Cartier Crash. (Divulgação/Divulgação)
Co-CEO e Colunista
Publicado em 27 de fevereiro de 2024 às 15h00.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2024 às 16h00.
No mundo da alta relojoaria, a Cartier tem sido sempre sinônimo de elegância e design atemporal. Seu design detém uma beleza que transcende as eras, como os modelos Tank (Tradicional) e Santos Dummont, concebidos no início do século XX e que permanecem quase inalterados um século depois. Mas não é sobre os modelos mais populares que quero escrever.
Destaco aqui alguns modelos que posicionam a Cartier na vanguarda da inovação no mundo da alta relojoaria. Sem considerar o orçamento como um fator limitante, os cinco relógios a seguir comporiam a coleção dos meus sonhos.
O Crash, à primeira vista, pode ser confundido com um relógio feminino. No entanto, minha admiração pela Cartier vem justamente da capacidade de criar peças unissex que fascinam homens e mulheres de igual forma. Exemplos de sua aderência são visíveis nos pulsos de personalidades marcantes como Kanye West, Kris Jenner e Jay-Z. Nascido na Cartier Londres dos anos 60, o Crash é um rebento da revolução cultural dos "Swinging Sixties" — um período de rupturas estilísticas, marcado por ícones como Rolling Stones e Beatles. Diferenciando-se pelos tradicionais traços retos do Tank, seu design ondulado hoje é considerado o mais icônico da marca.
Na minha concepção, a Cartier oferece uma das mais refinadas interpretações da complicação "Jump Hour" existentes no mercado. Este relógio dispensa ponteiros em favor de um mostrador tipo display digital. Lançados em 1928, os modelos Guichet se inspiram na estética retangular do Tank, mas surpreendem pela ausência de um mostrador tradicional. Para mim, eles evocam um fascínio futurístico e misterioso. Atualmente, é o meu favorito da coleção Cartier e já enfeitou os pulsos de celebridades do calibre de Brad Pitt, Duke Ellington e Gary Cooper.
O Tank Cintrée, na definição de inovação, quebrou todos os paradigmas de design de seu tempo. Lançado em 1921, o modelo, cujo nome significa "Tank curvado", molda-se perfeitamente ao pulso. A popularização dos relógios de pulso nesta era, em contraposição aos tradicionais relógios de bolso, é amplamente creditada a Louis Cartier. O Cintrée, com seu design revolucionário e adaptável ao contorno do corpo, tornou-se um ícone desejado por colecionadores e personalidades, incluindo Ralph Lauren e Steve McQueen.
Com a criação da Collection Privée Cartier Paris (CPCP) em 1998, a Cartier revisitou seu legado para revitalizar modelos históricos. A parceria com gigantes como Piaget e Jaeger-LeCoultre moldou peças excepcionais durante uma era de recuperação pós-crise dos quartz. O Monopoussoir, com seu mecanismo desenvolvido em conjunto com a THA Ébauche e o estimado relojoeiro François-Paul Journe, encarna a maestria fusionada ao design inspirado no casco de uma tartaruga.
Finalmente, temos o Tank Basculante, modelo que possuo e valorizo imensamente. Iniciando sua produção em 1932, compartilha características com o JLC Reverso, distinguido pela caixa produzida pelo mesmo fabricante. O mecanismo Basculante, contudo, sobressai em eficiência e raridade. Adotado por Gary Cooper e sendo o primeiro Tank produzido em aço, seu movimento manual F. Piguet é excepcional.
Embora distintos, estes modelos possuem aspectos comuns: são raridades produzidas em pequenas quantidades cuja procura e valor crescem a cada ano. A Cartier goza de um momento esplêndido de reconhecimento, com grandes colecionadores enaltecendo seu legado e impulsionando preços recordes em leilões. Meu conselho é — se encontrar qualquer um desses exemplares a preços justos, não hesite em adicioná-los à sua coleção.