Culinária peruana conquista o mundo com sabores autênticos e influências culturais diversificadas. (Isarel Pinheiro/Divulgação)
Redator na Exame
Publicado em 5 de novembro de 2024 às 11h37.
A culinária peruana tem se destacado no cenário mundial, consolidando-se entre as mais apreciadas e celebradas da gastronomia internacional. Tradicionalmente rica em diversidade, a cozinha do Peru evoluiu para incorporar sabores, técnicas e ingredientes vindos de diferentes partes do mundo. Atualmente, pratos como ceviche, tiradito, quinoa e pisco sour estão no centro das atenções de restaurantes de prestígio em vários continentes, refletindo a riqueza cultural e natural do país. A reportagem é do The New York Times.
No início dos anos 2000, o governo viu a gastronomia como um ativo cultural que poderia fortalecer a imagem do país. Eventos culinários, parcerias internacionais e ações de divulgação foram promovidos para consolidar o Peru como destino gastronômico de classe mundial. Hoje, Lima é um dos principais destinos para entusiastas da alta gastronomia, com três restaurantes na lista dos 50 melhores do mundo, comparável a metrópoles gastronômicas como Tóquio.
Essa visibilidade fez com que a culinária peruana fosse reconhecida como patrimônio imaterial pela UNESCO. Em 2023, o restaurante Central, em Lima, liderou a lista dos 50 melhores do mundo, colocando pela primeira vez a culinária sul-americana no topo desse ranking. Esse destaque internacional reforça o impacto de chefs como Gastón Acurio, que desempenhou papel fundamental na promoção dos sabores peruanos no exterior.
Com uma geografia única que abrange desde as montanhas dos Andes até a extensa costa do Pacífico e a floresta amazônica, o Peru é um dos países mais biodiversos do mundo. Esse cenário possibilitou o desenvolvimento de uma culinária rica e variada, baseada em ingredientes locais como batatas, milho, frutas tropicais e pimentas. Nos últimos dois séculos, a cultura culinária peruana foi também moldada por influências de diferentes grupos imigrantes, incluindo japoneses, chineses, africanos e europeus.
A combinação de ingredientes indígenas com técnicas e sabores internacionais resultou em uma culinária distinta, marcada pela fusão de sabores que muitos conhecem como Nikkei (influência japonesa) e Chifa (influência chinesa). Essa diversidade contribuiu para que a gastronomia peruana se destacasse em um cenário global onde as cozinhas francesa e italiana tradicionalmente predominavam.
O número de restaurantes peruanos nos Estados Unidos e na Europa tem crescido, impulsionados por jovens chefs peruanos-americanos. Em cidades como Nova York e Miami, Erik Ramirez e os irmãos Valerie e Nando Chang lideram o cenário com seus restaurantes que combinam elementos tradicionais peruanos com influências contemporâneas. Ramirez, com o Llama Inn e Llama San em Nova York, adaptou pratos clássicos a um ambiente cosmopolita, enquanto os Chang integram técnicas japonesas e ingredientes locais aos pratos de inspiração peruana em Miami.
Esse crescimento também é impulsionado pelo acesso cada vez maior a ingredientes como ají amarillo, quinua e lucuma, que agora podem ser encontrados em mercados internacionais. Além disso, os pratos peruanos oferecem sabores únicos que combinam bem com paladares diversos, fator que contribuiu para sua rápida adoção em mercados como o americano e o europeu.
A promoção da cultura peruana através da gastronomia não foi apenas resultado do trabalho dos chefs. O governo peruano, através de entidades como a Promperu, passou a investir no marketing de seus produtos agrícolas e na promoção da gastronomia como um aspecto cultural do país. Esse esforço de "rebranding" permitiu que a culinária do Peru ganhasse visibilidade global, atraindo turistas interessados em explorar a riqueza de sabores oferecida pelos pratos locais.