Quase todo mundo odeia ter que se apresentar e falar sobre si mesmo (mage Source White/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2017 às 15h25.
Pode desencanar dessa história de ser espontâneo: todo mundo tenta controlar as impressões que causam nos outros, principalmente ao conhecer alguém importante.
Desde muito cedo aprendemos a “modular” nossa personalidade e nossos comportamentos de acordo com o ambiente e o público.
Por isso, o sociólogo Erving Goffman dizia que vivemos uma “dramaturgia” da qual nem sempre nos damos conta.
Mesmo assim, todo mundo conhece alguém com quem “o santo não bate”. Se temos esse cuidado todo sem nem perceber, porque algumas pessoas ainda conseguem passar uma primeira impressão péssima?
Uma pesquisa da Universidade de Ultrecht, na Holanda, analisou uma série de estudos já feitos sobre o tema.
A primeira conclusão do artigo é que passar uma má impressão não é consequência de uma dificuldade em lidar com situações sociais – simplesmente porque a maioria das pessoas sofre desse mal.
Quase todo mundo odeia ter que se apresentar e falar sobre si mesmo, como em uma apresentação escolar ou entrevista de emprego.
Na realidade, quem passa uma impressão detestável tem uma mistura de duas características: um pouco de narcisismo e, principalmente, falhas marcantes no processo de “tomar a perspectiva alheia”.
Esse termo bastante técnico significa que eles fazem certo esforço para imaginar como agradar as pessoas, mas erram feio – e nem percebem.
Além desses traços de personalidade, o estudo aponta três hábitos muito associados a quem acaba escorregando ao ter que falar sobre si mesmo:
Elogiar alguém, mas com uma pontinha de insulto no final. Ilustra bem a ideia de achar que vai agradar o interlocutor, demonstrando admiração:
“Você é muito inteligente para um estagiário”. Dá a entender que a pessoa é insensível e desesperada para elogiar, mas sem conseguir pensar em nada genuíno.
O estudo menciona humblebragging, o hábito de fazer alarde para suas próprias conquistas enquanto faz pouco delas.
“Eu corro 30 km por dia… Ou seja, não sou nenhum atleta.”
Tudo bem destacar seus pontos bons, seja num bate-papo ou em uma entrevista de emprego.
Mas o estudo apontou que o que realmente faz as pessoas detestarem alguém de primeira é quando ela declara sua habilidade se comparando com os outros.
“Eu sou um ótimo cozinheiro” deixa as pessoas interessadas em provar sua comida.
Já “Eu cozinho muito melhor que o Fulano” passa como arrogância, e faz com que todo mundo torça para que seu arroz queime pelo resto da vida.
O conselho que o estudo dá, nesse caso, é se ater na comparação consigo mesmo. “Eu hoje sou melhor do que já fui antes” vira totalmente o jogo.
Quem é que não se derrete com uma breve história de autossuperação?
Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Superinteressante.