No ambiente corporativo, ela se transforma em uma poderosa ferramenta para desenvolver competências técnicas e comportamentais a partir da experiência e do conhecimento dos próprios colaboradores (Charday Penn/Getty Images)
Publicado em 26 de maio de 2025 às 16h05.
Trocar ideias com um colega pode ensinar mais do que horas de slides e apresentações unilaterais. Essa é a premissa do Estudo de Pares, uma metodologia que vem ganhando espaço fora do ambiente acadêmico e sendo cada vez mais aplicada no mundo corporativo como alternativa eficaz de capacitação.
Criado por Eric Mazur em Harvard, o Peer Instruction é uma estratégia de aprendizado colaborativo baseada na troca estruturada de ideias entre duas pessoas. No ambiente corporativo, ela se transforma em uma poderosa ferramenta para desenvolver competências técnicas e comportamentais a partir da experiência e do conhecimento dos próprios colaboradores.
Em vez de adotar um formato de aula tradicional, a ideia é colocar os profissionais em situações de análise e discussão — sempre em duplas — para que aprendam com o raciocínio do outro e, ao mesmo tempo, consolidem sua própria compreensão.
A aplicação do Estudo de Pares começa com uma preparação cuidadosa e termina com uma troca profunda de aprendizados entre colegas. Veja o passo a passo:
1. Escolha um tema relevante para o trabalho
Identifique um conteúdo prático — como um novo processo interno, uma mudança regulatória ou um desafio de relacionamento com o cliente. O tema deve gerar dúvida, reflexão e não ter resposta imediata.
2. Formule uma pergunta provocativa
Elabore uma questão que estimule o pensamento crítico. Pode ser uma situação-problema, um dilema ético ou uma escolha estratégica.
3. Promova a reflexão individual
Antes da interação em dupla, cada participante deve pensar e responder sozinho à pergunta. Isso permite que ele organize suas ideias sem influência externa.
4. Forme as duplas de forma estratégica
Junte perfis diferentes — como um colaborador experiente com outro mais novo — para estimular a troca de perspectivas. Essa diversidade enriquece a conversa.
5. Oriente a discussão entre pares
Cada integrante deve explicar sua resposta, ouvir o colega, debater diferenças e buscar um consenso ou uma nova interpretação. O objetivo é o entendimento conjunto, não a vitória de um argumento.
6. Facilite o compartilhamento com o grupo
Peça que algumas duplas compartilhem suas conclusões. O facilitador deve, então, corrigir conceitos, destacar boas práticas e relacionar os aprendizados com a rotina da empresa.
7. Repita o ciclo com novos desafios
Utilize diferentes perguntas em encontros futuros. Isso ajuda a consolidar a prática e estimula o hábito de aprender em pares dentro da cultura organizacional.
Ao contrário de outros modelos de treinamento, essa abordagem parte do princípio de que o conhecimento já circula dentro da empresa. Cabe ao facilitador criar as condições para que ele seja compartilhado e questionado.
Isso valoriza a experiência de cada colaborador, gera engajamento imediato e promove uma cultura de colaboração horizontal, em que todos aprendem com todos.
Outro diferencial é a flexibilidade: o método pode ser aplicado presencialmente, em treinamentos online ou híbridos, com uso de plataformas de quiz, enquetes e fóruns para apoiar a interação.