Porco sanzé: A Casa do Porco vendia 12 mil unidades do prato por mês (A Casa do Porco/Divulgação)
Daniel Salles
Publicado em 3 de setembro de 2020 às 06h40.
Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 17h39.
Apontada pelo ranking The World’s 50 Best como o 39º melhor restaurante do mundo, a Casa do Porco Bar, no centro de São Paulo, voltou a receber clientes na última terça-feira (1). O restaurante do chef Jefferson Rueda, porém, que antes da pandemia era sinônimo de filas intermináveis todo final de semana e feriado, não é mais o mesmo. Por razões obvias, o empreendimento não mais dispõe de 83 lugares como antes (54 dentro e 29 do lado de fora). Agora são 65 assentos, 29 dos quais na parte interna e o restante fora, mais exatamente no asfalto.
A retomada da Casa do Porco marca o início do projeto “Ocupa Rua”. Trata-se de uma iniciativa de Jefferson e sua mulher, a também chef Janaína Rueda, em conjunto com a jornalista Alexandra Forbes e o escritório de arquitetura Metro, da dupla Gustavo Cedroni e Martin Corullon. Sua razão de ser é permitir que mesas e cadeiras possam ser dispostas nas áreas destinadas aos carros. Para garantir o consumo na rua em segurança, o projeto prevê a instalação de parklets, jardineiras e árvores frutíferas.
Envolve um punhado de ruas próximas à Praça da República, a Major Sertório, a General Jardim, a Bento Freitas e a Araújo, endereço de mais de 30 estabelecimentos, entre os quais a hamburgueria Z Deli e o pequeno império gastronômico dos Rueda. Orçado em 450 mil reais, o projeto-piloto está sendo todo custeado pela iniciativa privada com o apoio de marcas como Heineken e Johnnie Walker.
A cidade de Paris, com seus bairros repletos de bares, cafés e restaurantes com mesinhas voltadas para a rua, é tida como a principal inspiração para a iniciativa. Estabelecimentos de Pinheiros, Itaim, Vila Olímpia, Vila Nova Conceição e Higienópolis já se movimentam para replicar a ideia.
As calçadas, até segunda ordem, precisam ser mantidas livres. Por acreditar que o uso delas foi liberado para os empreendimentos envolvidos no “Ocupa Rua”, o chef Erick Jacquin se disse indignado. Hoje à frente do francês Président, nos Jardins, o jurado do “Masterchef” esbravejou em um vídeo postado em suas redes sociais: “A lei não é para todo mundo? Porque uma marca de cerveja patrocina pode? Vou votar numa cerveja na próxima vez e não num político”. O motivo: pelas regras atuais, o uso das calçadas está vetado e quiseram multá-lo em 35 mil reais em razão de duas mesas mantidas em frente ao Président.
De volta à ativa dentro do chamado “novo normal”, a Casa do Porco almeja recuperar logo, logo os impressionantes números registrados antes da pandemia. Do porco sanzé, por exemplo, eram vendidos todos os meses 12 mil unidades. O prato junta carne suína assada na brasa, tutu de feijão, tartare de banana com tempero de limão, farofa de cebola e saladinha de couve crua.
Porcos assados a cada mês? Eram sessenta, uma média que na visão dos Rueda será retomada o quanto antes. Do menu-degustação, que correspondia a 70% dos pedidos, eram preparadas 8.400 unidades por mês. Faturamento mensal antes da pandemia? Por volta 1,5 milhão de reais, estima-se. A cifra envolve todos os negócios do casal, entre os quais o Bar da Dona Onça, a lanchonete Hot Pork e a Sorveteria do Centro.
Iniciada a quarentena, os Rueda arregaçaram as mangas para preparar marmitas e doá-las à população desassistida. Foram 2.500 até aqui. Demandou, em média, dois porcos assados por dia. O casal demorou para aderir ao delivery, mas logo as entregas se mostraram um sucesso estrondoso. Só a Casa do Porco passou a despachar cerca de 2.400 pedidos a cada mês, o que motivou a criação de uma cozinha exclusiva para o delivery.
A Casa do Porco Bar
Endereço: Rua Araújo 124, República, São Paulo (SP), tel. (11) 3258-2578.
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 12h às 16h e das 19h às 22h; domingo, das 12h às 17h. Apenas com reserva.