É preciso definir o propósito da educação, que é educar e garantir a aprendizagem do aluno. (Amanda Perobelli/Reuters)
Bússola
Publicado em 7 de dezembro de 2021 às 09h00.
“Ninguém vai ensinar a pensar se o professor é um mero fornecedor de aulas expositivas”, a reflexão é de Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial, durante sua participação no último encontro da Trilha A+ de Conhecimento, série de lives sobre Educação e Tecnologia idealizada pela Plataforma A+.
Na última live, Claudia debateu a aprendizagem baseada em dados, ao lado do CEO da Plataforma A+, Alexandre Sayão. Para a especialista, o novo papel do professor é atuar como um assegurador de aprendizagem, ou seja, reunir informações sobre o impacto da sua ação. “Ele tem que avaliar se o seu processo de ensino está gerando os resultados desejados e vai precisar identificar em que estágio da jornada de aprendizagem está o aluno”, declara Claudia.
Mais do que isso, a educadora entende que é preciso analisar criteriosamente como nivelar as diferenças de aprendizagem das turmas, sem puxar aqueles que estão indo mais rápido para trás ou ainda, como fazer para que todos avancem?
Alexandre Sayão reforça que o desafio no processo de ensino e aprendizagem é gigante, em especial, neste período pós pandemia, é preciso definir o propósito da educação, que é educar e garantir a aprendizagem do aluno. Depois disso, é importante entender onde e como chegar. “Os dados indicam se você está na rota certa e ajudam a fazer um planejamento mais assertivo e a priorizar a prática pedagógica a partir de evidências concretas e não de achismos, e em um processo contínuo”, afirma Sayão.
A boa notícia, segundo os especialistas, é que, assim como no varejo, na indústria e no setor financeiro, o uso de dados na educação tem avançado a passos largos, embora ainda exista um longo caminho pela frente. A tecnologia tem sido grande aliada no processo de captar os dados, otimizar, analisar que é muito trabalhoso sem ela. Em colégios grandes, com 30, 40 alunos, é possível identificar a lacuna de aprendizagem de cada um e intervir na prática pedagógica.
Claudia Costin fala que evidentemente o trabalho colaborativo entre professores e escola ajuda muito. Mas, mesmo uma escola que não tem tecnologia de ponta consegue, como já mostravam os professores mais antigos, identificar em que estágio está cada aluno, só que é muito mais trabalhoso.
Para a educadora, todos os professores, de escolas ricas e pobres, podem e devem aprender a trabalhar com dados. “Professores de escolas públicas reais, de estados e municípios pobres, como Sobral e Mucambo, no Ceará, se destacaram no IDEB de seus municípios e estados porque aprenderam a trabalhar com dados. Todo professor aprende a trabalhar com dados. É uma questão de formá-lo para isso, de criar um clima favorável para o trabalho colaborativo com base em dados. A partir daí, podemos construir um novo papel para o professor que, certamente, será muito mais valorizado”, diz.