Educação: Governo do Estado de São Paulo estipulou nova fase para o retorno gradual a atividades presenciais a partir de 7 de outubro (Amanda Perobelli/Reuters)
Bússola
Publicado em 29 de setembro de 2020 às 21h37.
Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 19h39.
As aulas devem voltar, seguindo todos os protocolos de segurança contra a Covid-19, de maneira gradual e organizada. Essa é a conclusão da live realizada hoje, 29, pela Bússola sobre o retorno às aulas presenciais, seus impactos e o papel do professor nessa realidade que se aproxima. Participaram do webinar o secretário de Estado da Educação de São Paulo e ex-ministro da Educação, Rossieli Soares; a presidente do Conselho do Instituto Península, Ana Maria Diniz; e o diretor-geral da Escola Eleva Botafogo, Amaral Cunha.
O Governo do Estado de São Paulo estipulou nova fase para o retorno gradual a atividades presenciais a partir de 7 de outubro, primeiramente para o ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). A volta dos estudantes do ensino fundamental da rede estadual só deve acontecer a partir 3 de novembro. As redes municipais e privadas podem definir quais séries priorizar.
“Está na hora de a gente voltar, ouvindo profissionais e a comunidade, mas sem recuar. Não vamos forçar a mão para voltar de qualquer jeito, que fique claro. Será com organização e segurança. Apesar de todas as ferramentas que estamos oferecendo, é evidente a necessidade de aula presencial”, afirmou o secretário Soares.
Ana Maria Diniz, que, além de presidente do Conselho do Instituto Península (organização social que atua para a melhoria da Educação), é uma das fundadoras do movimento Todos pela Educação, ressaltou a falta de orientação nacional e coordenada para a retomada das aulas. “A experiência internacional nos mostra que onde houve sucesso houve orientação para a nação. Faltou isso no Brasil”, disse.
A Escola Eleva, no Rio Janeiro, já iniciou o processo de reabertura de forma opcional, experiência bem sucedida segundo seu diretor. “Formamos dois comitês: um operacional, que cuida de todas as questões logísticas da escola, e outro acadêmico, para entender como seria essa transição entre aprendizagens a distância, híbrida e presencial, contando com a participação de professores e líderes. Nosso raciocínio foi de focar nos alunos com menos autonomia, com os pais que precisam voltar a trabalhar, dando apoio a eles. A percepção é que conseguimos criar um senso de comunidade muito grande”, contou Amaral Cunha.
O ensino a distância trouxe desafios inéditos, principalmente relacionados ao uso da tecnologia na aprendizagem e na relação entre professor e aluno. Educadores que precisaram reinventar seu processo pedagógico, quase que de um dia para o outro. Mas, afinal, será que foi possível tirar algo positivo com essa situação e que fica como lição?
Existem dois grandes legados em relação à educação, segundo Ana Maria Diniz. “O Instituto Península vem acompanhando a opinião dos professores desde o início da pandemia. Já foram três fases da pesquisa, e a quarta ainda será realizada com a volta às escolas. Na primeira onda de entrevistas, em abril, 83% dos professores diziam não estar preparados para lidar com a tecnologia. Agora, na terceira fase, que aconteceu em agosto, esse índice caiu para 49%. E 94% deles consideram a tecnologia uma aliada da aprendizagem”, comentou. O outro legado, segundo ela, é a crescente valorização dos pais em relação aos professores, que puderam enxergar com clareza a importância desses profissionais na aprendizagem de seus filhos.
Rossieli complementou. “Um dos grandes avanços foi em relação à percepção da tecnologia como aliada, como colocou a Ana, porém ela não pode substituir pessoas. Se nós, como sociedade, não valorizarmos essa possibilidade de mudança, teremos um problema. E não adianta só dizer para o professor que a tecnologia é importante - precisamos realmente apoiar as escolas no uso da tecnologia”. O Governo do Estado lançou um programa de apoio à compra de computadores para professores e coordenadores pedagógicos que atuam na rede estadual de São Paulo. “Vai fortalecer o processo do ensino híbrido, por conta da pandemia e da suspensão das aulas presenciais, aprimorando a qualidade do ensino aos nossos estudantes”, destacou.
A criação de um ambiente escolar envolvendo alunos, família e equipe escolar foi levantada por Amaral Cunha. “Sempre faltou um ponto nessa construção: nem todas as famílias estavam presentes na escola. Mas com a pandemia a escola entrou nas casas das pessoas. Os pais tiveram que entender o que estava acontecendo no processo de aprendizagem de seus filhos. Um exemplo foi a ampla participação dos pais nas reuniões da escola, o que antes não acontecia”.
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