O rapper Emicida (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Anderson Figo
Publicado em 29 de setembro de 2018 às 16h13.
Última atualização em 29 de setembro de 2018 às 16h46.
São Paulo — Onze brasileiros foram homenageados nesta semana na ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York. Eles estão entre os afrodescendentes mais influentes do mundo, segundo o prêmio Most Influential People of African Descent (MIPAD, na sigla em inglês).
O MIPAD listou 224 nomes que foram divididos em quatro categorias: Política e Governança, Negócios e Empreendedorismo, Mídia e Cultura, Humanitarismo e Religião. Do total, 100 influenciadores são da África e os demais de outros países que receberam imigrantes africanos.
Entre os escolhidos estão Chadwick Boseman, a estrela do filme Pantera Negra, e a duquesa Meghan Markle, que se casou em maio deste ano com o príncipe Harry, do Reino Unido.
Segundo a ONU, a iniciativa pretende formar uma rede global de líderes negros que trabalham e apoiam a International Decade for People of African Descent 2015–2024, década definida pela Organização para a defesa dos direitos dos afrodescendentes.
O casal de atores brasileiros Érico Brás e Kenia Maria está na lista dos negros mais influentes do mundo na categoria Mídia e Cultura, ao lado do rapper Emicida, Leandro Roque de Oliveira.
Kenia criou o canal no YouTube “Tá bom pra você?”, em 2013, para questionar a falta de representatividade negra na publicidade. Em entrevista a EXAME, ela disse que se percebeu militante na escola, quando não podia contar sobre sua casa ou religião, o candomblé. Veja a entrevista completa da atriz.
Na categoria Negócios e Empreendedorismo, foram indicados três brasileiros: Nina Silva, fundadora do D’Black Bank, um banco que conecta empreendedores negros a consumidores negros; Lisiane Lemos, especialista em B2B business e umas das principais lideranças jovens do país em defesa da diversidade e inclusão no ambiente corporativo; e Paulo Rogério Nunes, fundador do Instituto Mídia Étnica, do Portal Correio Nagô e da aceleradora de negócios para negros Vale do Dendê.
Na categoria Humanitarismo e Religião foram homenageados quatro brasileiros. Entre eles está Danilo Rosa de Lima, ativista na Educafro, no Fórum Nacional de Juventude Negra e no Coletivo Nacional de Juventude pela igualdade Racial. Também foi indicado nesta categoria a filósofa, pesquisadora, escritora e ativista feminista e pelo direito dos negros Djamila Ribeiro.
O criador do jornal “Voz das Comunidades”, Rene Silva, também integra a lista. Ele narrou pela internet a ocupação do Morro do Alemão, em 2010. A arquiteta e urbanista Stephanie Ribeiro completa a seleção de brasileiros na categoria Humanitarismo e Religião do MIPAD. Ela é feminista e ativista pelos direitos dos negros, e contribui para diversas publicações nacionais.
O único brasileiro na categoria Política e Governança é o jornalista e diplomata do Ministério das Relações Exteriores Marcus Vinícius Moreira Marinho. Em entrevista a EXAME, Marinho disse que fazer parte da lista dos negros mais influentes do mundo é uma grande responsabilidade.
"Acho a indicação importante não por mim, mas para trazer visibilidade para negros que estão fazendo trabalho importante em diversas áreas como negócios, mídia e, no meu caso, serviço público e diplomacia. Negras e negros, até onde eu sei, são menos de 5% dos diplomatas do Brasil. Mas nós existimos e fazemos um bom trabalho. Queremos ser mais numerosos", disse.
Segundo o diplomata, é esse tipo de visibilidade que inspira outras pessoas a ocuparem esses espaços que, sim, existem e podem ser ampliados. "Nós somos a prova disso. O MIPAD está ajudando a trazer à tona essa visibilidade não só no Brasil, mas nos outros lugares onde a diáspora africana está e na própria África. Por isso acho um projeto da maior relevância. Isso sem contar as redes de contatos que vão se estabelecendo entre os homenageados de vários anos e os lugares de onde vêm e onde atuam."
Na lista dos negros mais influentes do mundo de 2017, estavam o casal de atores brasileiros Lázaro Ramos e Taís Araújo e a fundadora do Instituto Feira Preta, Adriana Barbosa. Eles também foram homenageados na ONU ao lado de nomes como Rihanna, Tiger Woods, Lewis Hamilton e Beyoncé.
Veja abaixo o vídeo de apresentação do MIPAD.