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1. Façam suas Apostas
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1/8 (Divulgação)
São Paulo - Não são só os atletas que sonham em conquistar uma medalha olímpica. Com a chegada dos Jogos de Londres, os brasileiros estão de olho em quem pode representar o país no pódio. Na Olimpíada de 2008, em Pequim, o Brasil levou 15 medalhas: oito bronzes, quatro pratas e três ouros. E nos Jogos de Londres, que acontecem entre 27 de julho e 12 de agosto, o atletismo tem chances de levar o país ao pódio novamente. Para saber quais são as apostas dessa
Olimpíada, fizemos um raio-x do histórico dos nossos principais atletas, consultamos especialistas e treinadores e analisamos quem pode trazer medalhas para casa. Cotamos como “Chances reais” os nomes que chegaram ao topo em eventos importantes nos últimos anos, como Mundiais e Olimpíadas, e permanecem entre os melhores de suas modalidades. Também apostamos em atletas que "Correm por fora", aqueles que possuem uma marca expressiva, têm histórico de vitórias importantes ou estão entre os prováveis finalistas na sua categoria. Olimpíada é sempre uma surpresa e é comum um favorito deixar a medalha escapar. Conheça a trajetória desses atletas e entenda por que colocamos nossas fichas em cada um deles. Depois disso, é só esperar pelos Jogos e torcer por uma medalha.
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2. Salto com Vara: Fabiana Murer
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2/8 (Andy Lyons/Getty Images)
O pódio olímpico e Fabiana Murer terão em Londres uma nova chance. O primeiro encontro, marcado para 2008, foi frustrado pelo sumiço das varas que a atleta escolheu para usar na final. Quatro anos depois, não é só o cuidado com a logística do equipamento que melhorou. Fabiana evoluiu, tornou-se campeã mundial em 2010 (indoor) e 2011 (outdoor) e provou ser possível superar sua grande rival, a russa bicampeã olímpica Yelena Isinbaeva. Favorita ao ouro na tradicional previsão do jornal norte-americano USA Today, que faz um ranking com os principais nomes para cada Olimpíada, Fabiana Murer convive bem com a pressão por um bom resultado. "Vou buscar uma medalha. Não me considero favorita, mas tenho chance. Em Londres, vai ser tirando uma fina Fabiana aposta em uma medalha com um salto superior a 5 metros um passo de cada vez. Primeiro, me classificar, em uma prova que é tensa, muito equilibrada. Vou enfrentar pelo menos seis outras atletas com chance de pódio. Depois, vou entrar na final pensando no ouro. Mas não penso: 'É ouro ou nada'. Quero o bronze, a prata, o ouro..." A consistência da brasileira no último ciclo olímpico é sua principal arma em um evento com muitas atletas com chances de pódio. "Acho que tenho de saltar bem alto por uma medalha, acima de 4,80 metros: 4,90, talvez 4,95 metros", afirma Fabiana, reconhecendo que seu melhor salto, 4,85 metros, pode não ser o bastante. A brasileira reconhece a altura do degrau mais alto do pódio: 5 metros. "Fiz seis meses de treinos até a estreia na temporada, em maio, e abri mão de defender o título mundial indoor para me concentrar na preparação olímpica. Estou me sentindo mais veloz", afirma a atleta. Fabiana garante que tirou coisas positivas do incidente de 2008. "Fiquei em décimo lugar e sei que poderia ter ido muito melhor. Na hora foi ruim, mas um mês depois eu já estava pensando em como melhorar. Não fiquei neurótica, mas agora sempre verifico as varas e o colchão. Sinto-me mais preparada e confiante." O treinador e marido de Fabiana, Élson Miranda,também confia no sucesso da atleta: "Hoje o ouro é possível, baseado nos resultados dela nos últimos anos e na consistência de suas marcas. Mas qualquer medalha seria importantíssima, ela vai buscar o melhor salto. A medalha é consequência". Para apimentar um pouco mais a disputa, Yelena Isinbaeva saltou 5,01 metros em 2012 e retomou o título mundial indoor que pertencia à brasileira. "A Fabiana é uma grande candidata a uma medalha. Mas acho muito difícil que seja de ouro", afirma o treinador e comentarista de atletismo Lauter Nogueira, que esteve na Olimpíada de Sydney, em 2000, no comando da equipe brasileira de triatlo. Fabiana passa por um período de treinos na Itália antes de ir para a Olimpíada. Ela viaja com seu técnico e com o ucraniano Vitaly Petrov, consultor de saltos com vara da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), para afinar os detalhes que podem levá-la ao topo em Londres.
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3. Maratona: Marílson Gomes dos Santos
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3/8 (Stephen Chernin/Getty Images)
"Se meus adversários fizeram os melhores tempos deles, não tenho chance. Mas nem sempre é isso que acontece na Olimpíada. E é à espera de um vacilo que eu me preparo para fazer o meu melhor", afirma Marílson dos Santos, deixando claro seu papel em Londres: "Corro por fora". Os quenianos dominam nessa distância, tendo os etíopes como principais rivais e os marroquinos em terceiro plano. Com três vagas por país, serão ao menos nove nomes muito fortes na disputa da prova. "É uma luta cruel. Ele pode correr o melhor tempo da vida dele e terminar em 12º. Ao mesmo tempo, pode lutar por uma medalha", diz Adauto Domingues, treinador de Marílson, bicampeão da Maratona de Nova York. "As chances dele aumentam se a prova for mais cadenciada. Se o ritmo for tão rápido quanto em 2008, a coisa complica, pelo estilo do Marílson", diz Lauter. Marílson reconhece que, quanto piores as condições de prova — calor, subidas, trechos técnicos —, melhor para ele. “Os favoritos correm bem em percursos confortáveis rápidos. Ficamos mais igualados se as condições forem mais duras. Treino e suporto mais esse tipo de prova que eles.” Analisando o percurso, com duas voltas de 6 km e três de 8, e também levando em conta a expectativa de uma temperatura na casa dos 20 ºC, Marílson vê chances. "Tudo pode acontecer."
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4. Salto Triplo: Jonathan Henrique Silva
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4/8 (Divulgação/CBAt)
Um mineiro que come pelas beiradas pode ser a grande surpresa brasileira em Londres. Apesar de ter a segunda melhor marca de 2012, ele ainda não tem consistência para ser considerado favorito. Mas sua evolução rápida desperta a esperança de um salto ainda melhor em Londres. O crescimento de Jonathan é impressionante. Em 2010, sua melhor marca era de 16,07 metros. No ano seguinte, já saltava 16,70 e, em março deste ano, conquistou seu melhor salto, de 17,39 metros. "É preciso que ele demonstre um padrão, ou esse grande salto pode ser apenas um feito fugaz", diz o treinador Katsuhico Nakaya. Mesma opinião do treinador do atleta, Nélio Moura: "Medalhistas são capazes de saltar longe e saltar sempre bem ao longo do ano. Saltos eventualmente bons não são o bastante para o pódio olímpico". No entanto, a expectativa de Moura é que Jonathan chegue à final em Londres. "Preciso fazer um salto muito melhor do que eu tenho hoje, mas, até pelo que venho fazendo nos treinamentos, sei que posso saltar mais longe na Olimpíada", afirma o atleta. "Ele tem potencial para saltar mais de 17,50 metros. Mas acho que o futuro dele está no Rio, em 2016", afirma Lauter. Jonathan acredita em uma vaga na final, com um salto acima de 17,15 metros. “Sei que não vou tremer se tiver chance de disputar a medalha”, afirma o jovem atleta, que estreia em Olimpíadas.
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5. Salto em Distância: Mauro Vinícius da Silva
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5/8 (Michael Steele/Getty Images)
O título mundial indoor conquistado em março deste ano em Istambul, na Turquia, foi a credencial de Mauro para entrar de vez na lista de candidatos a uma medalha em Londres. Duda, como é conhecido, compete no salto em distância, a mesma prova que deu a Maurren Maggi o único ouro do atletismo brasileiro em Pequim. Dono da melhor marca do mundo em pista coberta do ano, 8,28 metros (1 centímetro a mais que sua melhor marca outdoor), Duda acredita em um salto ainda melhor, que pode lhe render o pódio olímpico. "Poderia ter saltado melhor no Mundial. Na hora eu não percebi, mas o vídeo da prova mostra que saltei muito longe da tábua. Isso me permite acreditar em um salto na casa de 8,40 metros em Londres", pé na areia atleta acredita que pode saltar ainda mais longe em busca do ouro afirma Duda, que em Pequim ficou fora da final ao saltar apenas 7,75 metros. “Eu era inexperiente”, admite o atleta, que se sente mais maduro quatro anos depois. Mesmo assim, sabe que ainda pode evoluir com a orientação do treinador Aristides Junqueira, o Tide, que o acompanha desde o início da sua carreira. "A chance de medalha é real, mas a Olimpíada é um dia só. Ele precisa acertar lá", afirma Tide, que demonstra mais otimismo que o atleta e estima um salto superior a 8,50 metros. Da primeira participação olímpica para cá, Duda sempre saltou uma distância maior que 8 metros na temporada de provas. Por ser um dos dez melhores do mundo na modalidade em 2011, foi pré-convocado pela CBAt e pode se preparar para os Jogos sem se preocupar com a obtenção de índice olímpico. Uma consistência que pode lhe render um lugar na final. "Acho que o grande desafio é passar bem a eliminatória. Se o Duda chegar à final, ele não treme. Não é do perfil dele tremer", diz Lauter. Para o saltador, é preciso ter os pés no chão e trabalhar primeiro por um lugar entre os melhores, para depois pensar na medalha. "No atletismo, ganha quem erra menos", afirma o campeão, que admite esperar dos rivais um respeito maior após o Mundial de Istambul. "Tudo que espero é ter a tranquilidade para saltar bem. Estar com o corpo bem, física e mentalmente." Duda sabe que a ansiedade pode ser sua principal rival. "O campeonato na Turquia foi uma semente que consegui plantar. Agora é a hora de plantar algo nos Jogos Olímpicos. Eu durmo e acordo pensando nisso. Quero muito uma medalha e acho que posso sonhar com isso. Mas preciso me controlar, pois sei o quanto é tênue a linha para o sucesso, ainda mais em um evento de nível tão alto como a Olimpíada", afirma. No Mundial da Turquia, o ouro não foi fácil. Duda venceu no desempate (análise do segundo melhor salto) o australiano Henry Frayne e com apenas 1 cm de vantagem sobre o medalhista de bronze, Aleksandr Menkov, da Rússia. Os dois são — ao lado do sul-africano Godfrey Khotso Mokoena e do britânico Greg Rutherford — os principais rivais de Duda na disputa pelo ouro.
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6. Revezamento: 4 x 100 m Masculino
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6/8 (Michael Steele/Getty Images)
Os revezamentos brasileiros sempre são promissores. Com uma prata em 2000 e um bronze em 1996, o 4 x 100 metros verdeamarelo amargou um quarto lugar nos Jogos de 2008. Essa é tida como a classificação mais ingrata de uma Olimpíada, pois é a primeira que fica sem medalha. Com um time renovado e motivado pelo ouro no Pan de 2011, o Brasil espera retornar ao pódio em Londres. “Temos condições de disputar o bronze, em uma competição muito equilibrada entre vários países. Jamaica e EUA estão mais distantes, devem brigar pelo ouro e pela prata entre eles”, afirma Katsuhico Nakaya, técnico brasileiro responsável pela modalidade nos Jogos. Atleta mais experiente do time, que ainda está sendo definido, Sandro Viana confia na força do grupo: "Individualmente, estamos bem ranqueados e vamos trabalhar para classificar bem o revezamento, com o direito de ter seis nomes disponíveis para a prova, caso fiquemos entre os oito melhores do mundo". Caso contrário, o time é composto de quatro titulares e um reserva. Sandro Viana e Bruno Lins são os dois nomes certos na equipe — pelo histórico e pelas marcas deste ano. Carlos Roberto de Moraes Jr. e Diego Cavalcanti possuem o terceiro e quarto melhores tempos do país em 2012 e estão em vantagem na disputa no time titular. Ailson Feitosa, Nilson André e Aldemir Gomes da Silva Júnior brigam pelas duas vagas restantes, considerando que o país confirme a possibilidade de contar com dois reservas para os Jogos.
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7. Revezamento: 4 x 100 m Feminino
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7/8 (Mike Ehrmann/Getty Images)
Um time com personalidade forte e com grande capacidade técnica pode surpreender em Londres. A declaração de Ana Claudia Lemos, uma das principais velocistas brasileiras e que deve compor a equipe dos 4 x 100 metros, demonstra bem isso. "Brigamos pelo bronze, é onde está nossa chance real. Estados Unidos e Jamaica são as favoritas ao ouro e à prata", diz a atleta, que se recupera de uma lesão no pé. A melhor marca individual nos 100 metros em 2012 é de Rosângela Santos (11s24), que esteve com Ana Claudia no time que conquistou a medalha de ouro em Guadalajara, junto com Vanda Gomes e Franciela Krasucki. "Todas estão melhorando os tempos e podemos acreditar em uma marca melhor nos Jogos", diz Rosângela. "As chances são menores no feminino, mas essa é uma prova em que tudo pode acontecer", afirma o treinador Nakaya, remetendo aos inúmeros problemas nas trocas de bastão. "Se podemos sonhar com uma medalha, podemos também melhorar para alcançála", diz Ana Claudia. Para compor a equipe de Londres, ela e Rosângela Santos são nomes garantidos, caso não aconteça nenhum imprevisto. Evelyn Santos tem o terceiro melhor tempo do país hoje e deve se juntar à dupla. Assim, Franciela Krasucki e Vanda Gomes são nomes prováveis para integrar o grupo e devem brigar pela última vaga no time titular. O revezamento feminino também poderá contar com um sexto nome, caso as atletas se mantenham entre as oito melhores do ranking.
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8. Salto em Distância: Maurren Maggi
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8/8 (Getty Images)
"Sou campeã olímpica e não vou abrir mão fácil desse posto. Será muito difícil me derrubar", desafia Maurren Maggi, primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro individual para o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2008. Hoje, aos 36 anos, a vencedora da prova de salto em distância em Pequim conviveu com a desconfiança no começo desta temporada. Nem o ouro pan-americano em Guadalajara, em 2011, com um salto de 6,94 metros, parecia reverter uma possível descendência na carreira. Mas, com um salto de 6,85 metros no Grande Prêmio Brasil de Atletismo de São Paulo, em maio, Maurren conquistou a confiança no ar Maurren Maggi já conhece o sabor do pódio. e quer mais nos Jogos de Londres de quem mais precisa: dela mesma. Ela vibrou com a marca obtida durante o GP, que aconteceu no estádio Ícaro de Castro Melo, onde a atleta treina. "Fiz a terceira melhor marca de 2012 e sou a segunda melhor saltadora do ano. Neste momento da temporada, esse resultado não poderia me deixar mais animada com o que posso fazer na próxima Olimpíada", diz. "A medalha em Londres sempre foi uma possibilidade real para mim. Nunca me vi distante dela, essa insegurança eu nunca tive." Para Nélio Moura, treinador de Maurren, um salto de 7 metros é sinônimo de medalha. "É o que eu chamo de número mágico", afirma ele. Mas a atleta explica que não se impõe limites: "Saltar essa distância é um objetivo, não uma condição". Nem o fato de a americana Brittney Reese ter um salto muito mais significativo nesta temporada, de 7,12 metros, a incomoda. "Em 2008, a portuguesa Naide Gomes também tinha uma marca muito melhor [os mesmos 7,12 de Reese], mas no dia quem saltou mais longe fui eu. A Olimpíada é diferente." Maurren Maggi saltou 7,04 metros para conquistar o ouro em Pequim, seu melhor resultado desde o retorno da suspensão de dois anos por doping. Segundo ela, o teste positivo para esteroides anabolizantes se deveu ao uso de uma pomada cicatrizante para depilação, que continha traços dessas substâncias. Maurren Maggi sabe que precisa evoluir em alguns pontos, como a velocidade de partida para a corrida, mas afirma não ter dúvidas de que pode ir mais longe. "Minha marca é o resultado de muito trabalho e sei que ainda posso batalhar mais. O resto é consequência." A idade também não preocupa a mãe da pequena Sophia, de 7 anos. "Eu me cuido muito. Não bebo, sou muito caseira. Estou muito bem. Vou chegar inteirona para a Olimpíada de 2016", afirma a atleta.