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A tradição familiar por trás dos fogos de artifício de Sydney

A primeira grande metrópole a receber 2017 quer estar à altura da responsabilidade de receber o Ano Novo como se deve

A queima de fogos para a chegada de 2016 em Sydney: espetáculo requer 15 meses de preparação para a empresa familiar Foti (Saeed Khan/AFP)

A queima de fogos para a chegada de 2016 em Sydney: espetáculo requer 15 meses de preparação para a empresa familiar Foti (Saeed Khan/AFP)

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AFP

Publicado em 30 de dezembro de 2016 às 12h17.

Há 20 anos a família Foti ilumina a Baía de Sydney com os fogos de artifício que todos os anos dão o pontapé inicial das celebrações mundiais, e isso é fruto de uma tradição de 200 anos.

Sydney, a primeira grande metrópole a receber 2017, quer estar à altura da responsabilidade de receber o Ano Novo como se deve.

Sete milhões de dólares australianos (5 milhões de dólares americanos) se transformarão em fumaça nos 12 minutos de um espetáculo pirotécnico considerado um dos mais belos do mundo.

Um milhão de espectadores assistirão ao vivo a queima dos fogos na famosa Ponte da Baía e na Ópera de Sydney. Outros um bilhão assistirão pela televisão.

O espetáculo requer 15 meses de preparação para a empresa familiar Foti, que celebra 20 anos encarregada dos fogos de artifício.

"Uma história de paixão", afirma Giovanni Foti, de 29 anos, sobrinho do diretor Fortunato, recordando que sua família, originária do sul da Itália, está no ramo desde 1793.

A tumultuada história do século XX fez com que os Foti descobrissem a Austrália.

Mobilizado durante a Segunda Guerra Mundial, Celestino Foti (1913-2001) foi capturado pelos Aliados quando combatia no norte da África e enviado para um campo de prisioneiros em Cowra, uma pequenas cidade situada a 100 km de Sydney.

Bowie e "Purple Rain"

De volta a sua Calábria natal depois de libertado, Celestino decidiu, em 1951, imigrar para a Austrália para oferecer uma vida melhor a sua família.

Seus talentos pirotécnicos fizeram o resto e ele fundou uma empresa internacional implantada, inclusive, em Hong Kong, e que foi responsável pelos fogos de artifício dos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000.

"Temos a coisa no sangue. Começamos muito jovens", assinala Giovanni, cujo pai, Vince, também está envolvido na empresa, onde trabalham oito Foti ao todo.

"Estamos muito acostumados com os fogos de artifício. Amamos os fogos e tentamos fazer com que as pessoas também amem", acrescenta, sorridente.

A arte dos fogos de artifício não se aprende na escola, recorda Fortunato, de 51 anos.

"É transmitida de geração em geração. Foi assim que aprendi, foi assim que meu irmão aprendeu. São histórias, receitas, como se fôssemos cozinheiros".

Os Foti dirigem o espetáculo de cabo a rabo, da fabricação na China até sua detonação na meia-noite de 31 de dezembro.

Em 1997, quando iluminaram pela primeira vez a imponente baía australiana, era preciso lançar manualmente cada sequência.

Hoje tudo é feito através de uma rede de 16 computadores, que controlam a centésimos de segundo os 20.000 fogos disparados da ponte e das barcaças ancoradas na baía, explica Tino Foti, de 52 anos.

"A informatização deixa muito mais margem à imaginação e execução", explica.

Este ano, a família prestará uma homenagem a David Bowie e a Prince, dois monstros da música falecidos este ano, e promete inovações, entre elas uma verdadeira "Purple Rain" (chuva púrpura).

Em uma das sete barcaças estará Elena, a filha de Fortunato, que se uniu à aventura familiar em 2012, com 18 anos.

"Poucas mulheres podem dizer que trabalham com explosivos", comenta, brincando. "É uma forma ótima de iniciar um papo durante uma festa", conclui.

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