Akita: nos últimos anos, o número de proprietários estrangeiros desses cães disparou, superando inclusive a demanda nacional (iStock/Thinkstock)
AFP
Publicado em 24 de abril de 2018 às 12h03.
Última atualização em 24 de abril de 2018 às 12h32.
O que o ator americano Richard Gere tem em comum com o ícone do cinema francês Alain Delon e com a jovem patinadora russa Alina Zagitova? Os três são amantes de cães akita, uma raça japonesa que desperta crescente entusiasmo em todo o mundo.
Nos últimos anos, o número de proprietários estrangeiros desses cães disparou, superando inclusive a demanda nacional.
Essa raça, semelhante aos huskies vermelhos, adquiriu ainda mais fama no início do ano, quando Zagitova proclamou seu amor por ela depois de ter visto akitas enquanto treinava no Japão. Autoridades locais prometeram lhe dar um.
Esse entusiasmo não surpreende Osamu Yamaguchi, de 64 anos, criador de akitas em Takasaki, na região de Gunma, a noroeste de Tóquio.
"Antes, metade dos meus clientes eram japoneses, e a outra metade, estrangeiros, mas recentemente o número de estrangeiros aumentou", disse ele à AFP em seu jardim, onde cria cerca de vinte cães.
De acordo com dados da associação de preservação do akita, o número desses animais com proprietários estrangeiros foi de 33 em 2005, 359 em 2013 e 3.967 no ano passado.
Esse cão, que durante muito tempo foi criado para a caça, recebe seu nome da região do norte do Japão da qual é original. Mede entre 60 e 70 centímetros e pesa entre 40 e 50 quilos. Ele tem orelhas muito retas, olhos levemente afundados e uma cabeça que lembra a de um urso.
É uma das seis raças japonesas reconhecidas oficialmente como "tesouro natural" do país.
Mas as adoções de akita reduziram no Japão durante a última década, em que menos de 3.000 cães da raça foram registrados por ano, comparado aos 40.000 na década de 1970.
"Muitas pessoas gostariam de ter um, mas não podem porque as regras de seu prédio proíbem ou porque vivem em um lugar que é muito pequeno", explica Kosuke Kawakita, chefe da associação de preservação do akita em Tóquio.
Os estrangeiros assumiram a dianteira e Osamu Yamaguchi faz cerca de 20 viagens por ano para entregar seus cães pessoalmente, vendidos por cerca de 200.000 ienes (US$ 1.870), especialmente nos Estados Unidos, Rússia e China.
Segundo ele, os akitas são muito apreciados por sua sensibilidade. "Ele entende como você se sente, apenas estando próximo, e é leal".
Todos os japoneses conhecem a história real de Hachiko, um akita que, na década de 1920, esperava todos os dias que seu dono voltasse do trabalho na estação de Shibuya, em Tóquio. Um dia, seu mestre morreu durante uma de suas aulas na Universidade Imperial de Tóquio, mas o cachorro ficou esperando por ele em frente à estação por dez anos.
Hoje há uma estátua de Hachiko em Shibuya e sua história inspirou o filme "Sempre a seu lado" (2009), com Richard Gere no papel de professor.
"A raça akita se tornou muito popular em todo o mundo depois desse filme", explica Kosuke Kawakita, que criou mais de 30 cães em cerca de 60 anos.
O governador da região de Akita deu um para o presidente russo Vladimir Putin. E na China, a demanda é tão alta que as lojas vendem "akitas falsos", falsificando certificados de pedigree, acrescenta Kawakita.
Osamu Yamaguchi espera que o Japão continue a criar akitas, apesar do menor interesse dos habitantes do arquipélago. Ele está preocupado que esta raça desapareça "se o seu país de origem parar de produzi-las".