Em tempos de transformação digital acelerada, empresas que não cultivam inovação interna correm o risco de ficarem obsoletas
Publicado em 11 de junho de 2025 às 18h00.
Imagine reunir engenheiros, designers, vendedores e contadores numa sala por três dias, desafiando-os a criar algo revolucionário para a empresa. Parece caótico? Na verdade, é exatamente essa "bagunça organizada" que tem transformado gigantes do mercado em laboratórios de inovação permanentes. O conceito de hackathon interno nasceu do mundo da tecnologia, a partir da combinação entre "hack" - programar de forma criativa - e "marathon", indicando uma corrida contra o tempo para desenvolver ideias.
Um hackathon interno é um evento corporativo onde colaboradores de diferentes departamentos trabalham em equipes para criar soluções inovadoras em tempo limitado. Diferente dos hackathons tradicionais focados apenas em programação, a versão empresarial abraça profissionais de todas as áreas.
O formato varia entre um e três dias, podendo ser presencial, virtual ou híbrido. Durante esse período, as equipes competem de forma saudável para apresentar projetos que resolvam desafios reais da organização.
A beleza está na diversidade: um contador pode ter a ideia que faltava para o projeto do designer, enquanto o vendedor oferece a perspectiva de mercado que ninguém considerou.
O processo segue uma estrutura bem definida, começando pela escolha do desafio. A empresa identifica um problema relevante - desde otimizar processos internos até criar novos produtos para clientes.
Em seguida, formam-se equipes multidisciplinares com quatro a seis pessoas. Essa mistura de competências é fundamental: diferentes bagagens profissionais geram soluções mais criativas e viáveis.
Durante o desenvolvimento, as equipes contam com mentoria interna e externa. Especialistas circulam entre os grupos, oferecendo insights técnicos, feedback sobre viabilidade comercial e direcionamento estratégico.
O clímax acontece na apresentação final. Cada equipe tem poucos minutos para convencer um júri formado por líderes da empresa. Os critérios incluem criatividade, viabilidade técnica, impacto potencial e alinhamento com objetivos corporativos.
1. Definição de objetivos: estabeleça metas claras e escolha desafios relevantes para o negócio. Uma pergunta mal formulada pode desperdiçar todo o esforço das equipes.
2. Planejamento logístico: eventos presenciais precisam de espaços adequados, internet robusta e alimentação. Formatos virtuais demandam plataformas integradas que facilitem colaboração e comunicação.
3. Comunicação interna: divulgue o evento com antecedência, explicando benefícios e criando expectativa. Workshops preparatórios podem aquecer os participantes e nivelar conhecimentos básicos.
4. Seleção de mentores: escolha especialistas experientes, tanto internos quanto externos. Eles orientarão as equipes em metodologias de inovação, validação de ideias e desenvolvimento de protótipos.
5. Definição de regras: estabeleça diretrizes claras sobre participação, propriedade intelectual e critérios de avaliação. Transparência evita conflitos e mantém o foco na colaboração.
O principal retorno é óbvio: soluções criativas para problemas reais da empresa, desenvolvidas por quem conhece intimamente os desafios do negócio. Muitas ideias nascidas em hackathons se transformam em produtos comerciais ou melhorias significativas de processo.
Mas os ganhos secundários são igualmente valiosos. O evento fortalece relacionamentos entre departamentos, quebrando barreiras organizacionais que prejudicam a colaboração diária.
O engajamento dos funcionários aumenta consideravelmente. Participar de um projeto inovador gera senso de propósito e pertencimento, reduzindo turnover e melhorando produtividade.
As competências individuais também se desenvolvem. Trabalhar sob pressão, liderar equipes multidisciplinares e apresentar ideias são habilidades transferíveis para qualquer função.
Para a cultura organizacional, o impacto é transformador. A empresa sinaliza que valoriza criatividade e experimentação, atraindo talentos inovadores e retendo colaboradores ambiciosos.
Nem tudo são flores no mundo dos hackathons corporativos. O maior risco é transformar o evento numa encenação sem consequências reais. Se as ideias vencedoras ficarem engavetadas, o descrédito será maior que qualquer benefício gerado.
O suporte da liderança é fundamental, não apenas durante o evento, mas principalmente depois. Executivos precisam investir recursos reais na implementação das melhores soluções. Outro cuidado importante é equilibrar competição e colaboração. A disputa deve motivar, não criar rivalidades destrutivas entre equipes ou departamentos.
A escolha dos desafios merece atenção especial. Problemas muito complexos frustram os participantes, enquanto questões triviais não geram entusiasmo. O ponto ideal está em desafios relevantes, mas solucionáveis no tempo disponível.