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48 Horas em Pirenópolis e Goiás

Roteiro de dois dias entre cachoeiras, doces caseiros, boas compras e um patrimônio da humanidade

Cavalhada de Pirenópolis, durante as celebrações da Festa do Divino Espírito Santo (Mauro Cruz/Wikimedia Commons)

Cavalhada de Pirenópolis, durante as celebrações da Festa do Divino Espírito Santo (Mauro Cruz/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 10h18.

São Paulo - No meio de tanto tomate e música sertaneja, entre as beldades de Goiânia e os burocratas de Brasília, surge uma dupla goianiense que nos reserva muita história e cultura: Pirenópolis e Goiás Velho. Com boa comida, compras espertas e um patrimônio arrebatador, não há como não deixar de se encantar com essas duas pequenas joias de nosso interior.

Dia 1

Atrações é o que não faltam em Pirenópolis. Há um pouquinho de tudo para todos: os que querem uma cachoeira para se refrescar, os doidos por uma comprinha bacana, os glutões, os que gostam de arquitetura e cultura e os que querem adrenalina em turismo de aventura.

Para começar o dia feliz e evitar as multidões (hordas vindas de Goiânia e Brasília costumam lotar a cidade, principalmente aos fins de semana), escolha entre as cachoeiras da Várzea do Lobo (que exige uma boa caminhada) e do Abade. Outra alternativa para estar perto da natureza é conhecer o Santuário de Vida Silvestre Vagafogo ou o Hotel Fazenda Tabapuã dos Pirineus, com passeios de jipe a cachoeiras, trilhas e escaladas.

Com tanta movimentação na parte da manhã, todos merecemos um bom almoço. De influências mineira (pela proximidade geográfica) e paulista (por conta das históricas bandeiras), a cozinha goiana também é uma confluência de ingredientes do cerrado e modos de preparo dos povos indígenas. Para começar, vamos com algo mais leve, como um surubim na telha. A gente compensa depois, no lanche. Por ora, experimente restaurantes como o Pensão Padre Rosa, o Montserrat ou o agradável Pedreiras.


À tarde, dedique seu tempo para conhecer uma ou outra igreja e fazer compras. Entre os templos que merecem consideração estão a Matriz de Nossa Senhora do Rosário e a de Nosso Senhor do Bonfim. Já as compras estendem-se em ruas como a do Bonfim e o Largo do Rosário, e oferecem joias, máscaras, bolsas, tapetes, sabonetes artesanais e peças de arte. Há muita coisa de desenho encantador, artesanato de primeira, feita por artistas locais e gente que se mudou para cá em busca de um ambiente charmoso.

O bate pé vai ser tão grande que você precisará repor as calorias, então experimente as pamonhas (salgadas e doces) da Pamonharia Souza (Av. Pref. Sizenando Jayme, 24, 62/3331-2615) ou os sorvetes de frutas do cerrado da Sorvetes Naturais (R. Nova, 16, 62/3331-1327). Melhor ainda, fique com os dois.

Para o jantar, experimente as pizzas do Boca do Forno.

Dia 2

Faça um café da manhã caprichado e pegue a estrada rumo a Goiás Velho. Até lá são 140 quilômetros e pouco menos de duas horas de jornada pela BR-070.

Antiga capital do estado, Goiás possui um ar bucólico e calmo e suas ruas silenciosas e casario colonial bem conservado nos convidam a fazer longas caminhadas. O calçamento de pedra e a arquitetura são testemunhas de outros tempos, iniciados com o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera. As minas de ouro dos índios goiás trouxeram efêmera importância política e econômica à pequena vila, mas pouco a pouco a riqueza se esvaiu e a possibilidade de criação de uma nova capital passou a ser aventada. A fundação de Goiânia, em 1933, foi a pá de cal nesse processo. Ao ostracismo e a decadência forçados somaram-se enxurradas violentas do rio Vermelho, que corta a cidade, em 2002. Foi exigido um esforço homérico na recuperação de documentos e objetos históricos, e na própria estrutura da cidade.


Um pouco antes disso a cidade foi listada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, um reconhecimento dado a outras cidades históricas brasileiras como Diamantina, Ouro Preto e Salvador. Some-se a isso o curioso fato de Goiás retomar o status de sede administrativa dos goianos por quatro dias – anualmente entre 24 e 27 de julho -, e a cidade passou a entrar no circuito de muitos turistas que passam pelo Planalto Central.

Ponto essencial nesses roteiros é a Casa de Cora Coralina, a poetisa da terra. Os humildes aposentos exalam personalidade e expõem objetos relacionados à sua vida e obra: sua máquina de escrever, livros, condecorações e fotos.

Na hora do almoço, procure por um restaurante que sirva pratos como o empadão goiano (com seu substancioso recheio que mistura linguiça, palmito, frango e queijo) e arroz de suã (a espinha do porco, incluindo o rabo). Uma sugestão é o Flor do Ipê, na rua Boa Vista.

Com o tempo seco e quente, caminhe sem pressa pelas ruas do Centro. Aqui não há ateliês de artesanatos tão interessantes como os de Pirenópolis, mas as doceiras fazem a fama de Goiás (Cora Coralina era uma delas). De seus tachos e fogões a lenha saem delícias como o pastelinho (massa assada com recheio de doce de leite), compotas e licores. Entre os endereços mais conhecidos estão os de Dona Augusta (R. Eugênio Jardim, 23, 62/3371-1472), Dona Zilda (R. Bartolomeu Bueno, 3, 62/3371-2114), Dona Doris (R. d’Abadia, 17, 62/3371-4605) e Dona Divina (Travessa do Carmo, 2, 62/3371-1484). Cada uma tem um doce caseiro de sua especialidade e todas merecem uma visitinha.

Não deixe de dar uma passada nas igrejas de Nossa Senhora da Boa Morte e São Francisco de Paula, esta última com um forro pintado no século 19 por André Antônio da Conceição. Outra atração pelo caminho é o Palácio Conde d’Arcos, antiga sede do Governo do Estado.

Antes de ir embora, visite outros restaurantes com o Ponto Com e o Dalí para ir à caça de um arroz-de-puta-rica (com carnes defumadas) e um leitão a pururuca. Para terminar, o típico digestivo goiano: licor de pequi.

Quando ir: vale a pena programar a visita para Pirenópolis na época da Cavalhada, nas celebrações da Festa do Divino Espírito Santo (40 dias depois da Páscoa). Já em Goiás o grande evento do ano é a Procissão do Fogaréu, na Semana Santa, um costume que data de 1745.

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