Ideia: construir com as próprias mãos um objeto é ato político, assegura o designer Paulo Goldstein (Scarcity Project)
Vanessa Barbosa
Publicado em 13 de março de 2014 às 10h20.
São Paulo - Alguns economistas continuam prevendo uma "recuperação" da zona do euro, enquanto outros apontam para o fim do crescimento, tal como o conhecemos. A austeridade é uma condição política justificada pela escassez e é normalmente vista como a falta ou a limitação de recursos. Mas é realmente escassez ou a limitação é mais uma questão de percepção e contexto? É essa reflexão que levou o designer brasileiro Paulo Goldnstein a lançar o Scarcity Project.
O projeto foi encomendado por Jeremy Till, reitor da Faculdade Central Saint Martins College of Art and Design. Com ajuda de uma equipe, Paulo recorrerou aos materiais descartados nas caçambas de lixo da cidade para construir nada menos do que a sala de visitas "ilustres" da Instituição.
O resultado final mostra que ao invés de comprar coisa nova é possível dar uma nova vida ao que já existe e foi utilizado. Durante cinco dias, os designers percorreram Londes em busca dos artefatos que precisavam para a reciclagem criativa: 10 cadeiras, uma mesa grande e alguns metros de cordas multicoloridas e pedaços de madeira.
“Em tempos em que é possível comprar coisas baratas e jogá-las fora, e depois comprar de novo, consertar com as próprias mãos um objeto é um ato político”, assegura o designer ao site Fastcoexist.
Segundo ele, é preciso questionar a velha máxima de que as "necessidades humanas são ilimitadas" e manter o foco da discussão em como usar os "meios limitados para satisfazer as necessidades humanas".
Veja abaixo o vídeo do projeto, que também pode ser conferido no site oficial do designer.
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