Robert Lewandowski e Thomas Muller comemoram gol do Bayern de Munique contra o Lyon na semifinal da Liga dos Campeões 2020. Os times estão isolados em Lisboa e a final acontece no domingo (23) (Franck Fife/Pool via Getty Images/Getty Images)
Guilherme Dearo
Publicado em 20 de agosto de 2020 às 09h52.
Com uma campanha cheia de goleadas na atual temporada, o Bayern de Munique vai disputar no domingo (23) a final da Liga dos Campeões da Europa pela 11ª vez em sua história.
Os 8 a 2 sobre o Barcelona nas quartas-de-final imediatamente fizeram lembrar os 7 a 1 da Alemanha contra o Brasil na Copa do Mundo de 2014, mas não é apenas este placar elástico que faz o time atual ser relacionado com aquela seleção que foi campeã do mundo há seis anos. Três jogadores, treinador, assistente, filosofia e estilo de jogo também estão presentes nesses dois momentos históricos.
Nesta quarta-feira (19), o Bayern se classificou para mais uma final da Champions ao vencer o Lyon por 3 a 0, com dois gols de Gnabry e um de Lewandowski, no estádio José Alvalade, em Lisboa. Com isso, a equipe alemã manteve os 100% de aproveitamento no torneio com a impressionante campanha de 42 gols marcados e o recorde de dez vitórias consecutivas. Antes, além do massacre de oito gols contra o Barcelona, o time também goleou na primeira fase o Tottenham por 7 a 2 e o Estrela Vermelha por 6 a 0.
A equipe atual conta com três jogadores que estiveram em campo tanto no 7 a 1 do Mineirão, em 2014, quanto nos 8 a 2 do estádio da Luz na semana passada. Os personagens são o goleiro Manuel Neuer, o zagueiro Jerome Boateng e o atacante Thomas Muller. Além deles, o treinador do Bayern, Hansi Flick, auxiliar do técnico Joachim Low na Copa no Brasil, e o ex-atacante Miroslav Klose, hoje um dos assistentes de Flick, também estiveram nas duas situações.
Muller, que fez um gol na semifinal contra a seleção brasileira e balançou as redes duas vezes diante do Barça, fez uma comparação entre as duas partidas.
“Em 2014, contra o Brasil, nunca tivemos o mesmo controle do jogo. Foi algo que aconteceu, mas não vamos falar sobre isso, vamos falar sobre hoje. Foi uma noite especial, o resultado e a maneira como jogamos foi especial”, afirmou Muller, que acrescentou.
“Dominamos brutalmente, especialmente pressionando a saída de bola, quase não demos nenhum espaço. Fizemos o que queríamos fazer, e isso é algo que raramente se pode dizer em uma partida de Liga dos Campeões. A gente jamais parou. Mantivemos essa fome. Tivemos uma boa assertividade. No momento em que jogamos juntos, é duro jogar contra nós. Temos que botar isso em cada partida. Em cada segundo de cada jogo”.
A maneira como Low, técnico da seleção da Alemanha, e Flick, comandante do Bayern, enxergam o futebol também é semelhante. Com uma filosofia de jogo ofensivo, bastante intensidade e organização tática, o Bayern atual tem inspiração naquele time histórico que conquistou o mundo em 2014. Depois de um início de temporada instável sob o comando de Niko Kovac, que foi demitido em novembro do ano passado, o time da Bavária efetivou o antigo auxiliar Flick e desde então ganhou 32 de 35 partidas disputadas.
“A equipe realmente teve uma evolução muito grande durante a temporada. Sinceramente, no início do campeonato eu não imaginava que chegaríamos neste nível. Mas o time foi crescendo a cada jogo e agora está em condições de ganhar mais um título da Liga dos Campeões e entrar para a história. O Bayern de hoje joga sempre no ataque, é intenso e sufoca os adversários. Apesar de algumas diferenças, lembra, sim, o estilo de futebol praticado pela seleção da Alemanha de 2014”, analisou o torcedor alemão Klaus Stadler, que está em Lisboa com a família aproveitando as férias na cidade onde o Bayern disputa a fase final da Champions League.
O clube de Munique já disputou dez finais da Liga dos Campeões e conquistou cinco títulos. Apenas o Real Madrid já esteve presente mais vezes na decisão, com 13 participações. Com a 11ª final este ano, o Bayern iguala o número do Milan. Em busca de mais uma taça, terá pela frente o Paris Saint-Germain, no domingo, às 16h (horário de Brasília), no estádio da Luz, em Lisboa. O técnico Hansi Flick fez elogios à equipe francesa de Neymar, Mbappé, Di María e companhia, mas garante que o Bayern vai manter o estilo de jogo ofensivo.
“ O PSG é um excelente time, que lutou para chegar às semifinais e estar na decisão. Vamos analisar algumas coisas, sabemos que eles têm jogadores rápidos. Veremos como organizar a defesa, mas sabemos que nossa maior força é colocar os oponentes sob pressão”, afirmou o treinador alemão.
O elenco atual do Bayern de Munique tem dois brasileiros: Thiago Alcântara, que é naturalizado espanhol, e Philippe Coutinho, que está emprestado pelo Barcelona. Coutinho é reserva, mas entrou em campo no segundo tempo nos dois jogos que o time fez em Lisboa. Nas quartas-de-final contra o Barcelona, marcou os dois últimos gols. Na semifinal diante do Lyon, também chegou a balançar as redes, mas o gol foi anulado pela arbitragem por estar em posição de impedimento.
Na final da Champions, Coutinho terá um duelo brasileiro contra Neymar, que desfalcou o Brasil naqueles 7 a 1 por ter se lesionado na vitória sobre a Colômbia nas quartas-de-final do Mundial.
“Vamos enfrentar uma grande equipe, é preparar bem nesses dias que restam até a final. A gente não falou nada (com o Neymar), mas claro que acredito que ele está focado lá e eu aqui. O PSG é uma equipe muito preparada, você vê os pontas muito rápidos. O Neymar a gente nem precisa falar, todo mundo conhece. Tem uma defesa sólida. Com certeza vai ser um grande jogo”, disse o meia-atacante, em entrevista ao Esporte Interativo.
No domingo, o Bayern de Munique de 2020 terá a oportunidade de fazer que as semelhanças com a Alemanha de 2014 não fiquem apenas em nomes e na filosofia de jogo. Se for campeão da Champions League, o time alemão das goleadas entra definitivamente na história da principal competição europeia de clubes.