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Que tal trabalhar em escritório com clima de home office?

Fundador da incorporadora Idea!Zarvos, o administrador Otávio Zarvos quer mudar a maneira como as pessoas se relacionam com o lugar onde trabalham

Otávio Zarvos no escritório de sua incorporadora: preocupação em criar ambientes de trabalho agradáveis (Omar Paixão)

Otávio Zarvos no escritório de sua incorporadora: preocupação em criar ambientes de trabalho agradáveis (Omar Paixão)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2015 às 18h24.

Quando criou a incorporadora Idea!Zarvos, o administrador de empresas Otávio Zarvos, de 48 anos, já tinha dez anos de experiência no mercado imobiliário paulistano.

Na nova empreitada, resolveu investir em arquitetura de qualidade para sair da mesmice dos prédios neoclássicos que predominam na paisagem de São Paulo.

Otávio apostou em arquitetos alinhados ao que existe de mais moderno na produção mundial — nomes independentes que as grandes construtoras há muito enxergam como custo, e não como investimento.

Surgiram formas menos óbvias, ambientes confortáveis e uma relação melhor com a cidade, já que os projetos trazem muros baixos e jardins. Em 2015, a Idea!Zarvos vai completar uma década de atividade, com 15 edifícios entregues e 28 em desenvolvimento.

A incorporadora foi duas vezes premiada pela revista inglesa The Architectural Review, uma das principais do ramo no mundo. O sucesso comercial também está sendo construído: apesar de caras, as unidades ganham até 10% em valor de revenda, pois trazem a assinatura de um escritório de renome. 

"Há dez anos eu era sócio de meu irmão, que é engenheiro, em uma incorporadora. Ele quis deixar o ramo e desfizemos a parceria. Naquele momento, tive liberdade para criar a Idea!Zarvos e arriscar algo diferente do que faziam os concorrentes.

O começo foi do zero: eu, uma secretária e alguém para cuidar das finanças (hoje somos 40 funcionários). Só podia vender um sonho, pois não tinha capital.

Ajudou fazer um primeiro prédio comercial, para onde mudei o escritório. Marcava as reuniões lá e os investidores visualizavam o que eu queria fazer. O mercado em São Paulo estava deslanchando, era possível correr o risco de errar e conter os prejuízos. 

É muito mais difícil criar algo esteticamente inovador, com bons materiais, que fuja do óbvio. As grandes construtoras não querem passar pelo trabalho que dá fazer arquitetura de qualidade.

Às vezes, tentam imitar nosso estilo de um jeito vulgar e barato: colocam uns detalhes coloridos, simplificam formas e empacotam como se fosse autoral.

O consumidor não tem obrigação de conhecer com profundidade a área, e muitas vezes não pode analisar as diferenças. Ainda assim, já começo a ver alguma evolução, principalmente entre os mais jovens. Daqui a dez anos eu acredito que vá existir um público mais cultivado. 

Gostaria de deixar um legado para São Paulo. A começar pelos prédios, que por si sós vão embelezar a cidade, razão suficiente para construí-los.

O principal é que sirvam de modelo, não para os construtores, pois eles só vão fazer o que o público quiser consumir, e sim para os clientes.

Quanto mais edifícios bonitos houver nas ruas, maior a chance de os moradores os enxergarem como referência. Se a decisão ficar com as incorporadoras, nada vai mudar. 

Quero mudar o ambiente de trabalho. Por isso nossos prédios de escritório tentam se aproximar da sensação de estar em uma casa. As pessoas desejam trabalhar mais relaxadas, querem viver em um ambiente com mais liberdade, parar no meio da tarde e sentar no jardim, dar uma volta no pátio, fazer reuniões em lugares diferentes. 

Minha ideia é que as pessoas morem perto do trabalho. A cidade ficará mais compacta e com menos problemas de trânsito. Eu moro próximo a meu escritório.

Assim posso passar mais tempo com minhas filhas. Mesmo se precisar ficar mais horas trabalhando, chego rapidamente em casa. No mercado imobiliário, é bom viver onde você atua. Obriga o profissional a ser coerente e perfeccionista, pois pode ser cobrado na rua, e o faz conhecer as necessidades do local.

Se você está na vanguarda, tem de estar preparado para eventuais rejeições. Tive de lidar com críticas a um prédio cuja arquitetura é diferente e bem impactante.

É preciso ir um pouco além do que o público gostaria. Acredito na qualidade do projeto, e não vai ser a última vez que passaremos por essa situação ao produzir algo forte.

A própria discussão é sinal de amadurecimento. São Paulo muitas vezes é tão banal, tão cheia de prédios bege e cinza, que de repente o morador vê algo radicalmente diferente e critica. Isso é saudável para a cidade e não nos acovarda. Queremos ir além do comum."

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