No Brasil, mais de 7,7 milhões de pessoas ainda estão em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho.
Colaboradora
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 18h04.
A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,8% no segundo trimestre de 2025, o menor nível desde 2012. Mesmo com esse cenário que parece positivo, mais de 7,7 milhões de brasileiros ainda estão em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho. Para quem acabou de perder o emprego, esses números podem parecer distantes, já que o impacto da demissão é sentido de forma imediata e muito pessoal, tanto no lado emocional quanto no financeiro.
Ainda assim, apesar das dificuldades, existe um caminho possível para atravessar esse momento. Com um pouco de planejamento, conhecimento dos direitos do trabalhador e uma boa dose de resiliência, é possível transformar esse período em uma chance de recomeço profissional.
Os primeiros sete dias depois de ouvir "precisamos conversar" no RH são cruciais. É natural sentir uma montanha-russa de emoções, que inclui raiva, tristeza, medo e até mesmo um certo alívio, dependendo da situação. O importante é processar esses sentimentos sem tomar decisões precipitadas.
No primeiro dia, permita-se sentir. Converse com pessoas próximas, mas evite desabafar nas redes sociais — aquele post revoltado sobre a empresa pode mais atrapalhar do que ajudar a contornar a situação. Em vez disso, tire um tempo para assimilar a nova realidade.
A partir do segundo dia, comece a agir de forma prática. Organize todos os documentos relacionados ao seu desligamento, reunindo carta de demissão, termo de rescisão e comprovantes de pagamento dos últimos meses. Esses papéis serão fundamentais para garantir seus direitos trabalhistas e planejar os próximos passos.
Reserve também um momento para fazer um balanço honesto da situação. Reflita sobre os motivos da dispensa, mas lembre-se de não se culpar excessivamente. Muitas vezes, especialmente em períodos de crise econômica, as empresas precisam fazer cortes que pouco têm a ver com desempenho individual.
A matemática do desemprego é dura: as contas continuam chegando, mas o salário não. Por isso, organizar as finanças deve ser prioridade absoluta nos primeiros dias após ser demitido. O primeiro passo é fazer um raio-X completo da sua situação financeira.
Pegue os extratos bancários dos últimos três meses e anote todas as receitas e despesas, desde o aluguel até aquele cafezinho gourmet. Esse levantamento detalhado revelará para onde seu dinheiro está indo e onde é possível cortar gastos.
Com o orçamento em mãos, é hora de separar o essencial do supérfluo. Despesas fixas como aluguel, luz, água e alimentação básica são inegociáveis. Já assinaturas de streaming, comprinhas online e delivery podem esperar por tempos melhores. Lembre-se que esses cortes são temporários, não uma mudança permanente no seu estilo de vida.
Se você tem dívidas, este é o momento de negociá-las. Muitas empresas oferecem condições especiais para quem está desempregado. Procure os credores, explique sua situação e busque melhores prazos ou redução de juros. O importante é não deixar as dívidas se acumularem, uma vez que isso só tornará sua recuperação financeira mais difícil.
Considere também formas alternativas de gerar renda enquanto busca recolocação. Trabalhos freelance, venda de itens que não usa mais ou até mesmo monetizar alguma habilidade que você tem podem garantir um dinheiro extra importante neste período.
Conhecer seus direitos trabalhistas é a peça-chave para não deixar dinheiro na mesa. O trabalhador com carteira assinada dispensado sem justa causa tem direito a uma série de benefícios que podem amenizar o impacto financeiro da demissão. Entre os principais direitos estão:
Além desses direitos básicos, verifique se há outros benefícios na sua rescisão, como vale-transporte não utilizado, horas extras não pagas ou abono salarial. O plano de saúde empresarial também costuma ser mantido por até 30 dias após o desligamento, dando tempo para você buscar alternativas.
Fique atento com os prazos! É crucial solicitar o seguro-desemprego dentro do período determinado (entre 7 e 120 dias após a dispensa). O benefício pode ser requerido pelo portal gov.br, pelo aplicativo Carteira de Trabalho Digital ou presencialmente nas unidades do Ministério do Trabalho.
O primeiro passo é olhar para o currículo não como um histórico do passado, mas como uma vitrine do que você pode oferecer daqui para frente, destacando resultados concretos que comprovem seu valor, como metas alcançadas, custos reduzidos ou melhorias implementadas que realmente fizeram diferença.
O networking é outra ferramenta poderosa nesse momento. Sendo assim, informe sua rede de contatos que está disponível no mercado. Um simples post no LinkedIn comunicando sua disponibilidade para novos trabalhos pode abrir portas inesperadas.
Crie uma rotina de busca, com horários definidos para procurar vagas, enviar currículos e se preparar para entrevistas. Isso ajuda a manter o foco e evita a sensação de estar ocupado o dia todo sem avançar.
Lembre-se de que personalizar suas candidaturas faz diferença. Entender o perfil da empresa, identificar como suas habilidades podem contribuir com os desafios dela e mostrar isso com clareza é o que transforma uma aplicação comum em uma oportunidade real.
O período de desemprego pode ser uma oportunidade para repensar sua carreira. Talvez aquela vontade antiga de mudar de área ou se especializar em algo novo faça mais sentido agora, mas essa decisão precisa ser tomada com os pés no chão.
Avalie primeiro suas habilidades transferíveis, ou seja, aquelas competências que você desenvolveu e que podem ser aplicadas em diferentes contextos. Um gerente de vendas, por exemplo, tem habilidades de negociação e gestão de pessoas que são valiosas em várias áreas. Identificar essas competências pode abrir caminhos que você nem havia considerado.
A qualificação profissional durante o desemprego também pode ser um diferencial competitivo. Cursos online, muitos gratuitos, permitem desenvolver novas habilidades sem comprometer o orçamento. Certificações em ferramentas específicas, idiomas ou metodologias da sua área podem fazer seu currículo se destacar.
Só tome cuidado para não cair na armadilha da "qualificação infinita". Alguns profissionais passam meses fazendo cursos sem nunca se candidatar a vagas, usando o estudo como desculpa para evitar a rejeição. O ideal é equilibrar aprendizado com busca ativa por oportunidades.
Se decidir mudar de área, seja realista sobre o processo. Transições de carreira geralmente implicam começar em posições mais júnior ou com salários menores inicialmente. Desta forma, avalie se sua situação financeira permite esse movimento e trace um plano de médio prazo para recuperar seu patamar anterior.
O impacto psicológico de uma demissão não deve ser subestimado. Sentimentos de inadequação, ansiedade sobre o futuro e até sintomas de depressão são comuns nesse período. Reconhecer que você precisa de apoio não é sinal de fraqueza e, sim, inteligência emocional.
Durante esse período turbulento, o suporte pode vir de várias fontes. Família e amigos próximos oferecem o conforto emocional necessário, mas às vezes é preciso ajuda profissional. Se a angústia persistir por semanas ou começar a afetar suas atividades diárias, considere procurar um psicólogo. Algumas ONGs oferecem atendimento psicológico gratuito ou a preços acessíveis para pessoas desempregadas.
Grupos de apoio, presenciais ou online, também podem ser importantes. Compartilhar experiências com pessoas na mesma situação ajuda a perceber que você não está sozinho.
Por fim, lembre-se que manter uma rotina saudável é fundamental para o bem-estar mental. Continue acordando em horários regulares, faça exercícios físicos (nem que seja uma caminhada no quarteirão) e preserve momentos de lazer. O desemprego não deve significar isolamento social.