por quase 90% do PIB do estado de Quintana Roo, na península de Iucatã. Em Cancún, quase 40% dos empregos estão diretamente relacionados ao setor de turismo, segundo estudo de 2018 do World Travel & Tourism Council.

O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador subestimou repetidamente a invasão das algas marinhas. Ele diz que o problema é "controlável" e gastou muito pouco dinheiro - apenas US$ 2,6 milhões para a remoção das algas. Mas, sem saber quando o ataque desse tipo de alga, conhecida como sargassum, vai terminar, muitos se mostram mais preocupados. A Associação de Hotéis Quintana de Roo estima uma queda de cerca de 10% em futuras reservas para todo o estado.

"O importante é que esse problema não está desaparecendo", disse Valeria Romo, analista da Invex Casa de Bolsa. "Não há solução a longo prazo à vista."

Embora não sejam novas, as ondas de algas aumentaram muito nos últimos anos. A maré vermelha, formada por outro tipo de alga, devastou a costa da Flórida em 2018, matando peixes e liberando toxinas que causam sintomas respiratórios em humanos semelhantes aos do gás lacrimogêneo. O Caribe, o Golfo do México e a Flórida são afetados pelas algas sargassum há vários anos. Com imagens de satélite, cientistas da Universidade do Sul da Flórida descobriram no início do mês a maior floração dessa alga no mundo, que agora é chamada de Grande Cinturão de Sargassum do Atlântico.

Não há consenso sobre o que está causando o problema. Alguns cientistas culpam a mudança climática e seu impacto na precipitação e circulação oceânica. Outra razão possível: um aumento no nível de desmatamento e fertilizantes usados ​​na Amazônia brasileira, que fluem para o oceano, de acordo com dados preliminares do estudo da Universidade do Sul da Flórida. Os nutrientes dos fertilizantes aceleram o crescimento das algas.

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