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Redação Exame
Publicado em 27 de fevereiro de 2023 às 11h01.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2023 às 11h02.
R$ 402,20 bilhões. Essa é a fortuna somada de 54, dos 290 brasileiros da lista de pessoas mais ricas do país, segundo o ranking dos bilionários brasileiros de 2022 da Forbes Brasil. Mas para além dos bilhões de reais, estes homens e mulheres têm outra coisa em comum:
Todas enriqueceram investindo no mesmo setor, o agronegócio brasileiro.
Enquanto muitos mercados enfrentaram dificuldades nos últimos 2 anos por conta da pandemia de covid-19, o agronegócio foi responsável por quase 1/3 do PIB brasileiro e se tornou uma grande ‘fábrica’ de bilionários, não somente do ano de 2022, mas das últimas décadas.
Rubens Ometto Silveira Mello, por exemplo, é controlador da Cosan, maior processadora de cana-de-açúcar do mundo e acumula R$ 14,5 bilhões de patrimônio. Já Alceu Elias Feldmann, fundador e controlador da Fertipar, responsável por 15% do mercado nacional de fertilizantes, acumula um total de R$ 13 bilhões em seu nome. Ambos estão no TOP 20 da lista de bilionários da Forbes de 2022.
Todo esse crescimento no campo só foi possível graças a uma velha conhecida da cidade: a tecnologia. Contagem por drones, blockchain, inteligência artificial e gestão de dados multiplicaram a produção agrícola e levaram o agro brasileiro de importador a TOP 1 exportador das principais commodities do mundo.
Seja atuando diretamente com a produção no campo ou tendo seus negócios relacionados com o setor, como no caso da indústria cervejeira, esses bilionários entenderam cedo que o agronegócio seria uma oportunidade de crescimento profissional e acúmulo de patrimônio.
Mas, afinal, ainda é possível trilhar este caminho e alcançar sucesso profissional no mesmo mercado?
A posição de potência mundial ainda é recente para o agronegócio brasileiro. De acordo com o Cepea - USP , em 2020 o setor era responsável por 26,6% do Produto Interno Bruto brasileiro. Em 1970, esse número era de apenas 7,5%.
“Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo. Foram conquistados aumentos significativos na produção e na produtividade agropecuárias. O preço da cesta básica, no Brasil, reduziu consideravelmente e o país se tornou um dos principais players do agronegócio mundial.” explica o artigo “Trajetória da agricultura brasileira” de autoria da Embrapa.
De acordo com a CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, essa revolução teve um grande efeito transformador na sociedade brasileira e é o fato mais importante da história econômica recente do Brasil.
Até meados do século passado, o agronegócio brasileiro contava com a sorte e o trabalho braçal para cumprir as demandas de produção. Para se ter uma ideia, menos de 2% das propriedades rurais contavam com máquinas agrícolas à época.
O resultado era o baixo rendimento por hectare (baixa produtividade) e pequena produção, que além de ser insuficiente para a demanda interna, gerava custos extras ao produtor e impactava negativamente o meio ambiente. Foi apenas entre os anos 60 e 70 que o agronegócio no Brasil iniciou uma fase de modernização, marcada pela criação da própria Embrapa, em 1973.
Com o tempo, ferramentas como: defensivos agrícolas, biotecnologia, máquinas agrícolas, práticas de manejo, inteligência artificial, sensores, gestão de dados, robôs e drones transformaram a agricultura brasileira em uma potência mundial e, naturalmente, em um verdadeiro celeiro de novas tecnologias.
O agronegócio que conhecíamos morreu. Hoje, é muito mais comum vermos computadores e máquinas inteligentes nos campos do que enxadas e pás. E há dois motivos para esse movimento:
O primeiro deles é o aumento da população mundial, que exige que a produção de alimentos aumente em, pelo menos, 70% nas próximas décadas. O grande desafio, no entanto, é suprir essa demanda sem aumentar as áreas de plantio, em um menor espaço de tempo e fazendo o uso adequado dos recursos naturais disponíveis.
O segundo diz respeito à aos custos no campo, principalmente à como manter a qualidade dos produtos agrícolas, controlando pragas, doenças e mudanças climáticas - que afetam diretamente a produtividade - sem pesar no bolso do pequeno, médio e grande produtor.
Considerando que cerca de 30% dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados entre as fases de produção e consumo, segundo a FAO, braço da ONU para alimentação e agricultura, um dos maiores desafios do agronegócio é justamente reduzir essa perda de produtividade.
Através da tecnologia é possível, por exemplo, aumentar a safra de grãos, sem que necessariamente a área de plantio aumente da mesma maneira. De acordo com o censo do IBGE, entre 2006 e 2017, a produção de soja cresceu cerca de 123%, passando a render 3,4 toneladas do grão por hectare, um crescimento de 30% no período.
Da mesma forma, estudiosos da Coppe/UFRJ apresentaram uma alternativa para produção de biocombustíveis a partir da cana-de-açúcar que poderia aumentar em mais de 40% a geração de energias renováveis, sem a necessidade de cultivar mais terras.
A agricultura e os segmentos associados são uma das maiores fontes de emprego do mundo. Segundo dados divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) no terceiro trimestre de 2022, 19,07 milhões de brasileiros atuavam no setor.
No entanto, empresas multinacionais e startups bilionárias do agro estão em busca de um novo profissional, que não apenas entenda como o setor funciona, mas que também saiba conectar o campo à tecnologia para aumentar ainda mais a sua lucratividade.
A revolução tecnológica no agronegócio brasileiro abriu as portas para que profissionais que nunca pisaram no campo pudessem construir uma carreira de sucesso no setor. Ocupações que eram inexistentes há pouco tempo, hoje são as que mantêm o agro produtivo e competitivo.
Profissionais de TI, engenheiros, economistas, estatísticos, gerentes de operação e analistas de dados são apenas algumas das profissões que já migraram para o campo. E a tendência é mundial. Bilionários, como Bill Gates, estão se tornando donos de centenas de milhares de hectares de terra em todo o mundo e apostando na tecnologia para torná-las produtivas.
Nunca antes o agronegócio necessitou de tantos profissionais, mas a oferta de pessoas capacitadas não consegue acompanhar esta necessidade.
Com dinheiro na mão e muitos problemas para resolver, o campo tem buscado um profissional específico para ajudá-lo a implementar tecnologias. Com salários médios de R$12 mil por mês, o Agro Digital Manager é a profissão mais em alta quando o assunto é unir o campo à tecnologia.
Responsável por estruturar, implementar e monitorar projetos digitais em propriedade agrícolas, o Agro Digital Manager não precisa ter diploma em agronomia ou medicina veterinária para exercer sua profissão - muito menos precisa morar no campo.
No entanto, vale lembrar que ter familiaridade com o agronegócio colocará o profissional muito a frente de seus concorrentes na hora de se candidatar para uma vaga!
Com o objetivo de ajudar a formar mais profissionais para suprir a demanda do setor, a EXAME produziu a Série Gratuita Carreira no Agronegócio. Para participar basta se inscrever clicando aqui. Programada para acontecer entre os dias 13 e 21 de março, a série vai revelar:
A aula será ministrada por Fernando Reis, agrônomo e diretor executivo da SP Ventures, uma das gestoras de Venture Capital mais tradicionais do país especializada no agronegócio. Desde 2007, a gestora investe em startups de tecnologia para o agronegócio, as chamadas agritechs.